Desde que as UPAs Sant’Ana e Santa Paula retomaram os atendimentos de urgência, emergência e clínicos, no início deste mês, pacientes do SUS têm reclamado da superlotação nas unidades. Os relatos incluem pessoas com covid-19 confirmada, que aguardam pela consulta ao lado de quem procura atendimento em decorrência de outras enfermidades. Esse é o caso de um homem de 30 anos, que está positivado e procurou a UPA Sant’Ana na noite de segunda-feira (9), com 39 ºC de febre.
“Resolvi ir lá porque já fazia uma semana da infecção e dizem que a partir dessa etapa pode piorar. Cheguei na UPA por volta das 21 horas e estava cheio de gente. Fui atendido na recepção mas, como eu estava com muita tosse, fiquei com medo de passar o vírus para outras pessoas. Então aguardei ao lado de fora, até porque não tinha mais cadeiras vagas lá dentro”, disse o paciente, que preferiu não ser identificado na reportagem.
Disse que a sua namorada, que o acompanhava, “perguntou aos atendentes se eu deveria ficar isolado dos outros pacientes, todos misturados. Tinha uma senhora com crise de ansiedade, por ter pego a covid-19”. Segundo ele, após mais de uma hora de espera pelo atendimento, com a febre e a tosse aumentando, resolveu desistir, mesmo porque sequer havia passado pela triagem.
“É muita falta de organização. Todos ficam aglomerados na recepção, não tem distanciamento. Para não dizer que nada foi feito, os atendentes me deram uma máscara cirúrgica, sendo que eu já estava usando uma N95”, observou. Ele, então, como havia acabado de receber o salário, se dirigiu a uma unidade particular, que fica próxima da UPA.
O que diz a FMS
Procurado, o secretário da Fundação Municipal de Saúde (FMS), Rodrigo Manjabosco disse, por meio de gravações de áudios encaminhados pela assessoria de comunicação que, com a descentralização dos casos de covid-19, todas as unidades de saúde municipais e todas as equipes foram orientadas a prestar atendimento com maior a brevidade possível aos pacientes com covid-19.
“Os pacientes devem receber máscaras específicas para evitar o contágio com os demais que aguardam por atendimento. Eles estando com a máscara, não irão contaminar os demais. Além disso, eles devem ter brevidade nos atendimentos, pois se enquadram na classificação de risco amarelo. Após a consulta, devem ser liberados para evitar a contaminação nos ambientes”, disse Manjabosco.
Com relação às orientações para a população, o secretário disse que, nos finais de semana, feriados e no período noturno, os pacientes devem procurar as duas UPA’s, tanto para casos graves como clínicos. Já durante a semana, segundo Manjabosco, é importante que os pacientes menos graves procurem pelo atendimento nas Unidades Básicas de Saúde, para desafogar os atendimentos nas UPA’s.
“O retorno dos atendimentos gerais nos serviços de urgência e emergência aumentou a demanda, algo esperado, e isso vem acontecendo em todo o Brasil. Com a pandemia, os casos crônicos se tornaram agudos e essa é uma nova onda que as UPA’s estão enfrentando, o que tem causado uma superlotação nos serviços de saúde. Hoje, o atendimento na UPA tem levado cerca de uma hora, um tempo considerado grande em virtude do grande volume de pacientes”, afirmou Manjabosco.
Relembre
A pandemia mudou a rotina de atendimentos das estruturas de saúde. A UPA Santa Paula tornou-se referência para o atendimento covid-19, inclusive fazendo internações. A UPA Sant’Ana, inaugurada durante a pandemia, ficou com as urgências, emergências e os casos clínicos. Com a redução dos casos de covid, este mês as duas unidades retomaram os atendimentos para os quais foram originalmente criadas, para adultos e adolescentes (mais de 12 anos).
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Ouça os áudios do médico Rodrigo Manjabosco, secretário da Fundação Municipal de Saúde.