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O Código Florestal possível

Sandro Ferreira

Não é de hoje que grande parte da imprensa nacional apresenta aos seus leitores, ouvintes e telespectadores, a ideia de que os produtores rurais brasileiros são vilões e os ambientalistas, os heróis ou até mesmo verdadeiros santos com auréolas nas cabeças. A sociedade, em geral, compra isso sem maiores questionamentos dessa inverdade. É inegável que existe um fato que alimenta a antipatia popular contra os ruralistas, que é certa ignorância de uma minoria da classe, em ter grande apreço pela ostentação desnecessária e até pela arrogância no trato com os seus semelhantes, porém, que fique bem claro que estas atitudes não são a regra entre os pequenos, médios e grandes produtores rurais do Brasil, que na sua grande maioria, ainda carrega a essência daquilo que de maior valor existe nesse meio, que é a simplicidade do caipira.

Também não é certo generalizar a opinião a respeito dos ambientalistas, afinal eu me considero um também, entretanto, é preciso derrubar o mito de que aqueles que carregam a bandeira do meio ambiente estão sempre com a razão, pois muitos nunca sequer plantaram uma árvore na vida. A defesa do meio ambiente é uma questão fundamental e será o objetivo da humanidade nas próximas décadas, até por uma questão de sobrevivência, mas não podemos perder de vista o fato irrevogável de que o pior inimigo do meio ambiente é a miséria humana. É daqui que derivam as piores agressões à natureza, portanto, negligenciar isso, seria tapar o sol com a peneira.

Na semana passada, o país acompanhou a votação do novo Código Florestal no Congresso Nacional, que teve grande repercussão na mídia, com destaque para mais uma derrota do governo Dilma, que insiste em defender uma utopia, sem se dar conta da realidade de um país continental, onde 95% das pequenas e médias cidades são dependentes do setor agrícola e, tentando imputar a esses produtores uma culpa indevida, tratando-os como criminosos e não como trabalhadores.

Ignora-se que o arroz, o feijão, a carne e tudo o que mais precisamos para nossa mais básica necessidade vêm de algum lugar e que para se produzir alimentos, não é possível fazê-lo no meio de florestas. Não se examinam criteriosamente os impactos inflacionários se forem inviabilizadas milhões de pequenas e médias propriedades Brasil afora. Não mensuram a instabilidade social que um novo êxodo rural causaria nas médias e grandes cidades ocasionado pela falência dos pequenos municípios. Não se é dado crédito ao setor que serviu como âncora verde do Plano Real e que também foi decisivo para dar sucessivos superávits na balança comercial do país, e consequentemente, possibilitarem o recorde de reservas hoje da ordem de mais de 350 bilhões de dólares. Nada disso é lembrado pelo governo de plantão e nem pelos pseudoambientalistas que talvez imaginem que a humanidade possa viver apenas de oxigênio.

Caso o Código Florestal fosse aprovado como queria o governo, teríamos que começar destruindo as marginais do Rio Tietê em São Paulo, para recomposição de sua mata ciliar e da mesma forma com diversas outras cidades do país que possuem rios nos seus perímetros urbanos. Obviamente que isso se configura num delírio. Também existem interesses obscuros de estrangeiros, com destaque para os EUA, para que o Brasil não se fortaleça ainda mais no setor agrícola, portanto, precisamos defender os nossos negócios, ao invés de ficar dando tanto crédito para ONG’s internacionais de países que já devastaram quase 100% de suas matas originais. Não podemos ser horto florestal de gringos que se dizem mui preocupados com a Amazônia, mas que não hesitam em andar em veículos extremamente poluidores e consumirem com exagero produtos supérfluos, casacos de peles de animais, joias com diamantes de sangue da África, carne de baleia, enfim, usarem de muita hipocrisia no pior estilo façam o que eu digo, não façam o que eu faço.

O Brasil pode e deve se preocupar em preservar a sua natureza, os seus rios, suas florestas e seus animais selvagens, porém devem-se haver incentivos governamentais para isso, não somente penalizações.

 

 

 

O autor é cidadão brasileiro

 

 

 

 

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