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Números de crimes sexuais aumentam

Legenda (José Aldinan): Estudantes manifestaram em frente ao Instituto de Educação com faixas e cartazes, na manhã de quinta-feira (21), para pedir providências quanto ao caso de assédio.

Em três anos, a Polícia Civil prendeu 33 homens suspeitos de cometer crimes sexuais em Ponta Grossa. Nesse período, 37 procedimentos foram instaurados para investigar denúncias feitas por mulheres. Os dados são oficiais e passaram a ser contabilizados após a publicação da Lei Federal 13.718, sancionada em setembro de 2018, que prevê pena de 1 ano a 5 anos de reclusão para crimes dessa natureza.

O balanço do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria) também mostra um aumento do número de prisões por violência sexual contra menores de idade. Em 2020 inteiro foram detidas 16 pessoas. Este ano, até o começo de outubro foram 20 prisões.

De acordo com a delegada responsável pelo Nucria, Ana Paula Cunha Carvalho, o aumento das denúncias neste ano desencadearam um maior número de prisões. “Muitas vítimas não conseguiram denunciar em 2020 por conta do isolamento, então houve muita subnotificação. As vítimas não estavam indo para a escola e é nesse ambiente que elas conseguem expor um abuso. Com a retomada das atividades, pós-período crítico, essas denúncias chegaram até nós”.

Importunação sexual

A delegada Cláudia Krüger, da Delegacia da Mulher, explica que os crimes de importunação sexual podem ocorrer em qualquer local que seja público com gestos, palavras ou, até mesmo, um toque. “Qualquer situação que tenha conotação libidinosa é configurado neste tipo de crime. Claro que cada denúncia é analisada com suas características conforme os relatos das vítimas”, comenta.

Cláudia aponta que entre os locais mais comuns em que ocorreram esses crimes na cidade estão supermercados, ônibus e na rua. Mas a importunação também pode acontecer em festas, bares e parques.

“Por isso é muito importante que as vítimas acionem os órgãos competentes tão logo isso ocorra para que um conjunto probatório seja formado com todas as provas e testemunhas que nos ajudem a localizar esse autor. Se a denúncia demorar muito, fica mais difícil de conseguirmos identificá-lo”.

Além da polícia, as vítimas podem pedir ajuda para os motoristas e cobradores, caso o crime ocorra no transporte coletivo, ou para o gerente, se acontecer dentro de um supermercado, por exemplo. “Na minha visão, é inegável que os crimes de conotação sexual tenham uma conexão cultural machista. É uma questão que ainda está muito enraizada”, destacou.

Arte: dcmais

SERVIÇO

Para denunciar assédio, violência sexual ou importunação: 190 (Polícia Militar) ou 153 (Guarda Municipal).

Meninas de 13 e 14 anos denunciam professor

Uma das investigações em andamento no Nucria trata de denúncias feitas por três estudantes de um colégio estadual cívico-militar de Ponta Grossa, que apontam ter sofrido assédio sexual de um professor de matemática. O crime estaria ocorrendo desde agosto, quando as aulas presenciais retornaram, mas a situação só se tornou conhecida após o retorno das aulas. 

“A direção da escola entrou em contato com o Nucria assim que tomou conhecimento dos fatos e nós orientamos para que as alunas viessem até a escola para formalizar as denúncias. Duas foram ouvidas na manhã de hoje (quinta) e a terceira nós vamos ouvir amanhã. Além delas, a direção da escola e testemunhas também estão sendo ouvidas”, explicou.

O professor investigado deverá ser interrogado nos próximos dias e, segundo a delegada, no depoimento ele poderá apresentar a sua versão dos fatos. “O interrogatório é o momento no qua ele poderá expor a sua defesa”, acrescentou Ana Paula.

Em depoimentos, as vítimas alegaram que entre as atitudes do professor estavam olhares, frases e elogios exagerados. “Também houve toque na cintura de uma das alunas, que têm entre 13 e 14 anos. O relato das vítimas, no entanto, demonstra efetivamente a prática de crimes de assédio sexual e importunação sexual praticado pelo investigado”, disse a delegada. 

Professor é reincidente e já havia sido afastado

O professor investigado foi afastado de suas atribuições em anos anteriores e retornou às aulas após cinco anos. De acordo com o Nucria, ele tem um histórico da prática de crimes da mesma natureza ocorridos entre 2005 a 2013.

Na manhã de quinta-feira (21), a Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (Seed-PR), informou que publicaria naquele mesmo dia uma portaria afastando o suspeito de suas funções. O documento é válido todos os colégios da rede estadual onde ele leciona.

Estudantes de escolas de Ponta Grossa se manifestaram em frente ao Colégio Instituto de Educação com faixas e cartazes, na manhã de quinta-feira (21), para pedir providências sobre o suposto assédio.

A chefe do Núcleo Regional de Educação, Luciana Sleutjes, disse que o órgão tomou todas as providências para apurar o caso que também se enquadra na classe dos crimes sexuais. “Nós já ouvimos as alunos e o professor. Ele negou qualquer tipo de acusação. Nós abrimos uma sindicância para apurar os fatos e temos até 30 dias para ter um resultado”, disse.

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