O prefeito de Ponta Grossa, Marcelo Rangel, conversou com a reportagem do DC na manhã deste sábado (11) a respeito da recomendação administrativa do Ministério Público do Paraná que, na última quinta-feira (9), protocolou documento sugerindo que o município reveja sua decisão de reabertura do comércio. A sugestão foi feita com base no aumento no número de pessoas nas ruas, em especial no calçadão da rua Coronel Cláudio. Confira abaixo a entrevista com o prefeito, na qual ele destaca os números da covid-19 no município, a evolução da doença e as ações adotadas nos últimos dias:
Diário dos Campos: A prefeitura pode reavaliar a abertura do comércio?
Marcelo Rangel: As recomendações do MPPR estão sendo analisadas hoje. Vamos tratar o assunto com muita responsabilidade e respeito acima de tudo. Já determinei ao nosso Comitê de Urgência que adote medidas que estão dentro dessa recomendação. Que a gente possa ajustar nosso decreto a essas recomendações que são importantes também.
DC: O que interfere nas novas ações? O número de infectados?
Rangel: Nós temos uma condição em Ponta Grossa muito diferente de praticamente todos os grandes municípios do Brasil. Provavelmente, estamos entre os 100 maiores do Brasil com menor taxa de infecção. Recebi cedo um novo boletim, e dou muita ênfase e me atento muito à questão dos leitos. Porque existem os números oficiais e existem os que nos acompanhamos dos leitos clínicos e de UTIs que estão ocupados. Se taxa de leitos [utilizados] começa a aumentar, mesmo que não haja suspeita, mesmo sem dados mais aprofundados [sobre covid-19]… Se aumentar o número de atendimentos no hospital, acende-se a luz amarela. Mas isso não aconteceu. Pelo contrário, tivemos redução no número de atendimento nos leitos.
DC: Como a prefeitura encara essa redução?
Rangel: É uma notícia positiva mas, ao mesmo tempo, traz preocupação. Essa doença, muitas vezes, dá um xeque-mate. Você não sabe o que fazer porque, ao mesmo tempo que Ponta Grossa tem os números mais inacreditáveis hoje desta pandemia, a gente precisa entender o que pode acontecer no futuro.
DC: O isolamento e distanciamento social, já pode ter feito alguma diferença?
Rangel: Os municípios do mesmo porte já estão enfrentando a escalada da doença, essa curva. E para nós ainda não iniciou. Temos grande vantagem, porque o tempo é nosso aliado. Quanto mais tempo conseguirmos, maior a chance de a ciência evoluir contra a doença. Mas, claro que nos preocupa também o futuro, que haja vacina, remédio, senão podemos passar pelos problemas que outros municípios estão passando no momento.