Os casos de infecções por HIV/AIDS reduziu nos últimos seis anos em Ponta Grossa, mas a infecção entre jovens, principalmente entre aqueles com 15 e 19 anos, vem aumentando gradativamente. Dados repassados pela Fundação Municipal de Saúde (FMS) apontam que em 2014 foram 144 casos da doença diagnosticados na cidade, reduzindo para 108 em 2019. Semente neste ano, foram 76 casos registrados até o dia 24 de novembro.
Apesar da redução, os dados revelaram que apenas seis jovens, entre 15 a 19 anos, foram diagnosticados em 2014. Houve uma queda dos casos em 2017 quando três testaram positivo, mas voltou a aumentar no ano seguinte com nove casos registrados. Em 2019, oito adolescentes testaram positivo e, neste ano, até 24 de novembro, 10 adolescentes já foram positivados com a doença.
Casos de HIV/AIDS também são bastante comuns e vêm aumentando em jovens que têm entre 20 a 29 anos. Em 2019, foram registrados 30 casos nesta faixa etária. Somente neste ano, até 24 novembro, o número já se equiparou ao ano passado, com 30 casos positivados.
O enfermeiro e coordenador do Serviço de Assistência Especializada e Centro de Testagem e Aconselhamento (SAE/CTA), Jean Zuber, a redução dos casos dos últimos anos também se deu por conta da redução da procura pelas testagens. “A nossa maior preocupação são os adolescentes. Tratar a sexualidade com os jovens ainda é um tabu e quando vamos levar isso aos pais, muitos não admitem e acaba acontecendo então o sexo desprotegido, por isso, é um público que nos preocupa muito”, aponta.
Zuber aponta ainda a redução considerável da procura pelos testes em Ponta Grossa. “Em 2019 foram realizados 20 mil testes e neste ano foram 16 mil, ou seja, tivemos uma redução de 4 mil testes neste ano. Então pode ser que tenhamos muitos mais casos confirmados. Outra questão foram as nossas limitações por conta da pandemia. Tínhamos um projeto neste ano para trabalhar com oficinas sobre o tema nas escolas, além de destacar o empoderamento feminino, mas não pudemos executar”, lembra.
Gênero
Os dados repassados pela Fundação de Saúde também revelaram um maior número de casos no sexo masculino, com 58 diagnósticos neste ano (76,32%) contra 18 casos em mulheres registrados neste ano (23,68%). “O público masculino sempre foi o mais afetado e os dados mostram uma desproporção grande em Ponta Grossa se compararmos com outras regiões em que os números normalmente se equiparam. Isso mostra também que os homens não estão preparados para ter uma relação mais segura e evitam usar preservativos. Percebemos muito disso aqui”, apontou o enfermeiro.
Óbitos
Em 2020 foram registradas oito mortes em decorrência do HIV/AIDS, mas o número pode ser ainda maior, segundo o coordenador. “O problema hoje é o diagnóstico tardio e o abandono do tratamento, sendo a pessoa então contaminada com outros agentes infecciosos. Se o diagnóstico for feito muito tardio, não temos tempo hábil para que o medicamento faça efeito para restabelecer a imunidade. O abandono dos medicamentos também é muito preocupante, pois os jovens deixam de garantir uma boa qualidade de vida e estão mais suscetíveis a uma morte prematura”.
Metade dos pacientes, segundo o enfermeiro, acabam contraindo outras doenças e morrendo em decorrência dela, à exemplo da tuberculose.
Sintomas e testes
Os sintomas da AIDS são semelhantes à gripe como febre e o surgimento de ínguas, além de diarreia. “Esses sintomas cessam por um tempo e entram no que chamamos de período latente. Mas, sem seguida, as pessoas começam a perder peso, surgem aftas na boca, a febre volta e surgem outras, por isso, a importância do teste”, destaca Jean.
Qualquer pessoa pode ser testada a partir dos 12 anos nas Unidades de Saúde ou no próprio SAE/CTA. O resultado sai em 10 minutos e se der positivo o paciente é encaminhado para consulta e outros exames.
ELEMENTO
Atendimento SAE/CTA
Os atendimentos no Serviço de Assistência Especializada e Centro de Testagem e Aconselhamento (SAE/CTA) acontecem de segunda a quinta-feira, das 7 às 16 horas. O endereço está localizado na Rua Joaquim Nabuco, 59 – Uvaranas. Outras informações pelo número (42) 3220-1000 (ramal 4059).