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Violência contra a mulher cresce na pandemia. Saiba quais os bairros mais violentos de PG

Bruna Woinorvski - Assistente Social Judiciaria do Juizado de Violência contra a Mulher em Ponta Grossa.

Por Luiza Sampaio

O número de ocorrências de violência contra a mulher aumentou durante a pandemia da covid-19 em Ponta Grossa, mas as solicitações de medidas protetivas não acompanhou o mesmo crescimento. Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública do Paraná houve um aumento de 8,3% dos casos de violência contra à mulher no município de 2019 para 2020 e, em contrapartida, segundo o Juizado de Violência Doméstica e Familiar, o número de medidas protetivas apenas 3,3%.

Em 2020, foram registradas 8.328 ocorrências der violência contra a mulher em Ponta Grossa, ante 7.684 no ano anterior. Foram 664 casos a mais.

De acordo com a psicóloga do Núcleo Maria da Penha (Numape), Kellen de Oliveira, o fator que mais contribuiu para o aumento dos casos de violência familiar foi o isolamento social. “Identificamos que o maior tempo dentro de casa foi um fator que contribuiu para o aumento dos casos de violência doméstica, pois as mulheres passaram a ficar muito mais tempo com seus agressores nesse período da pandemia”, afirma.

Outro dado do Numape demonstra que houve uma queda no cadastro das mulheres vítimas de violência. “Em 2019 realizamos o cadastro de 208 mulheres, o que resultou em cerca de 1,5 mil atendimentos. Em 2020, foram realizados o cadastro de apenas 163 mulheres, totalizando cerca de 1 mil atendimentos nesse período de pandemia”, afirma a coordenadora do Numape, Maria Cristina Rauch Baranoski.

Por outro lado, a Assistente Social Judiciária do Juizado de Violência Doméstica e Familiar, Bruna Woinorvski, disse que as solicitações de medidas protetivas na cidade aumentaram em comparação com 2019. “Fechamos o ano de 2020 com 58 solicitações a mais que em 2019”, destaca Woinorvski.

Uvaranas é mais violento

Em Ponta Grossa, o Bairro de Uvaranas é o palco da maior fatia das ocorrências de violência doméstica e responde por 15% nas solicitações de medidas protetivas à mulher. Em seguida vem a região do Contorno, com 13% das solicitações. O ranking segue com Bairro Neves (9,8%) e o Bairro Boa Vista (9,5%). Os números são do Juizado de Violência Doméstica e Familiar.

De acordo com a Assistente Social Judiciária, Bruna Woinorvski, em 2020, durante a pandemia, a maior parte dos agressores constantes nos boletins de ocorrência foi os próprios companheiros das vítimas. “Realizamos um levantamento e grande parte dos casos, os companheiros, conviventes das vítimas são os que praticam os atos de violência”.

Quantas solicitações de socorro para casos de violência contra à mulher em Ponta Grossa foram atendidos em 2019 e 2020?

Em 2020, o Juizado fechou com 1.490 solicitações de medidas protetivas de urgência. Na maioria dos casos, a mulher foi até a delegacia para fazer a solicitação. Em outros casos, a polícia ou a Guarda Municipal foi acionada para realizar a ocorrência. Em 2019 o Juízado fechou o ano com 1.442 solicitações e percebemos que houve um acréscimo de 2019 a 2020.

Qual é a faixa etária das mulheres que sofreram violência doméstica em Ponta Grossa?

Em Ponta Grossa, a predominância da faixa etária de 26 a 35 anos de idade. Esse é um perfil que temos observado desde 2014 quando iniciamos a tabulação desses dados. Percebemos que as vítimas são mulheres muito jovens, economicamente ativas que muito cedo acabam expostas a situações de violência.

Como é o perfil das mulheres que realizaram o pedido de medidas protetivas no município?

Nesse período da pandemia, observamos que 46% das mulheres que pediram medidas protetivas em Ponta Grossa eram casadas ou conviventes com seus parceiros. Já no período anterior à pandemia da covid-19, predominava o perfil de mulheres que se denominavam solteiras.

Quais são os tipos de violência contra à mulher mais relatados nos boletins de ocorrência?

Antes da pandemia, nós tínhamos múltiplas violências relatadas nos boletins de ocorrência. Já no período da pandemia, há a predominância da violência psicológica e percebemos que isso é resultado do confinamento entre as vítimas e seus companheiros.

Entidades acolhedoras

O Núcleo Maria da Penha (Numape) trabalha com o acolhimento, orientação e acompanhamento de mulheres em situação de violência em Ponta Grossa e auxilia as mulheres nas solicitações de medidas protetivas de urgência. “Atendemos tanto casos de demanda espontânea, quando uma mulher conhece nosso serviço e busca ajuda, como também encaminhamentos de outros órgãos e instituições”, explica a coordenadora Maria Cristina Rauch Baranoski.

Em 2019, a instituição realizou o cadastro de 208 mulheres, que receberam orientações, acompanhamento e encaminhamento. “Realizamos cerca de 1,5 mil atendimentos em 2019 e em 2020 foram realizados cadastros de 163 mulheres, totalizando cerca de mil atendimentos na cidade”, aponta Maria Cristina.

Além do Numape, há em Ponta Grossa outras entidades com atendimentos voltados às mulheres que são vitimas de violência, como a Delegacia da Mulher,que realiza o atendimento inicial à mulher em situação de violência lavrando o boletim de ocorrência e providenciando medidas protetivas de urgência. Também fornece suporte policial à domicílio.

Já a Patrulha Maria da Penha é um serviço integrado entre a polícia e a Guarda Municipal de Ponta Grossa, que atua no monitoramento do cumprimento de medidas protetivas. Também desenvolve um trabalho preventivo, para inibir a violência doméstica e familiar.

A Casa Corina Portugal, por sua vez, oferece acolhimento institucional temporário à mulher e filhos vítimas de violência familiar. A instituição atua com a identificação de demandas socioassistencias para realizar os encaminhamentos das solicitações para outras instituições da rede.

Este conteúdo foi produzido por Luíza Sampaio, estudante do 4º ano de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa e estagiária regulamentada do Diário dos Campos, sob a supervisão do editor Walter Téle Menechino.

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