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Pobreza cresce em Ponta Grossa e preço da cesta básica dispara

Neste ano os produtos básicos ficaram 23% mais caros na cidade ao mesmo tempo em que há pelo menos mais 1.719 pessoas com renda mensal de, no máximo, R$ 178

Ao mesmo tempo em que Ponta Grossa vive um bom momento de desenvolvimento econômico percebido através de alguns indicadores como geração de empregos, industrialização, arrecadação de impostos e “boom” na construção civil, a desigualdade social também aumenta. Outubro somou pelo menos 10.828 pessoas que recebem, no máximo, uma renda de R$ 178 por mês, total 18,8% maior do que no início desse ano, quando havia 1.719 pessoas a menos nesta conta.

Este número pode ser ainda maior porque considera apenas os beneficiários do Bolsa Família, programa de transferência direta de renda direcionado às famílias em situação de extrema pobreza (aquelas que têm renda mensal de até R$ 89 por pessoa) e àquelas em situação de pobreza (com renda mensal entre R$ 89,01 e R$ 178 por pessoa) – mas, nesse caso, só recebem o auxílio as famílias que possuem em sua composição gestantes e crianças ou adolescentes entre 0 e 17 anos. Os dados são do Portal da Transparência.

Enquanto a pobreza cresce, os preços dos alimentos básicos crescem simultaneamente. Levantamento do Núcleo de Economia Regional e Políticas Públicas da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Nerepp-UEPG) aponta que em outubro a compra dos 33 produtos que compõem a cesta básica passou a custar R$ 646,50 na cidade.

Em janeiro os mesmos itens totalizavam R$ 524,12, o que mostra que no ano pandêmico de 2020 o preço subiu 23,3%. Esse aumento corresponde a 10 vezes o valor da inflação; segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta sexta-feira (6) o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, acumula 2,22% este ano.

10.828 pessoas em PG têm renda mensal inferior a R$ 178

Salário mínimo

Segundo o estudo do Nerepp, para comprar os produtos básicos em Ponta Grossa é necessário utilizar mais de R$ 3 a cada R$ 5 reais do salário mínimo nacional, estipulado em R$ 1.045 neste ano. Em porcentagem, isso representa 61,87%, patamar que era de 50,15% no início de 2020.

Variação mensal dos produtos básicos

Em um mês o preço da cesta básica cresceu 1,13% em Ponta Grossa – no mesmo período a inflação brasileira foi de 0,86% (IPCA). Dos 33 produtos que são considerados no estudo do Nerepp, 16 ficaram mais caros, 15 mais baratos e 2 permaneceram constantes.

Os “vilões” do mês foram os hortifrutigranjeiros, que no geral subiram 11,45%. Entre eles, a batata foi o item que mais encareceu (47,43%) e a banana (-10,94%) o que mais baixou de preço. Falando em grupos, também puxaram o aumento as carnes (2,67%), com o frango sendo o responsável pela maior variação positiva (7,07%) e a carne bovina a menor variação negativa (-1,06%), e os produtos de limpeza (2,55%), sendo as “pontas” de diferença o sabão em pó (13,91%) e o amaciante (-12,59%).

Em contrapartida, ficaram mais baratos os itens de alimentação em geral (-0,27%), com destaque para o encarecimento do óleo (9,79%) e embaratecimento do leite (-9,29%), e o grupo que compõe a higiene pessoal (-2,87%), dentro do qual nenhum produto ficou mais caro: o shampoo apresentou a menor variação negativa (-0,35%) e o sabonete a maior variação negativa (-9,47%).

Saiba mais sobre a pesquisa

O levantamento do Nerepp sobre o custo da cesta básica é feito mensalmente e é um índice próprio para famílias com renda entre 1 e 5 salários mínimos, com 3 pessoas em média e residentes em Ponta Grossa. Durante a pandemia ele está sendo feito com base nos preços obtidos no sistema delivery dos supermercados, “que se tornou uma forma relevante para o abastecimento domiciliar”, conforme destaca o estudo. O boletim é assinado pelo economista Alexandre Roberto Lages, mestre em Economia Industrial que atua principalmente nos temas estratégias, supermercados e competição.

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