A delegada Ana Paula Cunha Carvalho, do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria) de Ponta Grossa, deve realizar um interrogatório complementar com o pai do bebê supostamente vítima de tortura. Segundo ela, o novo interrogatório deve ocorrer já nesta quinta-feira (29), e irá cruzar as informações dadas pelo rapaz com as já obtidas nos demais depoimentos.
Segundo Ana Paula, foram ouvidos até agora os relatos das proprietárias de imóveis alugados para o casal, e de mais duas médicas que atenderam a criança. Ainda está para ser ouvida mais uma enfermeira. O bebê foi atendido no Hospital Municipal da Criança Prefeito João Vargas de Oliveira antes de ser conduzido ao Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais (HURCG), onde permanece internado da UTI Pediátrica, em estado grave.
Alguns vizinhos da primeira residência, onde o casal morou com a criança pouco mais de um mês, chegaram a relatar situações de abuso, confirmou a delegada.
Os moradores do edifício no qual atualmente vivia o casal preso por suspeita de tortura contra o filho de seis meses relataram perplexidade ao saber do estado de saúde da criança. Segundo uma senhora, que pediu para não ser identificada, o casal havia se mudado para o endereço há apenas oito dias, em um imóvel alugado.
A família veio de Telêmaco Borba há pouco mais de um mês, e esse foi o segundo endereço ocupado por ela nesse período. A testemunha ouvida pelo Diário dos Campos descreveu uma família aparentemente normal. A criança era um amor. Eu me afeiçoei ao bebê, porque cheguei a cuidar por cerca de uma hora, sempre na presença dos pais, contou.
Atitude suspeita
Ainda segundo a moradora ouvida pelo DC, o pai da criança trabalhou com a pintura do imóvel dias antes, e deixou o bebê no carro, em frente da casa durante a obra. Única atitude que gerou estranheza. Mas era aqui em frente, e quando a criança chorava ele dava mamadeira. A mãe também pareceu uma boa pessoa, acrescentou.
O pai da criança foi preso, em flagrante, na última semana, logo depois de constatadas múltiplas lesões e trauma craniano no bebê levado ao Hospital. A mãe foi presa na segunda-feira (26). A suspeita é de prática de tortura.
