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A ARTE DE CONVIVER

Viver é fácil. Difícil é conviver. Um velho amigo sempre me dizia isso, logo que casei. Mas não se referia especificamente ao casamento, mas sim à convivência diária entre as pessoas. Familiares, amigos, colegas de trabalho, vizinhos, membros da igreja, do clube, e assim por diante. Em todo lugar e a todo momento, estamos convivendo com outras pessoas. Estar com os outros é muito bom, construtivo e significante. Conviver é diferente porque passamos a ter contato com os dois lados da pessoa: aquele muito bom, que é encantador, afetivo e cuidadoso, e aquele outro lado, que está baseado na vaidade, no egocentrismo e nas necessidades individuais. Invariavelmente, quando não se convive com a pessoa, temos contato somente com o seu lado bom. Mas quando passamos a passar mais tempo com os outros, devemos nos preparar para conhecer o lado obscuro de suas personalidades. Nós não conseguimos ser bons o tempo todo. Cansaço, estresse, problemas de saúde física e mental, baixa autoestima, dentre outros vários fatores, afetam nosso estado de ânimo e nosso humor. E quem sente e sofre essas variações são aqueles que estão mais próximos e que estão conosco por mais tempo. E assim os relacionamentos vão se desgastando e corroendo, até que algum dia, por pura e simples fadiga pelo excesso de convivência, eles desmoronam.

E A PANDEMIA?

A pandemia está sendo um grande e complexo experimento antropológico. De uma hora para outra, todos tivemos que deixar nossos afazeres, nossa rotina, nossa correria, nossa diversidade de contatos, nossa falta de tempo e nosso pouco tempo em casa e substituir tudo isso por 24h diárias de convivência, obrigatoriamente confinados em um espaço, executando nossas tarefas à distância e realizando nossos relacionamentos de forma presencial. A pandemia tornou superlativos os benefícios e os malefícios da convivência em tempo integral. Não há para onde fugir e só resta encarar as dificuldades e resolvê-las. E aproveitar a parte boa das relações e apreciá-las. Muitos casamentos estão passando por mudanças significativas neste período, onde o conhecimento um do outro passou a ser mais profundo. E muitas pessoas passaram a se conhecer melhor, enxergando seus dotes e seus defeitos. É um momento ideal para uma egotrip, uma viagem para o autoconhecimento, para tornar-se uma pessoa melhor.

O SALDO DE TUDO

A quarentena pode ser considerada como uma oportunidade de evolução, onde cada indivíduo possa se conhecer melhor, se aceitar e se consertar para poder entregar ao próximo um ser humano melhor, um parceiro melhor. É difícil apontar as próprias falhas e deficiências, mas é a única forma possível de promovermos qualquer mudança na qualidade de nossas relações. Dentro de nossa vaidade, sempre procuramos um culpado pelas coisas que não evoluem, que não dão certo. Apontamos as mudanças necessárias no perfil e no comportamento do outro, apontamos caminhos para os outros e, com isso, mostramos o quanto somos bons, mais evoluídos e melhores que os outros. Não é por aí. As mudanças permanentes em uma pessoa são aquelas que ocorrem de dentro para fora, porque elas têm motivação e significado próprios, E essas mudanças são permanentes e afetarão de forma positiva o ambiente externo. A postura que adotamos em nossas relações e ambientes de convivência afetam a qualidade do ambiente, o vínculo entre as pessoas e concorrem para um mundo melhor. E no fim de tudo, o que fica é o bem que proporcionamos para a vida em coletividade.

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