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Fim de auxílio emergencial e acordos trabalhistas deve impactar economia de PG

Fábio Matavelli/Arquivo DC

Por Millena Sartori/DCMAIS

Dois importantes programas criados pelo Governo Federal em abril para o combate às consequências econômicas geradas pela pandemia do novo coronavírus venceram junto com o fim de 2020: o benefício emergencial, como foi chamado o programa que permitia acordos trabalhistas de redução de jornada, suspensão de contratos e intermitência, e o auxílio emergencial, que concedeu pagamentos mensais a desempregados, informais, autônomos, microempreendedores individuais (MEIs) e mães solteiras – e o fim de ambos deve impactar a economia de Ponta Grossa, assim como de todo o país.

Somados, ambos os programas beneficiaram pelo menos 101.748 ponta-grossenses – 28,6% de toda a população da cidade, ou seja, mais de 1 a cada 4 habitantes.

“A economia local não tinha perdido tanto a sua dinâmica e boa parte de ter conseguido retomar empregos e a circulação de renda e dinheiro por por conta do auxílio emergencial, não há dúvida disso. Vejo com grande preocupação o fim do auxílio emergencial”, avalia a prof. Dra. Augusta Pelinski Raiher, pesquisadora do Núcleo de Economia Regional e Políticas Públicas (Nerepp) da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

Para ela, neste período pandêmico a chamada “mão invisível do mercado”, basicamente a não-interferência do governo, não é o suficiente para manter o padrão de relações devido à queda da demanda de circulação de pessoas e do consumo.

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Acordos

A especialista também aponta que, pensando isoladamente, o fim dos acordos trabalhistas não deve gerar tantos impactos econômicos em Ponta Grossa, mas juntando a extinção dos dois programas a situação é preocupante. “Sobre o fim dos acordos não vejo tanto risco porque a economia de Ponta Grossa deu uma retomada bem expressiva pós-agosto, enquanto que a nível Brasil o impacto foi mais intenso – mas foi o auxílio emergencial que proporcionou boa parte da dinâmica econômica”, analisa a Dra. Augusta.

Seguindo nesta linha de raciocínio, a economista alerta que enquanto uns setores devem sentir um impacto menor com o fim dos acordos, outros podem ser mais prejudicados – como a indústria, por exemplo. “A indústria pode ser que seja atingida mais intensamente em Ponta Grossa porque não depende apenas da dinâmica local, mas sim de fatores externos”, alerta.

No entanto, o coordenador da câmara técnica de indústria do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Ponta Grossa (CDEPG) e integrante da diretoria do Núcleo das Indústrias (NDI) da associação do setor da cidade (ACIPG), Marcos Gueibel, discorda.

“Esses acordos devem ter sido feitos por empresas menores, porque todas as grandes da cidade trabalharam próximas da capacidade de produção. Um exemplo é a Braslar [fabricante de fogões], que fez um grande acordo com os funcionários mas por ter um estouro de vendas não só os chamou de volta, como contratou novos”, conta Gueibel.

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