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Deficientes visuais enfrentam problemas de locomoção em PG

Jeferson e Marli, deficientes visuais, acompanhados do educador social Flavio Foto: José Aldinan

Pessoas com deficiência visual relatam dificuldades para se locomover nas ruas de Ponta Grossa. Além da falta de acessibilidade nas principais vias, existe também o problema dos objetos que estão localizados no meio das calçadas, como postes de iluminação e lixeiras. Situação que já ocasionou acidentes graves.

O paratleta Jeferson Luan Almeida de Oliveira, 29 anos, perdeu a visão quando estava com 22 em decorrência da diabetes. Além dos buracos e calçadas desniveladas, ele comenta sobre a falta de pisos podotáteis na cidade.

“Os pisos fazem muita falta nas principais áreas centrais da cidade como os terminais de ônibus, na Avenida Vicente Machado e também no Calçadão, por exemplo”, disse Jeferson.

Ele conta ainda que em alguns lugares os pisos existem, mas que já estão gastos por conta do tempo. “Nós não conseguimos sentir com a bengala, o que impede o rastreamento durante o trajeto”, reforçou.

O mesmo problema é enfrentado pela deficiente visual Marli Martins, de 53 anos. Ela perdeu a visão há cinco anos em decorrência de um glaucoma e está reaprendendo a se locomover.

“Os pisos podotáteis apresentam várias falhas e não são completos durante o trajeto. Além disso, as pessoas não respeitam e deixam o mato crescer na frente de casa e materiais jogados na calçada. Nós que perdemos a visão tivemos que nos reeducar, mas os outros não são educados com nós”, comentou Marli.

Orientação e mobilidade

O educador social, Flavio Rosa, é licenciado em educação física e pós-graduando em educação especial e inclusiva. Ele atua na Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Visuais (Apadevi) com um trabalho de orientação e mobilidade para que os alunos passem a criar autonomia para se locomover nas ruas.

“Eles aprendem sozinhos a pegar ônibus e ir no mercado, por exemplo. Uma das técnicas que utilizamos é a localização pelas paredes. Ou então a identificar o barulho dos veículos para saber o momento exato de atravessar a rua. Outro ponto é aguçar os outros sentidos como sentir o cheiro do pão e saber que está próximo de uma padaria. É importante que eles criem um mapa na cabeça deles”, explica.

Flavio lembra que a falta de mobilidade já prejudicou alunos da instituição. “Muitos deles já deram com o rosto nas lixeiras e postes. Outros já caíram com o rosto no chão e quebraram dentes por conta de uma calçada irregular”, lembrou.

O que diz a prefeitura

No começo do mês, a Prefeitura de Ponta Grossa pintou o piso podotátil já existente nas praças Duque de Caxias e Praça do Expedicionário. No entanto, outras praças da cidade, inclusive no Parque Ambiental, não contam com esse item que facilita a locomoção. 

A reportagem do jornal Diário dos Campos e portal DCmais questinou a prefeitura sobre a instalação dos pisos podotáteis em mais locais da cidade. Em nota, o Município informou que “não há direcionamento específico de compras e licitações para a sua implantação, uma vez que as obras realizadas, por exemplo de asfalto, já possuem a previsão de acessibilidade”, disse a nota. 

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