O impasse na doação de um terreno, pertencente à Prefeitura Municipal, gerou atrasos na implantação do Instituto Federal do Paraná (IFPR) em Ponta Grossa. O instituto seria uma das pontas do projeto da Cidade do Conhecimento, viabilizada através de uma parceria entre a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e o Município, onde seriam agrupadas diversas frentes da inovação em apenas um espaço, incluindo o IFPR, o Parque Tecnológico, além de uma montadora de veículos no mesmo local.
De acordo com o reitor da UTFPR, Luiz Alberto Pilatti, uma das principais frentes para o projeto é de que a Prefeitura de Ponta Grossa doe um terreno – onde existe uma escola localizada ao lado da UTFPR – para a construção de um prédio para o funcionamento de uma agência de inovação, aliada com a oferta de cursos do IFPR e Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
O acordo para a doação foi firmado em agosto de 2018. No entanto, meses se passaram e o terreno que seria disponibilizado pelo Município ainda não foi doado para a universidade, fator que impossibilita a viabilização do projeto.
"Tenho cobrado a Prefeitura semanalmente e até agora não tivemos nenhum retorno. A justificativa que nos dão é que a doação está tramitando em cartório. A Câmara de Vereadores aprovou uma lei municipal em que autoriza a doação da área, só falta o prefeito assinar. E, enquanto isso, o mesmo projeto que nós tínhamos aqui já está sendo adotado no norte do Paraná", disse Pilatti.
Ontem, o prefeito Marcelo Rangel (PSDB) assinou uma retificação no termo que determina a doação do terreno à UTFPR. De acordo com a Secretaria de Governo, “ao fazer o desmembramento no local, foram identificados alguns equívocos na medição que está na lei da doação”. Com isso, a retificação assinada ontem por Rangel precisa ser encaminhada à Câmara de Vereadores, ser aprovada pelo Legislativo, em seguida ser sancionada pelo prefeito, para enfim a implantação do IFPR e da Cidade do Conhecimento poderem prosseguir.
Para o diretor geral do campus da UTFPR em Ponta Grossa, Antônio Augusto de Paula Xavier, o projeto do IFPR e Cidade do Conhecimento, apresentado à Prefeitura no ano passado, foi aprovado por unanimidade e a garantia seria a doação imediata do terreno.
"Mas a morosidade começou de uma hora para a outra. Na época, a Prefeitura ainda garantiu que cuidaria da parte de infraestrutura ao redor da área e nada foi feito. A nossa preocupação é de que agora, com a mudança de governo federal, tenhamos que refazer o projeto. Algo que já estava sacramentado. Sentimos que foi uma perda momentânea e que Ponta Grossa estava próxima de uma oportunidade de ouro", ressaltou Xavier.
O deputado federal Sandro Alex (PSD) também participou das negociações sobre a implantação do IFPR junto ao Ministério da Educação no ano passado. Por conta do impasse, o parlamentar garantiu que voltará a se reunir com o MEC para retomar as negociações. "Já estive com o novo ministro (Ricardo Vélez Rodríguez) e vou me reunir com ele no mês de fevereiro para tratar sobre esse projeto em Ponta Grossa que poderá se tornar referência em todo o país", garantiu.
Repasses
A Justiça Federal de Ponta Grossa também abraçou a causa e em 2018 repassou à UTFPR cerca de R$ 300 mil para a compra de equipamentos que seriam utilizados no IFPR.
"O repasse foi feito por se tratar de um projeto interessante. Os equipamentos, inclusive, já estão sendo utilizados pela universidade. Por isso, é fundamental o envolvimento do Município para que possamos concretizar algo tão importante. Além disso, os recursos tributários desse serviço terão um importante retorno para a cidade através do Imposto Sobre Serviços (ISS)", comentou o juiz federal Antônio César Bochenek.
Prefeitura
O prefeito de Ponta Grossa, Marcelo Rangel, garantiu que a Cidade do Conhecimento é uma das suas principais metas até o final do mandato. "Este é um estudo complexo técnico e agora com o apoio do governo do Estado nós teremos uma facilidade maior. Aguardamos a reestruturação do governo para que o Estado possa também entrar de cabeça nesse projeto bastante audacioso para Ponta Grossa", alegou o prefeito.
Com relação ao apoio por parte do Município, Rangel garantiu que é possível trabalhar com várias tentativas para a implantação do IFPR na cidade.
"Pode haver a doação de um terreno como também existir a possibilidade de uma área compartilhada entre a Prefeitura e a UTFPR para que possamos trabalhar em conjunto. Ainda não chegamos a este denominador comum, pois ainda poderemos ter a participação direta do governo do Estado, por isso, vale a pena esperar um pouco para vermos quais caminhos serão adotados", disse.
Sobre a doação do terreno localizado ao lado UTFPR, o prefeito disse não existir nenhum problema com relação a doação. "Nesta área funciona uma escola estadual. Os alunos foram realocados neste espaço e nós aguardamos o pronunciamento do governo estadual para analisar a melhor maneira de ver esta situação. Nós não voltamos atrás com as nossas intenções de passar todo o imóvel para o complexo da Cidade do Conhecimento", garantiu o prefeito.
Instituto Federal de PG seria referência para outras cidades
Se viabilizado, o Instituto Federal do Paraná (IFPR) poderá se tornar referência para outras cidades do Paraná. De acordo com o professor Odacir Antonio Zanatta, reitor Pro tempore do IFPR, o projeto na cidade prevê a oferta de cursos técnicos tornando-se, dessa forma, um Centro de Referência.
"É importante destacar que o IFPR de Ponta Grossa estaria ligado ao campus de Curitiba e os professores dariam aulas no município a partir de Telêmaco Borba e Irati, por exemplo. O pagamento a estes profissionais viria do MEC", destacou o reitor.
Os cursos ofertados pelo IFPR têm duração de dois anos e são totalmente direcionados ao mercado de trabalho. "É uma educação pública, gratuita e de qualidade, ministrada por professores com alto grau de qualificação".
Projetos parecidos com o de Ponta Grossa já foram viabilizados em cidades como São José dos Pinhais e Arapongas. "Em Ponta Grossa, a parceria do IFPR, UTFPR e UEPG seria muito importante para colaborar com um bom desenvolvimento no arranjo produtivo, cultural e social local", garantiu Odacir.
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