em

Júri condena motorista a 11 anos por atropelar e matar idoso

Corpo do aposentado ficou caído na Rua Generoso Martins de Araújo, na Nova Rússia. Foto: Arquivo DC/Fábio Matavelli

O Tribunal do Júri condenou às 16h24 desta terça (10) o réu Éder Batista de Andrade a 11 anos de prisão em regime fechado por atropelar e matar Rubens Krum, de 82 anos de idade, em agosto de 2014. O caso foi no bairro Nova Rússia, em Ponta Grossa. O crime chocou a comunidade local na época, pois o corpo da vítima havia sido arrastado por pelo menos 500 metros até ficar caído sem vida próximo do meio-fio. O condenado pode recorrer da sentença em liberdade.

Na sentença, o juiz de Direito Substituto, Luiz Carlos Fortes Bittencourt, relatou que o júri excluiu do crime a qualificadora de meio cruel. Foram 4 votos a 3 pela exclusão. Em contrapartida, a pena teve aumento por antecedentes e pela idade da vítima. O fato do réu ter admitido o atropelamento durante a sessão serviu como atenuante.

“A defesa sempre tentou enquadrar como crime de trânsito, mas nós conseguimos que os jurados entendessem como dolo, ou seja: que o réu assumiu o risco de matar. Quase conseguimos a pena máxima. Foi positivo”, destacou o assistente de acusação Rudolf Christensen.

Depoimento

Éder foi ouvido presencialmente no Fórum de Ponta Grossa por mais de 15 minutos ainda no início da sessão. Durante o interrogatório, ele tinha a possibilidade de ficar em silêncio – como havia feito em procedimentos anteriores. No entanto, optou por responder aos questionamentos.

O réu admitiu que conduzia a Dodge Dakota e que estava sozinho no momento do acidente. Éder também assumiu que atropelou o idoso, o que não havia relatado logo depois do episódio.

Segundo o acusado, naquela manhã de sábado, ele havia acabado de sair da casa de um amigo, na qual cortaria o cabelo. Como o rapaz não tinha horário disponível, Éder resolveu voltar para casa. No cruzamento da Rua Londrina com a Avenida Dom Pedro II, ele atingiu Rubens, que ficou preso pelas vestes na caminhonete.

No depoimento em juízo, Éder, que está com 31 anos de idade, disse não viu ou sentiu qualquer impacto. Disse também que estava devagar.

Outros condutores testemunharam o corpo de Rubens Krum sendo arrastado pela rua e tentaram alertar o motorista para o fato, mas a caminhonete seguiu caminho. No Fórum, o réu afirmou que o rádio do carro estava ligado e apresentou versão de que tinha desavença com o antigo dono do veículo. Por isso teria ficado com medo de que os sinais que recebia tivessem relação com intimidação.

Éder relatou ao júri que percebeu se tratar de uma pessoa atropelada apenas quando o corpo do idoso se desprendeu da Dodge Dakota. Afirmou que sentiu medo de represálias e fugiu do local.

O motorista ainda admitiu que estava com a CNH suspensa no dia do acidente e que não prestou desde então auxílio para a família da vítima. “Até ontem [dia 9] nunca tive coragem de ver fotos ou pesquisar sobre isso”, disse.

No dia do atropelamento, a polícia localizou o veículo abandonado em uma rua próxima de onde o corpo do idoso ficou caído. Mais tarde, Éder apareceu na delegacia registrando um boletim de ocorrência. Ele alegava ser vítima de assalto a mão armada e que estava como refém no banco do passageiro na hora do acidente.

A versão dele, no entanto, foi desmontada por testemunhas que o reconheceram como condutor da caminhonete no atropelamento e que informaram que o motorista estava sozinho.

No julgamento, o réu contou que o ano de 2014 estava conturbado, pois havia perdido a mãe recentemente. Justificou que criou a história do assalto para não ‘trazer mais um problema à família’.

O réu parou de responder questões a partir do momento em que a acusação quis realizar confrontação de laudo durante o interrogatório. A defesa fez a orientação ao cliente.

Histórico

Cerca de seis meses antes da morte de Rubens Krum, o motorista havia se envolvido em outro acidente fatal na região. Segundo Éder, ele havia acabado de retirar uma Saveiro da oficina mecânica. Porém, a roda do veículo se desprendeu em meio ao trajeto na BR-376. A peça atingiu uma pessoa, que entrou em óbito.

Relembre o acidente que vitimou Rubens Krum

O acidente foi registrado em um sábado – 30 de agosto de 2014 – por volta das 10h da manhã. A caminhonete Dodge Dakota, ano 1999, passava pelo movimentado cruzamento da Rua Londrina com a Avenida Dom Pedro II, onde atropelou Rubens Krum, que caminhava até uma farmácia.

O impacto deixou o idoso preso por um pedaço de roupa no para-choque do veículo. O autor arrastou o corpo por cerca de quatro quadras, se desprendendo somente na Rua Generoso Martins de Araújo – a 505 metros do local onde ocorreu o primeiro impacto. O motorista não prestou socorro. Rubens Krum sofreu politraumatismo e morreu na hora.

Diferentes pessoas testemunharam o acidente e deram depoimentos em juízo. Todos relataram que populares alertaram o condutor sobre o corpo sendo arrastado, mas em nenhum momento o motorista fez menção de parar.

O aposentado Rubens Krum deixou quatro filhos. Entre eles, Maribel Krum de Andrade – atual chefe da Guarda Municipal de Ponta Grossa. O corpo do idoso foi sepultado no dia seguinte no Cemitério São João Batista.

Participe do grupo e receba as principais notícias da sua região na palma da sua mão.

Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.