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Justiça libera 95 presos com tornozeleira em Ponta Grossa

Cerca de 95 detentos de Ponta Grossa deixaram as unidades prisionais para cumprir prisão domiciliar durante a pandemia do novo coronavírus. Em todo o Paraná, foram cerca de 2,5 mil liberados com tornozeleira eletrônica, conforme o Departamento Penitenciário do Paraná (Depen), após recomendação expedida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), de 17 de março.

No entanto, uma liminar impetrada pelo Ministério Público revogou a situação e muitos detentos retornaram às unidades penais. A soltura dos presos foi um temas do quadro da live DC Entrevista, realizado na manhã de sexta-feira (12), com o delegado Fernando Jasinski, do setor operacional e do setor de Homicídios da 13ª Subdivisão Policial (SDP). A entrevista também com dados sobre homicídios em Ponta Grossa e o trabalho da Polícia Civil na elucidação destes casos. Confira a entrevista completa.

Liberação de detentos das unidades prisionais

A soltura de presos, com tornozeleira eletrônica, em decorrência da pandemia do novo coronavírus, pode vir a aumentar a prática criminosa em Ponta Grossa?

Sem dúvidas de que isso possa vir a acontecer. Percebemos pelas investigações e lavraturas de flagrantes que a maioria dos indivíduos que realizamos as prisões, são de pessoas reincidentes. Muitas vezes, você prende três, quatro e até cinco vezes o mesmo indivíduo pela prática de determinados crimes.

Isso não é raro acontecer. Pessoas que estejam utilizando tornozeleira eletrônica acabam se envolvendo em crimes. Essa situação, no entanto, compete ao Departamento Penitenciário (Depen), mas pelo que sabemos, foram 95 presos liberados em Ponta Grossa nesse período de pandemia. Mas parece que o Ministério Público pleitou essa questão que passou a ser revogada.

Existe, ainda, a questão dos interesses conflitantes, pois a tornozeleira tende a reincidência e pode implicar no aumento dos índices criminais.

Queda dos homicídios durante a pandemia

E como estão os crimes de homicídios em Ponta Grossa? Eles apresentaram uma certa redução durante a pandemia?

Os números estão similares ao ano passado. Até o dia 31 de maio de 2019, nós tivemos 18 homicídios registrados. Nesse ano, durante o mesmo período, foram 20 homicídios. Mas, durante esse período de pandemia, os números são os mesmos, com quatro crimes em 2019 e quatro crimes nesse ano. É importante destacar que durante o período de pandemia, embora haja preocupação crescente de crimes de violência de gênero, não houve nenhum feminicídio registrado. Tivemos dois antes da pandemia.

Reestruturação da Polícia Civil para investigação de crimes

A 13ª Subdivisão Policial passou, recentemente, por um processo de reestruturação. A partir disso, como se deu o trabalho da Polícia Civil para a resolução de muitos crimes que ainda precisavam ser elucidados?

Essa reestruturação é um dos pontos fortes da gestão do delegado Nagib Nassif, delegado-chefe da 13ª SDP. Antes nós tínhamos quatro distritos e a maioria dos crimes eram apurados por lá. Agora temos uma divisão de duas centrais de inquéritos para investigar os crimes mais antigos e demais crimes que estão relacionados aos homicídios.

Essa mudança na gestão impulsionou o número de prisões e também das operações realizadas, que foram mais de 100% em 2019 se comparada a 2018. Além disso, nestas mudanças, trouxemos situações de tentativas de homicídios que antes eram apuradas por distritos, com incremento de mais investigadores.

Motivos que levam à prática dos homicídios em Ponta Grossa

Quais são os principais motivos que levam a estes crimes? Desentendimentos ou tráfico de drogas, por exemplo?

A maioria dos homicídios estão relacionados ao tráfico de drogas. Na semana passada, por exemplo, dois homens foram presos suspeitos de praticar quatro homicídios e uma tentativa em Ponta Grossa. Os crimes ocorreram no ano passado e de forma muito semelhante.

Três das vítimas foram amarradas e dois corpos foram carbonizados. Através das investigações, nós representamos pela prisão preventiva dos autores e na casa de um deles nós encontramos mais de seis quilos de crack, anotações de movimentações de drogas e mais de R$ 15 mil em dinheiro. Ainda nesta situação, um terceiro suspeito de praticar estes crimes se apresentou à polícia nesta semana.

Então você percebe que os crimes de Ponta Grossa têm uma relação íntima com o tráfico. Em seguida vem os desentendimentos. Por isso, a nossa polícia precisa estar aliada com a população com operações que visam combater o tráfico de drogas.

Trabalho conjunto das forças de segurança

Um trabalho conjunto entre Polícia Civil, Guarda Municipal, Polícia Militar, PRE e PRFpara combater o tráfico de drogas pode ajudar na redução destes crimes?

Observamos que, desde o ano passado, houve um incremento de apreensões de drogas em Ponta Grossa através de um trabalho conjunto. A Polícia Militar através do patrulhamento ostensivo, além das apreensões nas rodovias pela PRF e PRE. A Guarda Municipal também tem realizado prisões cada vez mais significativas.

Elucidação dos homicídios em Ponta Grossa

Muitos crimes ainda precisam ser elucidados em Ponta Grossa?

Historicamente, Ponta Grossa sempre teve um dos índices de elucidação de homicídios mais alto do estado, entre 80 a 90%, índice superior a muitos países desenvolvidos. Isso é fruto de um trabalho de uma equipe comprometida e que veste a camisa para elucidar estes crimes.

Temos homicídios novos que estão sendo investigados, mas continuamos trabalhando na elucidação dos homicídios passados. Dentro da percepção penal, muito se cobra a Polícia Civil que é a instituição mais próxima da população. Mas o nosso trabalho se resume na questão da investigação para descobrir a autoria dos crimes. Aliado a isso, nós temos outras instituições como o Ministério Público e o Poder Judiciário que trabalham para que tenhamos êxito nestas prisões.

Ajuda da população nas investigações

Qual a importância das denúncias para contribuir com as investigações?

A Polícia Civil trabalha com informações da população no processo de investigação. Hoje nós temos o Whatsapp de denúncias que nos auxiliam muito. As pessoas também podem repassar informações pessoalmente na 13ª SDP. Temos todas as ferramentas necessárias para garantir o anonimato de quem denuncia. As informações são extremamente relevantes para a apuração dos fatos e geram um grande aumento de prisões com a ajuda da população. A segurança pública é um dever de todos.

Canais de denúncias via Whatsapp

Operacional – (42) 99827-9684

Setor de Homicídios e desaparecidos – (42) 99807-9691

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