Mesmo com a pandemia, a rede de restaurantes Madero, que tem sua produção concentrada em Ponta Grossa, está seguindo um plano agressivo de expansão, que prevê praticamente dobrar o seu total de unidades em quatro anos. Devido a isso, vem acumulando dívidas e consequentemente buscando formas de pagá-las sem prejudicar o seu crescimento – e uma delas é a busca de R$ 500 milhões em Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), aprovada recentemente pela empresa.
Em termos comuns, os CRAs são uma espécie de empréstimo. A operação será feita através da emissão de debêntures (“títulos de dívida”) com a Eco Securitizadora com o objetivo de buscar mais investidores para a operação do Madero.
“Este montante, que pode chegar a até R$ 600 milhões em melhores esforços, será direcionado a compras de insumos de produtores rurais agropecuários – o que libera o caixa para outros investimentos e pagamentos”, explica uma fonte ligada à empresa, que ainda está em período de silêncio devido ao seu processo (agora cancelado) de entrada na Bolsa de Valores Brasileira (B3).
As necessidades são duas: a continuação da expansão da rede de restaurantes, já que o Madero possui hoje 258 unidades, mas quer chegar a 500 em 2026, e a renegociação e pagamento de dívidas, feitas principalmente por este projeto de ampliação, que somam R$ 1 bilhão. Antes desta emissão de CRAs a outra tentativa de captação de recursos do Madero foi a abertura de capital, mas o ato foi cancelado na última semana.
Em novembro o Madero também recebeu um aporte de R$ 300 milhões do fundo americano Carlyle, que detém pouco mais de um terço da empresa (34%).
Investimentos
De acordo com fontes ligadas à empresa, a Cozinha Central, localizada em Ponta Grossa, possui capacidade para atender 500 restaurantes. Como a meta da rede é chegar a este número dentro de quatro anos, a empresa já vem se preparando para investir na unidade ponta-grossense.
“Entendemos a importância de continuar expandindo o negócio. Tanto é, que mesmo nos anos de pandemia abrimos 80 restaurantes: 45 em 2020 e 35 em 2021”, lembrou.
Em maio de 2020 o empresário Junior Durski, administrador do Madero, anunciou investimentos de R$ 1 bilhão no Distrito Industrial de PG, voltados à construção de uma fábrica de compostagem, uma de containers e de um segundo complexo fabril para atender o aumento de demanda.
Rankings
De acordo com a última edição do Valor 1000, ranking elaborado pela revista Valor Econômico que classifica os negócios pelas suas receitas líquidas anuais, o Madero é a 728ª maior empresa do país e a 75ª maior dentro do comércio varejista. Segundo a publicação, o grupo fechou 2020 com uma receita líquida de R$ 495,8 milhões, por exemplo.
Em Ponta Grossa, dados da Secretaria Municipal da Fazenda enviados ao DC mostram que o grupo é o 6º que mais fatura com serviços na cidade, já que a classificação segue a ordem dos maiores pagadores de ISSQN (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza).