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Em 13 dias de hospital cheio, 75 são sepultados sem velório

Arquivo DC
Foto: Arquivo DC

Em apenas 13 dias, Ponta Grossa registrou 75 óbitos de pacientes com covid-19 ou com suspeita da doença. O levantamento feito pela reportagem junto ao Serviço Funerário Municipal de Ponta Grossa mostra que entre os dias 18 de fevereiro e 2 de março, período em que os leitos de UTI do Hospital Universitário exclusivos para pacientes covid do SUS estiveram 100% ocupados, 75 corpos foram sepultados sem velório, seguindo o protocolo de segurança da pandemia.

Desses óbitos, 11 ocorreram em hospitais distantes de Ponta Grossa – possivelmente os pacientes foram transferidos para outros municípios por falta de leitos sob gestão do Sistema Único de Saúde. Outros oito faleceram na UPA Santa Paula – sequer foram transferidos para um hospital – e seis morreram em suas próprias residências. Não foi possível apurar a causa, mas sabe-se que a principal porta de entrada de pacientes covid, a UPA, também trabalhou com superlotação no período.

Dos 75 óbitos que seguiram do leito de morte direto para um cemitério, 33 estavam internados no Hospital Universitário, que é referência da covid-19 nos Campos Gerais para pacientes do SUS. A quantidade de vidas perdidas no hospital em menos de duas semanas pode dar uma leve ideia do estado emocional dos profissionais que há quase um ano estão na lida diária dessa tragédia. Os demais óbitos ocorreram em hospitais particulares locais, como Geral Unimed, Santa Casa e Bom Jesus.

Exemplos

Entre os oito pacientes que foram a óbito na UPA, estavam duas mulheres, uma de 54 anos e outra de 51 anos. As duas faleceram no dia 21 de fevereiro, a primeira, A.P.R., era dona de casa e M.M.N. era inspetora escolar e mãe de dois filhos. Sobre essa jovem senhora, quatro dias após o óbito, a Fundação Municipal de Saúde informou que a causa morte não foi covid. No entanto, até então era essa a principal suspeita médica.

Dos seis pacientes que morreram em suas residências e foram sepultados sem velório, encontram os casos de E.J.C., de 48 anos, que faleceu no dia 21 de fevereiro; o encarregado de sauna C.O.R., de 66 anos, que morreu no 24 seguinte e o servente de pedreiro J.M.P., de 55 anos, que partiu no dia 25 de fevereiro.

A superlotação de leitos dos hospitais públicos e privados vem ocorrendo em todo o Paraná e na maior parte do Brasil. Embora estejam sendo abertos novos leitos nos Campos Gerais, a exemplo dos 35 no Hospital Cruz Vermelha, em Castro, a quantidade crescente de casos com necessidade de atendimento hospitalar e a maior permanência dos pacientes internados (cerca de 11%, segundo o secretário estadual da Saúde Beto Preto) a demanda supera a oferta e a fila de espera cresce.

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