O reajuste de 24,9% no preço do diesel, anunciado pela Petrobras há mais de dez dias, aumentou em R$ 400 mil as despesas mensais da empresa de transporte coletivo Viação Campos Gerais (VCG). Com a alta, os custos com diesel passaram de R$ 1,6 milhão para R$ 2 milhões por mês.
“O impacto veio de um dia para o outro após o anúncio do reajuste. E, com certeza, isso impacta diretamente na tarifa. Para se ter uma ideia, 18% dos custos da empresa são somente com diesel”, disse o diretor de Relações Institucionais da VCG, Rodrigo Venske.
Os custos com o combustível são ainda mais representativos por conta da queda de 57% do número de usuários pagantes em 2021 quando comparado com dez anos atrás, 2011. A redução de passageiros no ano passado, segundo Venske, se justifica pelo agravamento da pandemia, aulas remotas, home-office e outros fatores.
Em 2022, com a retomada das aulas presenciais, a situação melhorou, mas ainda não o suficiente. Dados da VCG apontam que, em janeiro, foram registrados 43.222 giros de catraca de usuários pagantes em um dia. Anteontem (21), foram 60.470 giros.
“Está melhorando, mas o transporte coletivo no Brasil tem perdido passageiros e isso é cumulativo por ano. Alguns fatores que justificam estão ligados ao financiamento de veículos, motos e, no caso de Ponta Grossa, aos aplicativos de transporte”, disse Venske,
Desafios presentes e futuros
O diretor de relações institucionais da VCG, Rodrigo Venske lembrou que nos últimos anos a concessionária enfrentou vários problemas. Um deles foi a tarifa que ficou congelada por dois anos e nove meses (2019 a 2021).
“Isso já foi deteriorando a situação financeira da empresa. Mesmo após o reajuste da tarifa, em novembro de 2021, a empresa arrasta hoje um endividamento por conta do refinanciamento de impostos e contas que foram ajustadas para cumprir o contrato de concessão e o pagamento dos funcionários que entraram em greve por mais de 20 dias”, recordou.
Novo contrato no ano que vem
O contrato da Viação Campos Gerais com a Prefeitura vence em junho de 2023. Para o diretor da VCG, Rodrigo Venske, um novo contrato de concessão deverá ser viável economicamente para que a concessionária participe do processo licitatório.
Ele disse que para o transporte coletivo oferecer mais qualidade ao usuário, é necessário que todas as melhorias passem por um estudo econômico. “A instalação de aparelhos de ar condicionado e wi-fi nos ônibus seria ótimo. Mas, para isso, são necessárias análises econômicas”.
Venske entende que os investimentos em mobilidade são de extrema importância, como a instalação de corredores exclusivos para os ônibus. “São melhorias viárias que iriam garantir qualidade ao transporte. O custo tem ficado cada vez mais caro, mas o usuário não pode ser o único a pagar essa conta”, observou.
Elementos
27.965.503,46
foram os giros de catraca de usuários pagantes em 2011
11.913.060,00
foram osgiros de catraca de usuários pagantes em 2021
2021 representou 43% dos passageiros de 2011
*Usuários pagantes são aqueles que pagam no dinheiro, cartão de transporte e funcionários de empresas que recebem vale-transporte