Estudo feito nacionalmente pelo Instituto Paraná Pesquisas nos meses de abril e maio sobre o impacto da pandemia do novo coronavírus na população brasileira alerta para questões relacionadas à saúde mental durante este período de crise.
Aliado a isso, pesquisa realizada na semana passada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) com cerca de 400 médicos de 23 estados e do Distrito Federal, correspondentes a 8% do total de psiquiatras do país, mostra que 89,2% dos especialistas entrevistados destacaram o agravamento de quadros psiquiátricos em seus pacientes devido à pandemia de covid-19.
Médica psiquiatra no Super Dr. Saúde Integrada, de Ponta Grossa, Stephânia Campregher explica que, num primeiro momento, ao ser decretada a pandemia do novo coronavírus e a orientação para que as pessoas ficassem em casa, houve queda no número de atendimentos em consultório.
“Foi uma situação que se manteve por cerca de duas semanas. Depois disso, percebemos o retorno dos pacientes, sendo que a queixa da maioria deles está relacionada à questão da pandemia”.
Segundo Stephânia, casos de ansiedade e depressão estão sendo registrados em maior número.
“Isso se deve à maior insegurança em relação à própria saúde, a saúde dos familiares, medo de contágio, assim como ansiedade em relação à questão financeira”, frisa.
Casos de depressão, pela falta do convívio familiar, a impossibilidade de fazer exercício físico ou manter outras atividades também são registrados.
O Paraná Pesquisas pontou ainda que de um mês para outro cresceu a quantidade de pessoas que aumentaram o consumo de bebida alcoólica durante o período de isolamento social, especialmente entre os jovens.
“Estamos confinados, recebendo menos estímulos. Assim, quando os jovens deixam de ir a festas, barzinhos, encontrar os amigos, isso acarreta na procura, dentro de casa, por algo que proporcione prazer imediato.
Além disso, os jovens são a parcela da população que comumente faz mais uso de álcool – como recreação. Assim, uma vez que não estão em bares ou festas, mantêm este padrão, só que dentro de casa”, explica.
Como manter a saúde mental
Stephânia ressalta que, devido à pandemia, há um certo grau de mal estar que a população, de uma maneira geral, enfrenta. “E, nem tudo é doença. Mas, quando sai muito do padrão ou traz prejuízo à sua vida, é preciso que se procure ajuda profissional”, frisa.
A psiquiatra ressalta que para se manter a saúde mental neste período, é preciso, na medida do possível, manter uma rotina.
“Com uma rotina determinada, o corpo funciona melhor e, consequentemente, a saúde mental tende a melhorar. Por conta do novo coronavírus, a maioria das pessoas precisou adaptar a rotina e, neste sentido é importante usar o tempo com coisas que nos dão prazer: seja ouvir música, executar atividade manual, assistir a filmes ou séries, fazer uma leitura, enfim, resgatar prazer em coisas que a gente pode trazer para dentro das nossas casas”, completa.
A médica destaca ainda a importância em adotar uma postura mais otimista.
“Muitas vezes já reclamamos que não tínhamos tempo de organizar, fazer uma faxina. Então, este tempo que estamos passando mais em casa é a oportunidade para isso. É a chance de aproveitar o convívio com os familiares, fazer as refeições juntos. Além disso, se as informações negativas a que se tem acesso estão trazendo prejuízo, aumentando o desconforto ou o medo, é preciso evitar o bombardeio diário de informações. Precisamos respeitar nossos limites”, finaliza.
Saiba mais sobre o estudo feito pelo Instituto Paraná Pesquisas que aborda o impacto da pandemia do novo coronavírus na população brasileira, clique aqui.