Previsto inicialmente para fevereiro de 2021, o início da produção de caminhões da Tatra em Ponta Grossa foi novamente postergado. A última estimativa era de que, após ser adiado diversas vezes devido ao agravamento da pandemia, o ‘start’ da montadora na cidade seria feito em junho deste ano, mas com a guerra no Leste Europeu no país que fica a menos de 500 km da sede da indústria os planos tiveram que ser atrasados novamente. Porém, a meta segue sendo iniciar a operação da fábrica em 2022.
As informações foram obtidas pela reportagem do jornal Diário dos Campos e portal dcmais com fontes ligadas à empresa, que foi fundada em 1850 e escolheu Ponta Grossa para receber a sua primeira planta fora do seu país de origem – a República Tcheca.
“Um dos primeiros países que aplicou sanções econômicas contra a Rússia foi a República Tcheca, e isso gerou impacto para a Tatra por ela ter muitos negócios envolvidos com aquele país, incluindo a importação de componentes utilizados nos seus caminhões. Portanto, enquanto houverem sanções vai ser ‘dada uma segurada’ na unidade de PG”, revelou uma das fontes ao DC.
Como nem todo o maquinário importado chegou à Ponta Grossa, as contratações também devem ser feitas apenas a partir do segundo semestre deste ano.
Negociações
De acordo com as fontes consultadas pelo DC a Tatra ainda não fechou contratos de compra e venda de componentes e caminhões em Ponta Grossa, mas já tem diversas negociações em andamento.
Em relação aos componentes, uma parte deve ser comprada do exterior devido ao fato de não haver opções do chassi encorpado necessário para a rigidez e o off-road dos veículos da marca, mas outra deve ser obtida de fornecedores brasileiros. Tanto é, que se estuda parceria com a DAF de Ponta Grossa para o fornecimento de peças para as cabines e o próprio motor dos caminhões Tatra, que já utilizam na Europa a marca Paccar – detentora da DAF.
Devido à negociações também para a venda de caminhões, a Tatra deve iniciar a sua produção em Ponta Grossa com caminhões para o setor civil, e apenas posteriormente veículos militares. Os focos iniciais serão os setores de mineração, florestal e sucroalcooleiro.
Tatra Ponta Grossa
A produção da Tatra em Ponta Grossa será feita no Distrito Industrial, em um condomínio localizado às margens da BR-376. A empresa também está construindo uma pista de testes em um terreno próximo à Crown Embalagens, que foi doado pela Prefeitura Municipal através da Lei 13.904, de 16/12/2020.
A Licença Prévia liberada em janeiro para a montadora prevê a produção de até 20 caminhões por dia, todos off-road voltados para solos difíceis.
A estimativa é de que sejam investidos R$ 102 milhões até 2026 na chamada Tatra Bras e sejam gerados até 300 empregos diretos, contratados de forma gradual.
Polo industrial de caminhões
Ponta Grossa vem se consolidando como polo industrial de caminhões. Além da vinda da Tatra, a cidade já sedia desde 2013 a primeira fábrica da DAF fora da Europa – empresa que iniciou um investimento de US$ 70 milhões (mais de R$ 355 milhões, de acordo com a cotação atual) para ampliar a planta ponta-grossense.
A novidade está relacionada a melhorias na fábrica visando modernizações, adaptação ao Euro 6 (conjunto de regras que visa reduzir a emissão de poluentes) e aos planos da companhia de iniciar suas exportações para a América Latina e também de aumentar sua participação no mercado nacional; para esse ano, por exemplo, a meta é crescer 20% em mercado.
Demanda por caminhões novos cresce em todo o país
Os novos investimentos vêm de encontro ao aumento da procura por novos caminhões no Brasil. Segundo a Fenabrave, federação que reúne as associações de concessionários, dentre todos os segmentos do setor automotivo, o de caminhões foi o que registrou o maior crescimento em vendas de 0km em 2021: foram 43% a mais do que no ano anterior.
O desempenho resultou no maior volume de vendas desde 2015 e é atribuído às demandas aquecidas do agronegócio, construção, mineração e e-commerce. Para 2022, por enquanto a projeção da Fenabrave estima um crescimento por volta de 7% nas vendas de caminhões – que, se realizado, alcançaria volume acima de 136,6 mil unidades negociadas.
