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Vila Velha vai ter passeios noturnos: fui, gostei e rolei na grama

Pôr do sol deste sábado (10) no Parque Estadual de Vila Velha / Foto WTM

Ao receber o convite para o lançamento dos passeios noturnos no Parque Estadual de Vila Velha, que ocorreu na noite deste sábado (10), pensei duas vezes. O horário coincidia com Brasil e Argentina, na final da Copa América.

Mas uma colega de Redação foi assertiva: vai e vê o jogo depois pelo Youtube. O resultado foi uma decepção por 1 a 0 e alguns momentos únicos sob um céu absolutamente estrelado, com interessantes aulas de astronomia e geologia.

Decisão tomada, me preparei.

O convite sugeria roupa de frio e calçado adequado. Enquanto pingava algumas gotas de Super Bonder nas borrachas soltas no bico da surrada Timberland lembrei de um primo contando, há mais de meio século, que tinha ido à Vila Velha em uma excursão da escola.

Criança ingênua, pura e besta, que passava férias de janeiro em Palmeira d’Oeste (SP), na casa dele, minha pergunta foi:

– Lá tem praia?

Ele respondeu “não, fica nos Campos Gerais, em Ponta Grossa”. E falou de um tal arenito caiuá, que formava morros parecidos com esculturas do Egito. Um era igual camelo, outro parecia um índio e tinha um gato e uma taça.

Não entendi bulhufas e fui pro Clube de Campo jogar bola.

Fundo de mar

Neste sábado acho que entendi o que deslumbrou meu primo há mais de 50 anos. Tempo esse nada comparável aos segredos dos grãos de areia de 300 milhões de anos que se formaram no fundo de uma enorme lagoa salgada.

Isso. Embora o Parque Estadual de Vila Velha fique a cerca de mil metros de altitude, a área já esteve submersa.

Uma das guias do passeio explicou que há 150 milhões de anos, quando a América abruptamente se divorciou da África, uma compressão vulcânica elevou os Campos Gerais.

Então, não foi o vento – e como venta por aqui – que deu forma às figuras de arenito que, a partir de agora, duas vezes por mês, poderão ser vistas nas noites de lua cheia e nova. Por R$ 88,00 por par de olhos. As incursões noturnas terão que ser previamente agendadas.

Normalmente, o parque fecha às 17h30.

Via Láctea

O que mais impressionou foi a quantidade de pontos brilhantes visíveis no céu. O biólogo Matheus Frare, especializado em astronomia, com uma potente lanterna laser mostrou estrelas solitárias, constelações, satélites, luas outras, planetas e a Via Láctea – por onde viajou Raul.

Ficou fácil de ver Escorpião, o anzol que tirou a Nova Zelândia do fundo do mar, e o famoso Cruzeiro do Sul, uma das menores constelações vistas da Terra, que na bandeira nacional está errada.

– A quinta estrela, a Intrometida, fica à direita, e não à esquerda, como sinalizada na bola azul logo abaixo de Ordem e Progresso.

Enquanto Matheus fazia a observação e dizia em grego e latim os nomes das estrelas – a Intrometida é a Epsilon Crucis – tentei me aproximar para fazer uma pergunta. Estava no fim da fila de um grupo de pessoas. E queria saber:

– Considerando que a velocidade da luz é cerca de 300 mil quilômetros por segundo e que as estrelas há anos luz de distância morrem, é possível estimar até que ponto o que se vê no momento é real?

Fiquei sem resposta. Forcei a ultrapassagem por fora da trilha e rolei barranco abaixo. A grama é macia, mas o vexame dói na alma.

No final do passeio, quem quis pode espiar o céu por telescópio.

Foto sem flash

A trilha calçada e sem degraus tem uns 3 quilômetros até a cereja do bolo: a taça de arenito, símbolo do parque. Lá há um mirante, onde o fotógrafo Sérgio Mendonça Junior registrou os convidados, em pequenos grupos.

O cara se especializou em fotos noturnas, não usa flash e as andorinhas agradecem. Com celular, foi possível um arremedo de foto.

A famosa taça da Vila Velha: sem flash para não assustar as andorinhas / WTM

Para o passeio noturno que deve gerar mídia espontânea como essa foram convidados veículos de comunicação e influenciadores digitais de Curitiba e Ponta Grossa. Transportados por ônibus – carroceria Marcopolo e motor Mercedes Benz – do Expresso Princesa dos Campos.

Todos receberam três sacolinhas com brindes, como canetas, blocos de anotação, agenda, garrafinhas para água, caneca de porcelana e produtos da Above.

Agora tenho um pensamento só: preciso voltar lá em um dia de sol.

As fotos do Sérgio Mendonça Junior serão publicadas tão logo sejam enviadas. Veja fotos aqui.

Atualização, feita às 11h35 deste domingo (11). Aí vão duas fotos do Mendonça.

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