E se você tivesse a chance de viajar até o país que vai ajudar a desenvolver seus sonhos e objetivos profissionais? Você iria sem pensar duas vezes? Em 2018, por conta dos estudos no curso de Educação Física da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), a ciclista Talita Oliveira, de 24 anos, abriu mão de viagem à Bélgica pra conseguir formação acadêmica. Difícil escolha, mas que faz parte da realidade do esporte brasileiro. No entanto, a oportunidade bateu na porta mais uma vez e agora, formada, a ponta-grossense está de malas prontas para o país europeu que ‘respira ciclismo’.
A desistência há três anos teve um lado positivo. Em 2021, ela vai acompanhada de Gabriela Costa, 21 anos, moradora de Carambeí que apresenta rápida evolução na modalidade. Ambas vão permanecer dois meses em Flandres, na Bélgica, em período de estágio e troca de experiências. Estão previstos treinamentos e dezenas de competições.
A chance surgiu a partir de parceria da Liga de Ciclismo dos Campos Gerais (LCCG) com a equipe Memorial, de Santos (SP). Em virtude dos títulos nacionais conquistados, inclusive o mais recente, em 2019, Talita ganhou a oportunidade. A Liga ainda viabilizou a ida de Gabriela, que praticava o MTB e rapidamente se adaptou à prática na estrada.
“Dizem que lá [Bélgica] vamos ter um choque de realidade”, conta Gabriela. “Temos acesso a muitos dados de performance dos atletas e agora vamos poder ver de perto os diferenciais deles”, acrescenta Talita sobre a possibilidade de analisar o que os ciclistas europeus têm a mais do que no Brasil.
Uma das razões está no fato do ‘velho continente’ investir forte no ciclismo. Em dois meses, além dos treinos quase diários, a dupla de Ponta Grossa vai disputar pelo menos 20 competições. “Aqui no Brasil para se disputar 20 eventos de ciclismo levaria o ano inteiro. Lá eles pedalam em três semanas, por exemplo, o que a gente levaria uma temporada toda”, exemplifica o treinador da Liga, Mauro Paes.
Sonho Olímpico
O estágio na Europa ainda faz parte de um projeto de longo prazo da modalidade. As ponta-grossenses sonham e têm em mente as Olimpíadas de 2024, em Paris, e/ou Los Angeles 2028. Para obter ao menos uma vaga olímpica, o Brasil precisa colocar uma ciclista entre as 100 primeiras do ranking internacional, o que não há atualmente. Por isso o Brasil não tem representantes em Tóquio.
Com a participação em competições na Europa, Talita e Gabriela vão passar a obter pontos neste ranking. Talita, inclusive, já tem alguns por ser campeã nacional e ter participado de eventos com a Seleção Brasileira.
Equipe vendeu pizzas para obter apoio financeiro
Além do auxílio de pelo menos dez patrocinadores da região, as meninas contaram nos últimos dias com a venda de pizzas prontas obtidas com auxílio do empresariado local. As vendas terminaram na quarta-feira (21) e o lucro obtido vai custear a alimentação das atletas ponta-grossenses na Bélgica.
Com o sucesso na arrecadação, os equipamentos e as malas estão preparados. O embarque está programado para terça-feira (27). A volta das meninas está prevista para 30 de setembro.
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