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Alta de preços de materiais de construção deve encarecer imóveis em até 20%

Preços vinham sendo represados por construtoras e lojas desde o ano passado, mas a tendência é que apresentem altas nos próximos meses

Victor Hugo Ribeiro Bueno, gerente de compras da Base Forte Materiais de Construção, e Eduardo Consorte, diretor executivo de inteligência imobiliária da construtora Prestes (Foto: José Aldinan)

Os custos da construção civil têm subido constantemente desde o início da pandemia, mas até então os repasses não vinham sendo feitos integralmente aos consumidores – panorama que deve mudar nos próximos meses devido à constância das altas. Para debater o assunto, o Diário dos Campos entrevistou nesta quinta-feira (22) o diretor executivo de inteligência imobiliária da construtora Prestes, Eduardo Consorte, e o gerente de compras da Base Forte Materiais de Construção, Victor Hugo Ribeiro Bueno. A conversa foi transmitida ao vivo pelo portal dcmais.

“Nós represamos esses aumentos. Nas obras com estágio mais acelerado o impacto é menor, pois já tínhamos negociações ou produtos estocados, por exemplo, mas agora o repasse é inevitável para as novas obras e lançamentos. Temos estudos que apontam que os imóveis devem subir de 10 a 20%, dependendo da região e do padrão do empreendimento”, avaliou Consorte.

No caso das lojas de materiais de construção, apesar de alguns preços de venda terem subido os repasses não foram integrais. “Se fizéssemos esse aumento integral as vendas seriam muito prejudicadas, pois temos que ter o preço médio de mercado. Tem certos produtos que dentro da construção civil são commodities, como o tubo de 100mm, por exemplo; se tiver preço muito alto, apesar de toda a elevação de PVC que teve, você fica fora do mercado e não consegue vender””, lembrou Bueno.

Impacto por padrão

Para o representante da Prestes, não deve haver muita diferença de repasses de acordo com o padrão de empreendimento, já que os insumos mais impactados são os básicos – mas há uma diferenciação na margem das construtoras. “A Prestes, que atua no segmento econômico, precisa cuidar muitos com esses repasse porque sabe da situação do cliente, que também está sendo muito impactado. Mas para a manutenção dos empreendimentos e viabilidade financeira deles terá que aumentar”, citou Eduardo Consorte.

“Evidentemente que quando trabalha com público de médio e maior padrão as margens são maiores e se consegue assimilar um pouco melhor esse aumento. Já no público econômico as construtoras já trabalham com margens mais apertadas. A gente deve lembrar também que existe o programa governamental Casa Verde e Amarela que estabelece limites inclusive para a venda do imóvel de acordo com faixa de renda, então tudo isso dificulta mais o repasse nesse segmento econômico”, destaca o diretor executivo de inteligência imobiliária da Prestes.

Quando

Ambos os entrevistados concordaram que os aumentos devem ocorrer em pouco tempo. “A Prestes tem 11 lançamentos projetados pra todo o Paraná em 2021, já tem lançamento para os próximos 2 meses e já precisou readequar seus valores”, disse Consorte, dando um tom de emergência a quem tem interesse em investir na compra de um imóvel ou em uma construção própria: “A partir do momento que o cliente que compra hoje e assina contrato com a Caixa, o valor já está estabelecido”.

Maiores aumentos e seus motivos

Durante a entrevista o representante da loja de materiais de construção e o representante da construtora concordaram quanto aos produtos que mais encareceram e o porquê dessas altas: segundo eles, foram mais impactados as peças em PVC, cobre, aço e madeira, refletindo nas instalações elétricas e hidráulicas, por exemplo.

De acordo com o Índice Nacional de Custos da Construção Civil os materiais, equipamentos e serviços ficaram em média 22,5% mais caros em um ano – num plano geral, já que individualmente algumas altas foram bem mais expressivas. “O aço subiu mais de 60%, os materiais hidráulicos e elétricos acima de 70%, as esquadrias de madeira 80%”, listou Eduardo Consorte.

“Por enquanto as altas não vão cessar, não adianta ficar esperando os preços baixarem, pois num curto prazo acredito que isso não vá acontecer”, complementou o gerente de Compras da Base Forte.

O porquê

Entre os motivos para as altas dos materiais, Consorte e Bueno citam as paralisações da indústria durante a pandemia e a decorrência falta de produtos, derivada também do aquecimento das exportações devido à alta cotação do dólar, e o próprio aquecimento do setor, que além de contar com condições mais facilitadas para compras e construções ao mesmo tempo em que o índice que reajusta alugueis disparou, também teve aumento de quantidade de reformas e melhorias, causado pelo comportamento de se passar mais tempo em casa.

Mercado aquecido com recordes de venda

Tanto para a loja como para a construtora, apesar das dificuldades impostas pelo período, recordes de vendas foram registrados na pandemia. Segundo o gerente de compras da Base Forte, a loja teve em 2021 o melhor fevereiro da história, resultado que só não se repetiu em março devido ao lockdown praticado em Ponta Grossa.

Já a construtora Prestes tem batido recordes nos trimestres: o primeiro desse ano foi 15% superior em vendas em relação ao último de 2020 e 80% melhor que o mesmo período de 2020, se consolidando como o melhor trimestre da empresa devido à alta procura.

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