A Coordenadoria de Processos de Seleção da Universidade Estadual de Ponta Grossa (CPS-UEPG) assumiu ontem erro no resultado do Vestibular 2020. A lista havia sido divulgada no dia 28 de maio. A falha no sistema computadorizado afetou diretamente 29 pessoas que disputavam vagas para 15 cursos da instituição pública de ensino.
Em nota, a UEPG explicou o problema: “O sistema, automatizado, migrou as vagas restantes da cota de candidatos negros oriundos de escola pública para a cota universal, quando essas deveriam ser migradas para a cota de candidatos oriundos de escola pública”. Diante da falha, a universidade publicou o resultado retificado na manhã de ontem.
Não houve qualquer alteração de notas. No entanto, 29 candidatos que estavam inicialmente na lista de aprovados da ‘cota universal’ foram realocados para a lista de espera por conta do erro.
Eles são dos cursos de Administração – Comércio Exterior (matutino); Agronomia (integral); Ciências Biológicas – Bacharelado (integral); Ciências Contábeis (matutino); Ciências Contábeis (noturno); Direito (noturno); Educação Física – Bacharelado (integral); Educação Física – Licenciatura (noturno); Engenharia Civil (integral); Engenharia de Computação (integral); Engenharia de Software (noturno); História – Licenciatura (noturno); Jornalismo – Bacharelado (integral); Letras Português/Inglês – Licenciatura (noturno); Serviço Social (matutino).
Frustração
Um dos cursos com mais candidatos afetados foi Direito. Ao menos três jovens que viviam o sonho da formação agora estão em situação de incerteza. Um deles é Guilherme Trierweiler Odeli, morador de Pato Branco, no sudoeste do estado. Ele passou de aprovado na UEPG para primeiro nome na lista de espera.
Guilherme, ao menos, tem a segurança de quem também foi aprovado na FURG e Unipampa, federais do Rio Grande do Sul. No entanto, cursar a UEPG é a prioridade. “Já estava programado de morar com o meu irmão e nosso amigo. Eles passaram em Física e Química”, conta.
Foto: Arquivo Pessoal
O rapaz de 21 anos crê que pode ser convocado em segunda chamada, mas a incerteza atrapalha. “Provavelmente, até a segunda convocação, irei perder umas duas semanas de aula. Agora ainda estou em dúvida se garanto vaga no Rio Grande do Sul até ficar tudo definido em Ponta Grossa. Se eu efetivar matrícula na FURG, vai tirar momentaneamente a vaga de alguém de lá, o que eu não queria”, explica.
Situação diferente vive Pamella Ribeiro. Aos 21 anos, a ponta-grossense só prestou o Vestibular da UEPG neste ano. Depois da retificação, caiu para o terceiro lugar da mesma lista de espera. “Vou esperar a segunda chamada mesmo. Fiquei muito triste, pois nunca aconteceu de errarem o resultado. Foi um choque saber que eu dormi tendo uma vaga e acordei na incerteza”, comenta.
Uma terceira candidata prejudicada pediu à reportagem para não ser identificada, tamanha é a tristeza. Depois de festejar a vaga, ela ainda não havia avisado toda a família sobre a queda para a lista de espera. “Até já tinha comprado algumas coisas para o curso, pois estudei muito para isso e era um sonho para mim. Foi muito triste ter escutado o meu nome, ter certeza da minha vaga e, do nada, não ter mais. A certeza virou apenas uma expectativa”.
Ela também só prestou Vestibular na UEPG. Tentando assimilar o que ocorreu, a candidata ainda teve tempo de pensar em dezenas de pessoas afetadas pela situação. “Além dos que passaram na primeira chamada e foram para a lista [de espera], todos aqueles da lista saem prejudicados também”, afirma.
UEPG pretende prestar apoio aos prejudicados
Em nota divulgada durante a tarde, a Universidade Estadual de Ponta Grossa lembrou que o processo envolvia ao todo 1.415 vagas, esclareceu que as provas e pontuações permanecem íntegras, e afirmou contatar os prejudicados pela falha.
“A UEPG está entrando em contato com os candidatos impactados pela retificação do edital para explicar a situação e oferecer apoio”, diz.
“Como o erro foi constatado antes da matrícula, a CPS assumiu a falha do sistema e retificou o edital”, acrescentou a Universidade, que disse estar atuando para que erro semelhante não volte a ocorrer. “A UEPG reitera o trabalho contínuo das equipes para que erros desta natureza não ocorram novamente”, concluiu.