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Opinião – O carrasco contemporâneo

Madrugada da véspera de Natal, em torno de 1:30 da manhã. Estava, na época ainda na fiscalização, em uma operação de blitz num bairro da zona central de Porto Alegre. Abordo um carro popular, não lembro ao certo o modelo, mas lembro que era de um vermelho vívido, como a memória dessa abordagem que, mesmo já tendo passado alguns anos, ainda me provoca um certo nó no estômago.

No veículo, uma mãe com seus dois filhos. Ao solicitar à condutora os documentos do veículo e a habilitação (naquela época ainda de porte obrigatório) ela me entrega sua CNH e informa já ter pago o licenciamento. No entanto, ainda não havia recebido o documento do veículo, mostrando inclusive os comprovantes do pagamento. Tive de informá-la sobre as sanções cabíveis àquela época: multa e apreensão do veículo. Assim como que a assistir a uma cena de um filme do qual já conhecemos o final, os próximos minutos se seguiram repletos de justificativas. Além disso, choro e agressões verbais, as quais o caro amigo leitor já pode imaginar…

Pode ser bastante frustrante, em alguns momentos como esse, exercer uma função que não lhe dê o benefício da discricionariedade.

Ou seja, na qual você não tenha autonomia para escolher o que e em que momentos fazer algo, incorrendo, inclusive, no crime de prevaricação caso não cumpra com alguma obrigação. Principalmente quando a maior parte da sociedade desconhece essas obrigações, o que acaba lhe rendendo quase sempre a imagem de carrasco.

É exatamente essa analogia do carrasco que o professor Rômulo Tadeu traz. Explicando de forma genial porque os agentes de trânsito são uma das profissões mais odiadas pela sociedade no vídeo a seguir. Ele foi postado no seu canal do YouTube, o Trânsito Livre. Confira:

Em terras onde reina a TERCEIRIZAÇÃO DA CULPA E O RELATIVISMO MORAL NO TRÂNSITO, onde a velocidade do condutor autuado não é questionada, mas sim a visibilidade do agente autuador, onde os eleitores brigam com uma paixão futebolística por políticos e não por projetos, fica o questionamento. Até quando seguiremos beijando os anéis das mãos erradas? Mãos que deveriam nos dar proteção e vidas dignas, que nos possibilitassem manter nossos bens e não tirá-los cada vez mais.

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