Ponta Grossa chegou ao final de 2021 tendo quatro grandes obras rodoviárias entregues pela CCR Rodonorte, que encerrou suas atividades no município. A cidade também conquistou sua primeira ciclofaixa rodoviária, ligando Uvaranas ao Distrito de Itaiacoca, que está praticamente concluída.
Retrospectiva 2021 Ponta Grossa
Mas, em linhas gerais, 2021 também foi marcado pelo avanço da covid-19 (especialmente nos meses de março e junho), seguido pela retração da doença no segundo semestre. Investimentos em infraestrutura estiveram intimamente ligados à circulação do coronavírus, também em Ponta Grossa.
Os setores de turismo e hotelaria só puderam respirar um pouco mais aliviados, a partir da queda dos internamentos e óbitos por covid-19. Os voos regulares comerciais no aeroporto também só puderam ser reiniciados com segurança em dezembro.
De outro lado, o usuário do transporte público precisou arcar com a tarifa de ônibus mais alta do Paraná. Relembre alguns dos fatos que marcaram o município no que se refere a infraestrutura.
Ciclofaixas ficam prontas
2021 foi marcado pela consolidação de uso de ciclovias e ciclofaixas de Ponta Grossa. O binário da Avenida General Carlos Cavalcanti, em Uvaranas, foi aberto para uso em 2020, mas a pandemia atrasou seu uso mais efetivo, incluindo a nova ciclofaixa. A retração nos casos de covid-19 estimulou a prática do ciclismo, até mesmo no deslocamento diário. O ano chega ao fim com outra obra importante estando praticamente concluída: a Ciclofaixa Estélio Viatroski, em Itaiacoca, que homenageia um ciclista que morreu atingido por trator, enquanto pedalava na rodovia estadual que liga Uvaranas a Passo do Pupo. Estão finalizados cerca de 90% da ciclofaixa instalada no trecho de 16 quilômetros. A proposta é proporcionar o deslocamento mais seguro no trajeto, que também é turístico. O investimento foi de cerca de R$ 4,7 milhões.
Turismo foi muito impactado
Um dos primeiros setores a sentir os impactos da pandemia, ainda em 2020, foi o turístico. Por isso, 2021 foi o ano da retomada do segmento. Em um processo lento, iniciado de forma mais vigorosa na segunda metade do ano, parques naturais como Vila Velha e Buraco do Padre foram reabertos e hotéis voltaram a operar com relativa normalidade.
O contexto atual é aquele no qual famílias que permaneceram confinadas pelo máximo de tempo que podiam, agora podem sair novamente, ainda que adotando cuidados básicos de prevenção ao coronavírus. Em Ponta Grossa, a prefeitura reafirmou a intenção de fortalecer o turismo em sua área rural. O anúncio de convênio com UEPG prevê a identificação dos potenciais no chamado “Polo Turístico Itaiacoca-Alagados”.
Cobrança de pedágios é suspensa
Em meio às propostas e elaboração de planos para o leilão das rodovias do Paraná, o Governo do Estado suspendeu a cobrança de pedágio no chamado Anel de Integração. A medida começou a valer em dezembro deste ano, e a gratuidade no tráfego segue até que seja assinado novo contrato de concessão.
A medida implicou no remanejamento dos atendimentos de emergência nas rodovias, aumentando a demanda pelos serviços da PRF, PRE e Corpo de Bombeiros. Também causou um aumento no fluxo de veículos, em um primeiro momento. Na região de Ponta Grossa, a interrupção de cobrança nos pedágios coincidiu com o término das atividades da empresa CCR Rodonorte, que tinha sua sede no município.
Obras por acordo de leniência
O último ano de atuação da concessionária CCR Rodonorte (que encerrou atividades em 27 de novembro) foi marcado pela realização de obras consideradas importantes para a região de Ponta Grossa. Ainda que decorrentes de acordo de leniência firmado com o Ministério Público Federal, quatro passagens rodoviárias da cidade foram totalmente reconfiguradas, em investimento de cerca de R$ 100 milhões.
Pela primeira vez, o Contorno Leste tem uma ligação efetiva e prática com a BR-376. A Avenida Souza Naves (BR-373) recebeu intervenção em dois pontos, sendo uma trincheira e um viaduto, com instalação de vias marginais. O acesso secundário via PR-151 passou a contar com viaduto, em lugar de antiga rotatória. A proposta é dar mais agilidade e segurança ao tráfego.
Ônibus caro e greve
O transporte público em Ponta Grossa sentiu, em 2021, o impacto que vinha sendo prenunciado há anos. Em novembro, a tarifa chegou a R$ 5,50, a mais alta do Paraná. A tarifa técnica seria de R$ 8,35, e o Município agora deve implantar medidas conjuntas que devem evitar que o valor cobrado do usuário final se torne impraticável.
A proposta de retirada de cobradores foi cogitada, e afastada nesse primeiro momento. Mas deve haver subsídio sobre gratuidades no sistema e a vida útil dos ônibus foi estendida. Esse foi o saldo de um ano no qual a empresa Viação Campos Gerais (VCG) declarou desequilíbrio financeiro, parcelando e atrasando pagamentos de funcionários. Houve paralisações e ameaças de paralisações, incluindo uma greve que durou 46 dias, entre abril e maio.
Microcrustáceos na água é inédito
Apesar da estiagem vivida no estado, Ponta Grossa foi um dos municípios que não precisou de racionamento de água. Mas viveu uma situação inédita em 198 anos de história. Pequenos crustáceos, detectados inicialmente por moradora no Jardim Lagoa Dourada, estava nos encanamentos de praticamente toda a cidade. Outra moradora usou microscópio que tinha em casa para identificar o que eram as partículas boiando na água.
A Sanepar informou, em seguida, que se tratava de espécie parecida com camarão. Uma proliferação incomum teria ocorrido na Represa de Alagados, o que causou o fenômeno. Foram necessários 13 dias para eliminar a presença do corpo estranho do sistema da companhia, que não informou como os organismos passaram pelos filtros da Estação de Tratamento.
Edifício mais alto da cidade está em análise
Até 2020, o maior edifício de Ponta Grossa – ainda em construção – seria o Vogue Square Garden. O empreendimento da LCS está localizado no Bairro Oficinas, prevendo torre de 160 metros, com 50 pavimentos, sendo quatro de garagem. Mas, no início de 2021, o Grupo Philus protocolou, junto ao Iplan, Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) prevendo edifício com duas torres, uma residencial de 204,70 metros e outra comercial, de 105,35 metros. Chamado “Superquadra central”, ele deverá ser o edifício mais alto da cidade, e um dos maiores do estado, instalado na Rua Ermelino de Leão, atrás do Supermercado Muffato, entre os bairros Olarias e Oficinas. O empreendimento ainda aguarda análise final do Iplan.
Voos são retomados em dezembro
No dia 21 dezembro a operadora Azul reiniciou os voos comerciais no Aeroporto Sant’Ana, entre Ponta Grossa e Campinas. A linha aérea tem horários às segundas, quartas e sextas-feiras. Em março de 2022, a oferta deve tornar-se, novamente, diária. Os voos haviam sido iniciados em 2016 e foram interrompidos pela pandemia em março de 2020. A notícia de retorno foi um alento para os setores de turismo e indústria.
Aulas presenciais retornaram em agosto
Ponta Grossa foi um dos primeiros municípios do Paraná a retomar as aulas totalmente presenciais na rede municipal de ensino. A mudança ocorreu em agosto, embora tenha sido mantido o ensino remoto em casos específicos. A volta dos alunos foi condicionada ao uso de máscara, higienização das mãos e distanciamento. No entanto, isso só foi possível porque a Secretaria de Estado de Saúde orientou a redução do distanciamento entre carteiras de 1,5 metro para 1 metro.
Saúde ganha nova Unidade de Pronto Atendimento
A Unidade de Pronto-Atendimento Sant’Ana, também chamada UPA Central, foi inaugurada em março de 2021. A estrutura desafogou os atendimento na UPA Santa Paula. Enquanto a unidade do Bairro Contorno passava a atender apenas casos suspeitos e confirmados de covid-19, a do Centro recebia os demais pacientes.
O local foi alvo de polêmica ainda em 2020, por ser anunciada às vésperas das eleições, e continuou sendo tema de debates em 2021. Falha em segurança permitiu que servidora fosse agredida dentro do estabelecimento, uma CEI foi aberta na Câmara Municipal para investigar supostas irregularidades nos atendimentos à população, e parte do forro da UPA desabou após chuvas ocorridas em outubro. Também houve mudança na gestão do Hospital da Criança, que passou para a UEPG, e deixou de ser porta de entrada. A alteração gerou protestos de parte da população.
Natal sem as atrações programadas
Ponta Grossa finalmente teria uma iluminação de Natal digna do Parque de Olarias, que pela primeira vez desde sua inauguração, em 2020, pôde ser usufruído pela população no final do ano. Mas a empresa contratada por R$ 847,49 mil não cumpriu o previsto, e o espetáculo intitulado “Sonho de Cristal para a Noite de Natal” não aconteceu como o esperado pela Prefeitura. O Município cancelou o contrato, e a população precisou se contentar com estrelas azuis na Avenida Vicente Machado e enfeites modestos – na comparação com anos anteriores – diante do Terminal Central. Apresentações natalinas continuaram ocorrendo, sem a pompa das luzes.
Luta pela ESA mobilizou as autoridades
Desde o final de 2020, a possibilidade de instalação da Escola de Sargentos das Armas (ESA) em Ponta Grossa mobilizou a prefeitura e entidades. Ao longo de 2021, o Município cedeu hangar no Aeroporto Sant’Ana, foi vistoriado pelo alto comando do Exército Brasileiro e ofertou área pertencente à Embrapa para instalação da instituição, que teria investimento inicial de cerca de R$ 1,2 bilhão.
Seria um importante incremento à economia da cidade mas, ao final de outubro, o Exército decidiu – e o próprio presidente Jair Bolsonaro informou – que a cidade escolhida era Recife (PE). Dificuldades burocráticas enfrentadas em Pernambuco permitem supor que Ponta Grossa ainda está no páreo, mas nada concreto.