Quando é anunciado um novo reajuste no preço da gasolina, mas não no do etanol, muita gente pensa que os condutores de carros flex saem beneficiados – mas não é bem assim, já que um preço é atrelado a outro. Tanto é, que muitos motoristas de Ponta Grossa perceberam, nos últimos dias, um aumento no preço do ‘álcool’, mesmo que nada oficial tenha sido anunciado.
Isso acontece por diversos motivos. Um deles é a lógica da oferta e da demanda: como os carros flex podem utilizar os dois combustíveis, se o preço de um sobe a procura pelo outro aumenta – e consequentemente o seu preço também.
Outro é atrelado aos períodos de safra e entressafra da cana-de-açúcar, matéria-prima do etanol. Se abril a novembro as plantações estão mais produtivas – então há maior oferta e consequentemente menor preço. Já no restante do ano – de dezembro a março, período atual – ocorre o inverso, e estes aspectos naturais afetam não apenas o etanol, mas a própria gasolina.
“Vale ressaltar que a gasolina comum recebe 27% de etanol anidro na mistura, conforme exigência da regulamentação brasileira. Quando o etanol sobe, portanto, geralmente há reflexo no preço da gasolina”, explica o Paranapetro, Sindicato dos Revendedores de Combustíveis e Lojas de Conveniências do Estado do Paraná.
A reportagem do DC também procurou a ALCOPAR, Associação de Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.
Aumento
Em resposta ao Diário dos Campos, o Paranapetro destacou que os preços nas usinas produtoras de etanol apresentaram forte tendência de aumento nas últimas semanas; desde o começo do ano, segundo pesquisa do CEPEA/ESALQ, ocorreram aumentos de 22,05% no etanol hidratado (o utilizado no abastecimento de carros) nas usinas – e das usinas, até chegar ao consumidor, há outros intermediários.
“Os postos não compram os combustíveis diretamente das usinas ou refinarias: são obrigados a comprar das distribuidoras. E as distribuidoras, por sua vez, têm repassado estes aumentos para os postos com agilidade. Ao mesmo tempo, demoram ou não repassam as baixas. Os postos representam o último elo até o combustível chegar ao consumidor final, e por isso são o lado mais exposto. Mas fica evidente que os postos são também o agente com menor poder econômico – e por consequência – menor poder de interferência na variação de preços”, defende o Paranapetro.
O que compensa mais: etanol ou gasolina?
Para saber qual combustível compensa mais na hora e abastecer o seu carro flex a conta é simples: considerando o rendimento de cada um deles, especialistas apontam que o etanol é mais vantajoso se custar no máximo 70% o preço da gasolina.
Ou seja, basta dividir o preço do etanol pelo da gasolina – se der menos que 0,7 o etanol é mais barato, se der mais que 0,7, opte pela gasolina.
Para ter uma base da realidade de Ponta Grossa a reportagem do Diário dos Campos percorreu a cidade no início da tarde desta sexta-feira (26) e analisou os preços de três postos de combustíveis, um do Centro, um de Uvaranas e outro do Jardim Carvalho.
Em todos eles a gasolina acaba compensando mais: na unidade central o litro da gasolina custava R$ 4,849 e o do etanol R$ 3,849, no Jardim Carvalho o combustível fóssil estava sendo vendido por R$ 4,829 e o outro por R$ 3,749, e em Uvaranas o preço do litro era R$ 4,999 para a gasolina e R$ 3,899 para o etanol.
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