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Motorista de ônibus que matou dois diz à polícia que estava a 70km/h

José Carlos Cordeiro dos Santos, 56 anos, e Nerli de Fátima de Lara, 48, vão ser sepultados neste sábado (31) em Castro, a 40 quilômetros de Ponta Grossa. Os dois são as vítimas do trágico acidente da manhã de hoje na PR-151, entre Carambeí e Castro.

Ambos estavam a bordo de um Kadett em direção à cidade onde residiam. No km 291 – pouco depois do pedágio de Carambeí – o trânsito parou, um ônibus não freou e prensou o carro contra um caminhão. Os dois ocupantes morreram na hora e ficaram com os corpos presos nas ferragens retorcidas.

Causador do acidente fatal, o motorista do ônibus, de 30 anos de idade, não sofreu ferimentos. Ele foi levado à Polícia Civil em Ponta Grossa, onde prestou depoimento cerca de seis horas após a colisão. A delegada de plantão, Ana Paula Cunha Carvalho, conduziu o interrogatório.

“Ele disse que saiu de uma curva e não percebeu que o trânsito estava parado. Também relatou que estava a 70km/h e que é possível comprovar pelo tacógrafo do ônibus”, conta a delegada.

Após o depoimento, o motorista foi liberado. Atualmente, o Código de Trânsito Brasileiro não permite prisão em flagrante do condutor que se mantém no local do acidente e presta socorro. O caso inicialmente está sendo tratado como homicídio culposo, quando não há intenção de matar. No entanto, a delegacia de Castro vai conduzir a sequência das investigações. O bafômetro deu negativo.

Peritos estiveram no local colhendo informações e analisando os veículos envolvidos além de marcas deixadas na rodovia. Uma câmera de segurança flagrou o momento da colisão. Nela é possível perceber que o caminhão está parado, o Kadett reduz a velocidade e poucos segundos depois o ônibus aparece. Não há freada e nem mudança de direção. O ônibus só vai para a esquerda e freia depois que havia prensado o carro contra o caminhão.

Segundo a Polícia Civil, o motorista trabalha há sete meses para a empresa ‘PG Tur’ e nunca havia se envolvido em acidente. Ele atuava no transporte de funcionários de empresas entre as cidades vizinhas dos Campos Gerais. Na hora da colisão, às 7h47 da manhã, não havia passageiros.

A reportagem entrou em contato com a empresa. Uma das responsáveis que atendeu a ligação disse que estavam transtornados com o fato e que o homem “é um bom motorista. Não cabe a nós julgá-lo”. Mais tarde a empresa informou que o veículo envolvido na batida – com placas de Palotina/PR – passou por manutenção no início do mês e que estava com a documentação em dia.

As vítimas

José e Nerli eram os únicos ocupantes do carro. O boletim de ocorrência confeccionado pela Polícia Rodoviária Estadual (PRE) não informa se havia algum tipo de parentesco ou relação entre eles.

Imagem: Reprodução

Natural de Ponta Grossa, José morava no Tronco, zona rural de Castro. Ele trabalhava como autônomo. Segundo o Serviço Funerário, ele não deixa filhos. José Carlos Cordeiro dos Santos será sepultado no cemitério do distrito em que residia.

Já Nerli de Fátima de Lara deixa duas filhas. Jovens de 24 e 22 anos de idade. Ela também morava na zona rural do município, mas na Vila Esperança. O sepultamento da diarista está marcado para o cemitério do Socavão.

Sequência dos fatos

A concessionária CCR Rodonorte, que administra o trecho entre Carambeí e Castro, emitiu nota esclarecendo como o congestionamento que causou a parada dos veículos se formou na rodovia.

  • Diante da pane de um caminhão, que parou de funcionar em decorrência do congelamento da alimentação de óleo diesel, equipes de atendimento da concessionária iniciaram o procedimento para o guinchamento do caminhão da faixa de rolamento;
  • Enquanto ocorria o guinchamento à saída da marginal utilizada como desvio de obra para a construção do viaduto de Castro, uma fila de veículos, de aproximadamente 1,30 quilômetro, se formou ao longo da PR-151;
  • De acordo com a concessionária, o local estava devidamente sinalizado por conta das obras, sendo que foi imediatamente reforçada quando da ocorrência da pane mecânica. Viaturas da concessionária mais ‘homens-bandeira’ faziam a sinalização de emergência de alerta e de final de fila. No interrogatório da Polícia Civil, o motorista do ônibus não foi questionado sobre sinalização;
  • Enquanto o guincho fazia o atendimento ao caminhão que apresentou pane, ocorreu o acidente fatal na rodovia.

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