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Número de usuários do transporte reduz 13,6% em 10 anos

O número de usuários do transporte público de Ponta Grossa reduziu pouco mais de 13,6% nos últimos dez anos. Dados divulgados pela Viação Campos Gerais, a pedido da reportagem do Jornal Diário dos Campos, mostraram que, desde 2009, o índice de passageiros pagantes, por giro de catraca, apresentou redução considerável se comparado ao ano de 2019.

Em 2009, foram registrados mais de 26 milhões de giros de catraca contra 22 milhões em 2019. No entanto, a redução mais considerável foi registrada em 2014 quando o índice de passageiros pagantes foi -1,25% menor que o ano de 2013. A partir daquele ano, a redução foi ainda mais progressiva e fechou 2019 com -5,40%. 

O DC também teve acesso aos números que mostram a média por dia de passageiros equivalentes referentes ao ano de 2019. Os números variavam de acordo com os meses, mas observa-se que pouco mais de 60 mil pessoas utilizaram o transporte por dia na cidade. O número representa que um sexto da população de Ponta Grossa utiliza o transporte público diariamente.

Para comentar sobre os números, a reportagem conversou com diretor de Relações Institucionais da VCG, Rodrigo Venske, que avaliou dois pontos importantes que levaram a esta redução. "O principal motivo da redução nos últimos cinco anos é oriundo de uma migração de pessoas de suas condições sociais, ou seja, elas começaram a utilizar outros modais de transporte, como os aplicativos, por exemplo, além da facilidade em adquirir veículos naquela época", aponta. Apesar da economia ter favorecido a compra de motos e carros, Venske aponta que os aplicativos de transporte interferiram muito neste sentido. 

"As pessoas podem dividir o custo da viagem e existe um conforto para o usuário no transporte individual. Isso é um fator comum em vários países. É uma concorrência difícil de competir. No entanto, o transporte coletivo é um meio de transportar pessoas de forma mais plural. Além disso, temos uma tarifa homogênea para todos, independente da distância", destaca.  

Desafios 

Para Rodrigo, quando o assunto são as melhorias no transpor público são abordadas três questões: velocidade no transporte, conforto do usuário e o volume da oferta. "Primeiramente, nós temos defendido que a discussão do transporte precisa ser mais técnica. Quanto menos passageiros temos, mais precisamos pensar em questões que não venham onerar o valor da tarifa. Se nada for feito e continuar uma queda dos usuários, a passagem continuará subindo. Quanto mais passageiros, vamos conseguir ampliar a oferta pelo mesmo valor", comenta. 

"É preciso discutir formas de trazer recursos para o transporte que não onere o usuário" – Rodrigo Venske, diretor de Relações Institucionais da VCG

Por isso, o diretor comenta que o poder público e a sociedade podem tratar o transporte coletivo com prioridade. "A partir da implantação de faixas exclusivas em bons locais, semáforos sincronizados nas principais ruas da cidade como a Balduíno Taques, a avenida Ernesto Vilela e avenida Carlos Cavalcanti, por exemplo. Isso facilitaria muito a questão da mobilidade urbana, onde o usuário chegaria de forma mais rápida ao seu destino", aponta. 

Então, de acordo com Venske, para manter a qualidade do serviço, é necessário manter a oferta e a qualidade do serviço. "É preciso discutir formas de trazer recursos para o transporte que não onere o usuário. Entendemos que isso é ruim. Não podemos eleger vilões e ficar combatendo. Entendemos a importância de dialogar com o poder público e, principalmente, com a sociedade", diz o diretor. 

                                                            AMTT busca soluções para melhorar a oferta do transporte 

"O que nós fazemos é buscar maior eficiência do sistema" – Fernando Bueno, chefe da Divisão de Transportes Urbanos da AMTT

A Autarquia Municipal de Trânsito e Transporte (AMTT) informou que busca diversas soluções para ofertar melhor qualidade no transporte coletivo de Ponta Grossa. 

"A principal preocupação do usuário é a tarifa. Então temos buscado rotas mais eficientes para otimizar o serviço prestado. Temos disponíveis no Portal da Transparência um link de controle de linhas e estudos que a AMTT faz mês a mês. Outro exemplo que pode ser conferido é que foram realizadas seis alterações dentro do sistema em um único mês. É o poder público adequando a oferta à demanda existente", diz Fernando Bueno, chefe da Divisão de Transportes Urbanos da AMTT. 

Bueno observa também que ainda faltam políticas federais que venham a incentivar o uso do transporte coletivo. "Observamos o incentivo para o transporte particular com a facilidade para a compra de veículos. O usuário que migra é aquele que utilizava o transporte coletivo nos finais de semana ou então nos horários de picos. No entanto, esse usuário paga mais caro para utilizar os aplicativos de transporte. Isso tirou o usuário justamente quando tínhamos mais folga do sistema", explana.

"Por isso, a necessidade de políticas públicas a nível nacional neste sentido. O que nós fazemos é buscar maior eficiência do sistema e navegando contra a corrente dessas políticas públicas que venham ao contrário disso", finaliza Bueno. 

A mesma preocupação se estende para o Conselho Municipal de Transporte. "Vemos a redução do número de passageiros como uma preocupação e estamos de mãos amarradas porque existe um contrato vigente e que deve ser cumprido", comentou o presidente da entidade, Elídio Carlos Curi de Macedo. (L.S.) 
 

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