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Santa Casa de PG realiza cirurgia inédita em criança

Alívio é a palavra que define o que pais do pequeno Calebe Ricardo Boture Pinheiro, de seis anos, sentem neste momento, após uma cirurgia inédita que vai ajudar no desenvolvimento da criança. Clóvis Ricardo Pinheiro e Juliane Ribas Boture acompanharam o sofrimento do único filho desde o seu nascimento. Calebe nasceu com uma doença rara, na ciência conhecida como Euribléfaro, que significa má formação da pálpebra.

Diversos problemas foram ocasionados por conta da doença, uma delas é a de que Calebe dormia de olhos abertos, desde bebê. "Isso causou o ressecamento progressivo da sua córnea, fator que evoluiu para uma perda progressiva da sua visão e a má formação do seu rosto", explica o médico Eduardo Nascimento, cirurgião plástico responsável pela cirurgia realizada em Calebe, na última semana, na Santa Casa de Misericórdia.

Pais de Calebe, Juliane e Clóvis, comemoram recuperação do filho. (Foto: José Aldinan)

A doença de Calebe, segundo o especialista, é algo extremamente raro. No Brasil, há publicações de apenas cinco casos. No mundo todo, há registros de cerca de 10 casos da doença. Uma cirurgia inédita de reconstrução de pálpebra era a única forma de corrigir o problema e proporcionar melhor qualidade de vida à criança. O caso chegou até o cirurgião Eduardo Nascimento. "O diagnóstico era cirúrgico. Então discuti esta questão com vários especialistas do Brasil e fora do país também. Foi um processo de muitos estudos sobre o caso e troca de informações científicas", lembra.

Mesmo com medo, os pais de Calebe aceitaram que o procedimento fosse realizado. "O sono dele não era saudável, ele sofria com muita claridade e tinha déficit de atenção na escola. Para nós, foi um choque ao saber que precisava da cirurgia, mas hoje vemos que foi a melhor coisa que aconteceu", disse o casal Clóvis e Juliane.

Cirurgia

O procedimento foi realizado no hospital Santa Casa de Misericórdia no dia 24 de abril. De acordo com o cirurgião plástico, a cirurgia consistiu em retirar uma parte da cartilagem de trás da orelha de Calebe e inseri-la embaixo dos olhos para completar a deficiência e dar suporte à pálpebra.

"Foi uma cirurgia que durou cerca de quatro horas e meia e contou com uma equipe muito bem treinada. Procedimentos assim normalmente costumam durar oito horas", relatou. Já o processo de cicatrização deverá levar cerca de dois anos, mas Calebe já comemora o fato de poder desenhar e colorir sem a dificuldade de enxergar.

Solidariedade

A Santa Casa de Misericórdia, juntamente com a Fundação Ideah – da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, foram as principais apoiadoras para a realização da cirurgia. "Os pais de Calebe estavam desempregados e não teriam como custear o procedimento. E a Santa Casa não tem contrato para realizar cirurgias em crianças na cidade de Ponta Grossa. Por medidas de contrato, apenas o Hospital da Criança poderia fazer", disse o médico.

No entanto, uma mobilização realizada pela Fundação Ideah, responsável por ajudar pacientes que precisam de cirurgias reparadoras, conseguiu colocar Calebe entre os primeiros da fila. "Se ele esperasse mais dois anos pelo procedimento, com certeza perderia 100% da visão", relatou Eduardo. Já a Santa Casa custeou toda a cirurgia e internamento.

"Calebe tinha ainda várias suspeitas de más formações e uma série de exames foi realizada antes do procedimento. Por sorte, constatamos de que ele é uma criança muito saudável e assim pudemos realizar a cirurgia com segurança", garantiu. Os pais comemoram a saúde do filho e o novo emprego de Clóvis que, por teste seletivo, está trabalhando na Santa Casa na área de serviços gerais.

Dariane Vieira, instrumentadora cirúrgica; Eduardo Nascimento, cirurgião plástico e o pequeno Calebe, de seis anos. (Foto: José Aldinan)

 

 

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