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Conheça a história de Jair: que vive e corta cabelo em ruas de Ponta Grossa

Jair: um barbeiro a pé nas ruas de Ponta Grossa (Foto: Fábio Matavelli)

A cena é inesperada. Diante de uma agência bancária, Jair de Amorim de Silva, 33 anos, manuseia com perícia a tesoura para concluir mais um corte de cabelo. Nascido em Sorocaba (SP), os caminhos tortuosos da vida o levaram a cortar cabelos em via pública em Ponta Grossa.

Jair não esconde como tudo aconteceu. Excesso de bebida alcoólica e passagem pela prisão fizeram com que ele deixasse para trás um casamento, um endereço fixo e ponto comercial. Mas isso é passado. Jair garante que o momento agora é outro. Vive dias difíceis, de sobrevivência na rua, juntando trocados com o trabalho de barbeiro para poder, quem sabe, voltar a ter uma moradia.

“Fiquei um tempo encarcerado e aprendi a ser um ser humano de verdade. Não quero tráfico de drogas, nem proporcionar assalto a carro forte, nem bala perdida na cabeça de criança inocente”, garante.

Experiência como barbeiro ele tem há tempos. Desde a adolescência corta cabelo. Agora, morando na rua há cerca de dois anos e conhecendo de perto as dificuldades que muitos vivenciam diariamente, ele não só tira a subsistência do trabalho improvisado, como também realiza serviço voluntário. “Corto cabelo em asilo, e também para os motoboys, que estão aí fazendo entrega de lanche pra todo mundo”, diz o barbeiro, que vive nas imediações de agência bancária na Rua Augusto Ribas.

Paz

Jair trabalha e vive nas ruas, buscando se reerguer. “Decidi não ficar com a razão, mas com a paz. Deixar tudo pra lá. Eu sei conversar, tenho bastante cliente espalhado em 17 ‘bairros’, faço atendimento residencial, tudo em ordem e com compromisso de horário”, diz o barbeiro, que não pretende voltar a trabalhar como empregado, mas gostaria de ter os equipamentos que hoje lhe fazem falta: uma boa cadeira, espelho, secador, chapinha… uma barbearia completa.

Por enquanto, a curto prazo, ele economiza para consertar sua máquina de aparar, que acabou quebrando. Cobra R$ 10 o corte, mas o cliente pode pagar mais, se quiser, e se puder.

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