em

Breve genealogia militar no Brasil – Parte III

Matheus Mendanha Cruz

Durante todo o século XX a efervescência no corpo militar foi visível através de grandes movimentos como o tenentista e revoltas como a do forte de Copacabana. Com a subida ao poder de Getúlio Vargas ainda permaneceu dentro da corporação a ânsia política e o questionar ao governo continuou sendo algo frequente, sendo perceptível a atividade política dentro do exército até o fim do governo varguista.

O Era Vargas apresenta ao Brasil a ditadura e o poder concentrado na mão de um só homem, também traz para o Estado responsabilidades e gestões que estavam totalmente dispersas, prova disto foi a criação do ministério de Educação e Saúde e as mudanças ocorridas dentro dos corpos sindicais com os pelegos no comando, gerando com essas modificações uma alta hierarquização estatal e centralização das decisões, modelos estes que foram também postos em prática, dada algumas diferenciações, pelos militares a partir de 1964.

Dentro do período varguista se vê nomes militares importantes e influentes que vão ser essenciais para o golpe em 64 e para a instalação do novo governo, são oficiais que lutaram em posição de prestígio na Força Expedicionária Brasileira (FEB) durante a Segunda Guerra Mundial e receberam altas condecorações e honrarias pelo seu desenvolvimento no conflito, mesmo a entrada na luta contra as potências do eixo sendo em desacordo com os homens de altos cargos militares no governo getulista, como Dutra e Góis Monteiro, até porque a relação Brasil-Alemanha era bastante intensa econômica e militarmente, uma vez que até armamento era importado da nação nazista.

Mesmo boa parte dos militares tendo lutado ao lado de Getúlio pela maior nacionalização e industrialização do país e o apoiarem no poder, a entrada na guerra e o estilo de governo populista aplicado por Vargas acabaram por afastar os mesmos do político gaúcho, principalmente após sua saída e, por ocasião da sua volta por vias democráticas, a não continuidade do programa pelo Presidente Dutra, um militar.

Através deste governo populista, aparece no segundo governo de Vargas João Goulart, que se torna ministro do trabalho, e a partir daí a antipatia militar ganha força de vez, já que os homens de fardas viam no discurso desses homens a porta de entrada para a subversão, o comunismo e a sublevação dos graduados militares, causando assim enfraquecimento em um dos pilares da corporação, a hierarquia.

Haviam planos já de tomada de poder pelos militares em 1954, entretanto com o suicídio de Getúlio o cenário nacional muda, uma vez que o populismo de Vargas era bastante forte, fazendo com que se o golpe fosse aplicado naquele momento não haveria apoio da população e, consequentemente, não teria suporte para o governo.

O autor é acadêmico do curso de História Unc – Mafra e publica ao longo desta semana uma série de artigos referentes ao Golpe Militar de 1964.

Participe do grupo e receba as principais notícias da sua região na palma da sua mão.

Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.