Você sabe o que é uma startup? Ponta Grossa tem diversas empresas deste modelo se destacando nacionalmente e projetando grandes crescimentos para este ano. Para falar sobre esse assunto o portal dcmais entrevistou, nesta quarta-feira (3), dois dos líderes da comunidade regional de startups, a Campos Valley. Eles debateram o mercado de negócios do segmento e citaram exemplos práticos de quem vem se destacando neste cenário.
“A principal característica de uma startup é ter um modelo de negócio que seja escalável, que possa ser replicado em diversas ocasiões. Ela pode trazer disrrupção em um modelo completamente novo ou em algo que já é oferecido. Está ligada à inovação: traz um produto novo ou um já existente de uma nova maneira pensando como escalar isso e atingir o maior número de pessoas”, explicou John Neves, que acredita que Ponta Grossa é uma das cidades brasileiras com o maior potencial para startups e novos negócios devido ao seu ambiente e fatores como localização geográfica e universidades diversificadas.
Questionados sobre como desenvolver ainda mais esse setor, os entrevistados citaram a necessidade de inserir o empreendedorismo na educação desde cedo. “O empreendedorismo é cultural, mas ainda mais educacional. Conseguir criar um plano de negócio vai muito do que você acredita e foi ensinado. Quando éramos crianças nos ensinaram a não entrar no carro de estranhos e nem aceitar doces de estranhos; hoje você entra no Uber, pega uma balinha e acha normal”, exemplificou Hudson Rosa
“As startups estão entrando cada vez mais na vida das pessoas e ficando indispensáveis no cotidiano”, complementou ele, citando que atribui o sucesso das startups ao seu caráter de solucionar problemas e lucrar com isso.
Campos Valley
A Campos Valley é a comunidade de startups dos Campos Gerais, e estima que em Ponta Grossa existam aproximadamente 50 iniciativas deste estilo. A intenção do grupo, liderado por 6 profissionais, é realizar encontros mensais neste ano – ainda que virtuais, devido à pandemia – para integrar não apenas os negócios, mas também o poder público, instituições, empresas e a população, em geral.
Exemplos de sucesso
No início deste mês o DC noticiou que a Trizy, plataforma digital de serviços para caminhoneiros sediada em Ponta Grossa, anunciou a compra da startup catarinense B3 Agro buscando ampliar a base de clientes em meio à crescente demanda por serviços integrados de logística devido à pandemia da covid-19. Na oportunidade, a Trizy divulgou que já movimentou mais de R$ 1,5 bilhão em fretes e que com a aquisição a base ativa dos que usam o aplicativo todo mês subiria de 50 mil para 80 mil.
Segundo John Neves, que trabalha na startup ponta-grossense, o crescimento foi tanto que o quadro de funcionários da Trizy quintuplicou em um ano: enquanto que no início de 2020 20 colaboradores atuavam na plataforma, hoje são aproximadamente 100, somando os remanescentes da B3 Agro.
Outra startup local que se destacou no último ano foi a Clube da Robótica. Em entrevista ao DC, o CEO Evandro Kafka contou que em 2020 a empresa, que desenvolve protótipos e atividades relacionadas ao ensino de robótica, triplicou o seu faturamento e passou a atender 17 estados – sendo que antes atuava apenas em Ponta Grossa.
“A ideia é ter um crescimento parecido agora em 2021, quando queremos dobrar nosso faturamento. Já quadruplicamos a nossa base de clientes e hoje atendemos mais de 100. Estamos diversificando também os nossos serviços: estamos atendendo alunos surdos e também comercializando produtos”, afirmou ele, citando como exemplo o “RobotBox”, kit de robótica que leva a experiência que se tinha presencialmente no laboratório para casa.
Potenciais para 2021
Para 2021 há grandes expectativas para o setor. Na semana passada o DC noticiou que a Amplifique.me, startups de Ponta Grossa que profissionaliza o marketing boca a boca através da digitalização do serviço, recebeu um aporte do grupo HBSAAB (Harvard Business School Alumni Angels of Brazil), formado por ex-alunos da famosa universidade norte-americana.
O investimento, que não teve o seu valor revelado, deve viabilizar a expansão da empresa e impulsionar novas contratações: hoje são 14 colaboradores mas a estimativa é que se chegue em 2023 com um time de 60 pessoas. O foco deve ser o desenvolvimento do produto, ampliando o time de profissionais nas áreas de tecnologia e engenharia, e o setor de marketing e vendas.
Outra startup local que projeta um grande desenvolvimento para esse ano é a Docato. O fundador da empresa, Vicente Barbur, concedeu uma entrevista ao DC na qual contou está recebendo propostas de investimentos que podem totalizar R$ 15 milhões. Os recursos devem ser plicados principalmente em crescimento e produto – a proposta da startups é organizar dados simplificar tomadas de decisões de empresas baseadas em informações e documentos jurídicos através do monitoramento e extração de milhares de fontes.
Entre os seus clientes estão gigantes como a Apple, Caixa, Claro e Renault, por exemplo. “Hoje a plataforma contrata mais de 20 mil advogados do país todo para retirar informações e dados dos documentos, mas nossa equipe de operação mesmo é toda ponta-grossense. Iniciamos 2020 com 50 funcionários, caímos para 20 no meio da pandemia e fechamos o ano com mais de 50 novamente. Neste ano podemos chegar a 150 pessoas devido ao crescimento da Docato”, contou Barbur, lembrando que a Docato ganhou, no ano passado, o prêmio do Sebrae de startup mais atraente para investidores.