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Greves legítimas ou eleitoreiras?

Sandro Ferreira

Antes de qualquer consideração, é preciso salientar que a greve, independente da categoria, é mais do que um direito, ela representa uma conquista dos trabalhadores, tanto em nível nacional, como internacional. As greves são em alguns casos, o último recurso diante de alguma opressão, seja por parte do setor privado ou do poder público, garantida pela Constituição e legítimas como instrumento de defesa dos trabalhadores, portanto, não são nenhuma afronta ao sistema legal. Porém, não é de hoje que este ato de protesto se banalizou e até mesmo se transformou em ferramenta eleitoral, e ressalve-se, que isto não é exclusividade brasileira. Em boa parte da Europa, os movimentos grevistas também são utilizados politicamente pelos sindicatos de trabalhadores, entretanto, com mais critérios; assim como muitos, tanto aqui como lá, estão a serviço de partidos de esquerda, pseudodefensores das causas trabalhistas.

Nesta semana, no estado do Paraná e na cidade de Ponta Grossa, deflagrou-se mais uma greve parcial de trabalhadores da Saúde e da Educação, reivindicando melhores condições de trabalho, reajustes salariais e que o plano de carreira dos servidores seja realmente cumprido, o que é perfeitamente razoável, considerando-se a remuneração muito aquém do merecido e as escalas de trabalho abusivas; principalmente para as categorias dos professores, da enfermagem e afins. A jornada de 30 horas semanais para a enfermagem foi inclusive promessa da presidente eleita em 2010, Dilma Rousseff (PT), que até hoje não foi cumprida, devido ao lobby dos hospitais privados brasileiros dentro do Congresso Nacional e do próprio Palácio do Planalto, contrários ao aumento dos custos trabalhistas, que no frigir dos ovos, nem seriam tão altos assim, pois os salários desta classe estão realmente defasados se comparados com o tamanho das responsabilidades depositadas neles.

Entretanto, é necessário alertar que os inegáveis direitos destes trabalhadores têm sido utilizados de maneira escancarada para fazer política partidária, especialmente em anos de eleições e, de forma mais radical em estados ou cidades onde os governantes são de partidos classificados como conservadores. Não é novidade para ninguém, que os sindicatos de trabalhadores brasileiros são redutos políticos do PT e de outros partidos de esquerda. A CUT é um braço ativo do petismo. O maior líder do partido, Luis Inácio Lula da Silva é oriundo do sindicalismo e, hoje, vivemos praticamente em uma República Sindical, onde ex-sindicalistas ocupam relevantes cargos no organograma federal.

Considerando todas estas informações que não são do conhecimento geral da população, é necessário tornar público, que apesar de reconhecer como mais do que legítimas as demandas dos grevistas, também se percebe a instrumentalização política do direito à greve. Esta que deve ser o último recurso da classe trabalhadora em uma negociação franca, e não o primeiro, onde e quando os maiores prejudicados pelas paralisações são os cidadãos mais carentes.

O autor é cidadão ponta-grossensse

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