em

Pedidos de seguro-desemprego disparam em Ponta Grossa

Primeiro bimestre de 2022 registrou a maior quantidade dos últimos seis anos e pior resultado entre as maiores cidades do Paraná

Janete Ferreira tem 41 anos e foi procurar emprego na ação da Agência do Trabalhador no Terminal Central (Foto: José Aldinan/DC)

No primeiro bimestre de 2022 Ponta Grossa registrou 2.578 pedidos de seguro-desemprego, 54% a mais do que no ano passado e o maior número desde 2016, quando foram feitas 2.638 solicitações no mesmo período. 

O levantamento foi feito pela reportagem do jornal Diário dos Campos e portal dcmais com base em dados oficiais do Ministério da Economia.

Somente em janeiro foram 1.471 requerimentos. Desde o início da pandemia (março/2020) apenas outros dois meses tiveram mais de 1.400 pedidos: dezembro/2021 (1.569) e maio/2020 (1.539).

Uma das explicações pode estar no saldo de empregos da cidade: em dezembro foram realizadas 1.613 demissões a mais do que contratações, e muitos destes trabalhadores podem ter deixado para solicitar o benefício apenas no mês seguinte. Em janeiro o saldo ficou positivo, mas longe de uma recuperação: foram 109 contratações a mais do que demissões, enquanto que os dados de fevereiro ainda não foram divulgados.

Total de pedidos no 1º bi de 2022 representa 20,3% do total feito no ano passado inteiro

Outras cidades

No comparativo com as outras grandes cidades do Paraná o resultado de Ponta Grossa também é negativo. 

Proporcionalmente, relacionando o total de pedidos de seguro-desemprego com o total de trabalhadores que atuavam com carteira assinada no início do ano, em Ponta Grossa os números apontam que 2,77% pediram o seguro-desemprego. Em Curitiba foram 2,35%, em Maringá 2,47%, em Cascavel 2,51% e em Curitiba, 2,53%.

Comparando o primeiro bimestre de 2022 com o de 2021 em cada município a diferença é ainda maior. Em Ponta Grossa a alta é de 54,3%, enquanto que em Londrina é de 14,5%, em Curitiba de 12,6% e em Cascavel de 5,5%. Em Maringá a quantidade de solicitações caiu 1,8% de um ano para o outro.

Curiosamente, no ano passado a situação foi inversa, já que no acumulado do ano Ponta Grossa teve a menor quantidade proporcional de pedidos de seguro-desemprego entre as maiores cidades do interior do Paraná. Foram 14,74% dos trabalhadores, versus 15,9% em Maringá, 15,81% em Cascavel e 15,22% em Londrina. Na capital Curitiba a porcentagem foi de 13,77%.

Demissões x seguro-desemprego em Ponta Grossa

O Ministério da Economia afirma que não possui registro administrativo sobre o total de desempregados por município, mas assume que apesar de o total de pedidos do seguro em uma cidade não ser igual ao total de demitidos nela, já que um trabalhador pode ter saído de uma vaga e logo em seguida ter sido contratado para outra – e, nesse caso, não tem direito ao benefício, concedido apenas a quem está desempregado – “há historicamente uma relação entre o número de pedidos e o de desempregados”.

Portanto, os dados podem ser um indicador isolado da empregabilidade, já que geralmente só pedem o seguro aqueles que se enquadram nos pré-requisitos e que não têm perspectiva de conseguir um emprego tão cedo. Tem direito a solicitar seguro-desemprego o trabalhador que tiver sido dispensado sem justa causa, não possua outro emprego e tenha sido assalariado por um determinado tempo antes da demissão (dependendo de quantas vezes já tenha pedido o benefício), entre outras regras.

Mais desempregados

Porém, considerando a “pejotização” e a informalidade, o número de desempregados pode ser ainda maior. Um exemplo é o caso de Janete Ferreira, que trabalhou como cabeleireira por 10 anos sem carteira assinada. Em dezembro de 2020 ela estava caminhando na rua e caiu em um bueiro aberto na saída do serviço, o que lhe rendeu uma fratura exposta na perna e diversas cirurgias.

Desde então ela ficou parada por alguns meses, utilizando cadeira de rodas e posteriormente muletas, e sustentou a família fazendo “bicos” como faxineira, mesmo não estando 100% recuperada. 

“Eu já não podia pedir seguro-desemprego por não ser contratada e como não contribuía com o INSS por achar que nunca aconteceria nada não tive direito a auxílio-doença. Cheguei a tentar entrar com uma ação contra a Prefeitura contra o acidente, mas até hoje não saiu nenhum resultado”, conta ela, que é mãe solteira de dois meninos, um de 3 e outro de 6 anos.

Uma nova esperança surgiu ontem (24), quando ela conseguiu uma entrevista de emprego para o cargo de servente durante o programa Agência do Trabalhador Móvel, que levou diversos serviços – incluindo a intermediação de mão de obra – ao Terminal Central de Ponta Grossa.

Janete Ferreira tem 41 anos e foi procurar emprego na ação da Agência do Trabalhador no Terminal Central (Foto: José Aldinan/DC)

Participe do grupo e receba as principais notícias da sua região na palma da sua mão.

Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.