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Brasil – Crise de confiança ou choque de realidade?


Pela quarta semana seguida, os economistas revisaram para baixo a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto brasileiro. O PIB, que é composto pela soma de todos os bens e serviços finais produzidos no país, agora tem previsão de alta de 1,16% para o ano de 2014, segundo o boletim Focus.

Com o país inserido em um cenário de aumento da inflação, baixo crescimento econômico e inflação represada através de controle cambial (venda de dólares pelo Banco Central em mercado futuro para conter a alta da moeda) e congelamento de preços, o Brasil, perigosamente, adentra um cenário já conhecido e temível de décadas atrás. A estagflação, (estagnação econômica somada à pressão inflacionária) põe em risco os avanços econômicos alcançados nas últimas duas décadas através da perda de valor da moeda somada ao não-crescimento econômico nacional.

O Brasil, que já teve seu rating (classificação de risco, como uma análise de crédito) rebaixado pela agência Standard & Poors em março deste ano, insiste em adotar políticas de consumo expansionistas em detrimento do aumento de eficiência e produtividade do brasileiro. Nossos governantes, infelizmente, preferem a falsa sensação de estar na direção certa através dos gastos governamentais e aumentos de impostos ano após ano…

Quais as consequências dessas medidas em um país que não cresce?

Para entender o efeito de tais medidas, nada melhor que um exemplo. Digamos que sobrem carros nas montadoras. Para que não haja desemprego e redução das escalas produtivas, os governantes estimulam o crédito. Então mais pessoas podem adquirir os carros que estão sobrando. E assim tudo fica bem, certo?

Errado! Analisando de modo simplista, temos o cenário abaixo.

Aumentando-se a disponibilidade de crédito, força-se um aumento na demanda de determinados bens, o que causa pressão inflacionária. Os preços sobem, a moeda perde valor, você passa a possuir menos dinheiro sem perceber. Ou ainda não percebeu que os preços dos imóveis subiram absurdamente depois do programa Minha Casa, Minha Vida?

Com o aumento do endividamento da população, a inadimplência cresce. Então os bancos restringem o crédito, pois precisam de maiores reservas monetárias para cobrir os novos calotes.

Dados recentes divulgados pelo Banco Central apontam que em operações envolvendo pessoas físicas com recursos livres, o atraso de 15 a 90 dias subiu de 6,2% em fevereiro para 6,9% em abril. No setor empresarial, o indicador de fevereiro apontava 2,4% e em abril, o mesmo era de 2,8%.

O ponto chave em tudo isso é: com o crédito restrito, a iniciativa privada passa a investir menos.

E agora? É simples: Você perde o emprego! Calma, também não é para tanto… Mas quase!

Com a redução dos investimentos, no longo prazo, há a redução da atividade econômica e consequentemente, redução da demanda de pessoas. Sim, pessoas também entram na máxima mercadológica da oferta e demanda. Dessa forma, temos duas opções: redução salarial ou desemprego. Ambas péssimas…

Em maio de 2014, foram criadas 58.836 vagas de trabalho no país, o pior desempenho para meses de maio desde 1992. A indústria de transformação demitiu 28.533 trabalhadores. Em um ano eleitoral, resta a pergunta: E agora, quem poderá nos salvar dessa tragédia anunciada?

 

João Guilherme Penteado é administrador de empresas, agente de Investimentos Ancord/CVM e sócio proprietário da Apollo Investimentos.

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