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Ponta Grossa: uma cidade que cresceu sobre trilhos

Arquivo DC

Por ser uma das cidades mais antigas do Paraná, Ponta Grossa também está entre as que possuem mais histórias para serem contadas, especialmente pela forma como se constituiu: sobre trilhos. O desenvolvimento de Ponta Grossa está atrelado ao fato de a região ser rota de passagem desde seu início.

No começo, sendo trajeto para os tropeiros transportarem os animais do Rio Grande do Sul para outras regiões do país. Depois, se tornando um dos principais entroncamentos ferroviários. Mais recentemente, as rodovias que cortam a cidade fazem dela rota de incontáveis motoristas no tráfego entre municípios e estados.

Com o passar do tempo, Ponta Grossa cada vez mais deixa de ser rota de passagem, para se tornar lugar de permanência. Apesar disso, as marcas da história deixada pelos trilhos surgem em detalhes ou em edificações, revelando como se deu a construção e a evolução da cidade. Confira alguns desses elementos:

Estação Saudade

Completamente restaurada pela Fecomércio-PR, a Estação Saudade hoje é uma unidade SESC-Senac, que oferece cursos e serviços, e conta com um espaço museológico sobre os ferroviários. A edificação data do final do século XIX, e era um posto de passagem de cargas e passageiros.

Inicialmente, se chamava Estação São Paulo – Rio Grande. Em 1930, a estação recebeu Getúlio Vargas e se tornou sede da revolução de 1930. A história conta que foi durante sua estada no município que Vargas recebeu um dos telegramas sugerindo que ocorria a renúncia de Washington Luís.

Em 1990, a Estação foi tombada como Patrimônio Cultural de Ponta Grossa. Em 1997, a lei municipal 5.811 alterou a nominação para “Estação Saudade”, resumindo um sentimento relacionado ao passado do prédio.

Locomotiva 250

Junto à Estação Paraná, imóvel histórico que por muito tempo foi local de chegadas e partidas de trem em Ponta Grossa, está a Maria Fumaça 250. Ela está fixada ao lado da pista de caminhada do Parque Ambiental, e é considerado monumento tombado pelo Conselho Municipal de Patrimônio Cultural (Compac).

De acordo com a Prefeitura de Ponta Grossa, a locomotiva “foi idealizada pelo engenheiro Ewaldo Krüger, que adaptou peças de uma locomotiva Mikado 2-8-2. Com a morte de Ewaldo Krüger em 1936, seu filho Germano Krüger finalizou o projeto quatro anos mais tarde. Esse feito demonstra a alta capacidade técnica dos operários e engenheiros que operavam em Ponta Grossa”.

A locomotiva puxou de seis a oito vagões lotados com mercadorias, entre os anos 1942 e 1972. Nesse intervalo, as máquinas movidas a vapor foram substituídas por outras mais potentes e modernas, movidas a diesel.

Hospital 26 de Outubro

Atualmente sede do Serviço de Obras Sociais e da Fundação Municipal de Assistência Social, o imóvel originalmente foi hospital referência no município. De acordo com a prefeitura, o prédio foi fundado em 26 de outubro de 1906 pela Companhia da Estrada de Ferro São Paulo–Rio Grande para ser a sede da Associação Beneficiente 26 de Outubro (“Hospital 26 de Outubro”).

O objetivo era atender as famílias de seus funcionários. Na época a associação prestava serviços de assistência médica, financeira e funerária aos ferroviários e seus familiares. Sua localização ficava estrategicamente próxima à Estação Saudade.

Tombado pelo Compac, o imóvel conta com uma capela preservada, e recentemente teve sua fachada revitalizada.


É possível fazer um passeio pela cidade, identificando outros elementos que se relacionam com o passado das ferrovias em Ponta Grossa:

Parque Linear – Localizado no Bairro Oficinas, oferece pista de caminhada, parquinho infantil, academia ao ar livre e bancos. Foi instalado em área de antiga passagem dos trem. Ainda há resquícios dos trilhos e parte de uma estrutura que era usada para carregamento de vagões.

Av. Dom Geraldo Pellanda – A via permite a ligação entre os bairros Neves e Uvaranas com o Centro da cidade, em trajeto relativamente plano. Algo raro no município, que tem topografia acidentada, possível porque a avenida está onde, no passado, passava a linha férrea.

Passarela do Paraguaizinho – Uma passarela em concreto e metal liga a Rua Fernandes Pinheiro à Catão Monclaro, no Centro de Ponta Grossa, sobre o Shopping Popular. A estrutura foi criada para permitir a travessia dos que chegavam ou partiam de trem na Estação Saudade, a poucos metros.

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