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O governo tem responsabilidade de prevenir suicídios, diz psicóloga

Depois de muito tempo sendo tratada como um problema menor e até discriminada, tanto pelas pessoas comuns como também por parte da medicina, hoje a saúde mental é considerada uma prioridade, inclusive para evitar casos de suicídio. Esta é a avaliação da psicóloga e palestrante ponta-grossense Adriane Muchal.

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Os últimos dados disponíveis sobre suicídio são de 2022, quando o Paraná registrou 790 mortes dessa natureza, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado ano passado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Em entrevista ao Diário dos Campos e portal DCmais, Adriane destaca que a busca por ajuda é essencial, bem como o poder público deve priorizar os dados estatísticos a fim de elencar políticas públicas voltadas à prevenção das doenças mentais.

Confira os principais pontos da entrevista:

Diário dos Campos: Há várias décadas, fala-se que a divulgação de mortes por suicídio pode motivar novos casos. Essa teoria se mantém?

Adriana Muchal: Estudos comprovam que não, até porque existe o Setembro Amarelo, que fala exatamente sobre isso, como forma de prevenção. É importante falar sobre o suicídio, pensamentos intrusivos e negativos, que são comuns e passam pela cabeça das pessoas diante de situações de desconforto. Isso deve ser atendido pelo profissional de saúde. Hoje temos também o 188, um telefone aberto para atender as pessoas no momento em que elas estiverem com pensamentos torturantes. Quando falamos sobre isso, conseguimos restabelecer e salvar vidas. Então esse mito de não falar já foi quebrado.

DC: Em 2022, Ponta Grossa instituiu o Mapa Municipal da Violência, contendo dados estatísticos, mas, no início deste mês, a Câmara de Vereadores alterou a lei, retirando as informações sobre suicídios. Como a senhora avalia essa mudança?

Adriana: Essa remissão dos dados levanta uma preocupação sobre a falta de visibilidade para a questão do suicídio. Embora haja distinção entre violência interpessoal e suicídio, ambos são problemas de saúde pública, merecem atenção e recursos adequados. Falta priorizar a prevenção ao suicídio. A saúde mental hoje é uma das grandes prioridades para que as pessoas consigam viver com qualidade e bem-estar. É de grande importância que as autoridades reconheçam o suicídio e apresentem políticas públicas e formas de prevenção.

DC: Quais considerações a senhora faz sobre as estatísticas sobre suicídios?

Adriana: Do meu ponto de vista, as estatísticas fornecem dados cruciais para entender a magnitude desse problema. Os dados ajudam a identificar grupos de risco, desenvolver políticas de prevenção, fornecer recursos para ajudar essas pessoas em situação de vulnerabilidade e sofrimento psíquico. Ter dados precisos sobre suicídio ajuda muito a orientar intervenções eficazes.

DC: Qual o papel do jornalismo na divulgação desses dados?

Adriana: O jornalismo deve evitar divulgar detalhes explícitos sobre métodos, formas de suicídio. Esse tipo de informação não deve ser fornecida. Também não romantizar ou glorificar casos de suicídio, não fornecer informações que possam inspirar outras pessoas a cometerem o mesmo ato. Por outro lado, o jornalismo deve encorajar as pessoas a buscarem formas de ajuda. A divulgação precisa ser feita de forma responsável.

Prevenção ao suicídio:

  • Link: https://www.setembroamarelo.com/
  • telefone: Centro de Valorização da Vida – 188 (ligação gratuita).
  • órgão público: CAPS e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da família, Postos e Centros de Saúde)

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