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Advogado de PG entra na justiça para ser reconhecido como o ‘Superman’ no Brasil

Advogado Aldebaran Van Holleben em foto de arquivo do Diário dos Campos. Foto: Arquivo DC

O advogado Aldebaran Luiz Von Holleben, de Ponta Grossa (PR) está atuando em causa própria para ser reconhecido pela Warner Bros como o ‘Superman’ no Brasil. O caso foi ajuizado nesta segunda-feira (8) e está em fase de decisão com a juíza Erika Watanabe, da 4ª Vara Cível, com o número 0005418-06.2021.8.16.0019.

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O processo pode ser consultado publicamente. O episódio peculiar também envolve o nome do Clube de Regatas Flamengo, do Rio de Janeiro.

De acordo com a petição inicial de Von Holleben, tudo começou entre os anos de 1978 e 1979, quando se tornou fã do Superman e torcedor do Flamengo. Na época, ainda criança, ele ganhou o uniforme do clube carioca e o tênis do super-herói.

Vestindo ambos, o menino então foi fotografado na Praça Barão do Rio Branco, no Centro de Ponta Grossa. São essas imagens que sustentam a ação do advogado.

“A primeira (foto) no cavalo do carrossel com o tênis do Superman ao lado
da caveira, que neste contexto simboliza o renascimento, e a segunda foto dentro
da jaula com os leões, onde temos a marca do Flamengo em destaque, sendo
uma foto para cada marca comercial”, consta na petição.

Tentando traduzir: para o advogado-flamenguista-superman, as duas fotos têm valor comercial, uma para o campeão brasileiro de 2020 e outra para a produtora norte-americana Warner Bros, que detêm os direitos de imagem do homem que só teme a kriptonita.

Mas não é só isso. Von Holleben também afirma que as duas fotos, divulgadas num site criado por dele, “possuem sincronicidade com o acidente que deixou o ator Cristopher Reeve tetraplégico em 1995”. Reeve interpretou o Super-Homem em quatro filmes nas décadas de 1970 e 1980.

Como?

Ele explica que “da mesma forma que Reeve cavalgou em um cavalo e encontrou a figura da morte diante de si, Von Holleben montou em um cavalo de carrossel e se deparou diante de uma caveira (símbolo da morte) em frente ao túnel-fantasma”. Ah! O advogado “estava usando o tênis do super-homem”.

Foto que consta no site do advogado de Ponta Grossa e é citada na petição. Foto: Arquivo Pessoal

“Minhas fotos passaram a fazer sincronicidade (coincidência significativa) com o acidente. Na arte, a sincronicidade é rito de produção. Com a arte apresentada é possível fundamentar uma ficção onde surge um novo super-herói, com os mesmos poderes do Superman. Tese fundamentada que acabou o Superman com a morte de Reeve. Isso pode representar um prejuízo financeiro grande a longo prazo”, escreveu na petição.

Vamos tentar traduzir novamente: o advogado pressupõe que, de alguma forma, a imagem dele no carrossel pode ser usada em produções artísticas pela Warner Bros.

Sustenta Von Holleben que “os fãs do Superman vão querer saber porque essa sincronicidade aconteceu e vão comprar a resposta em forma de filme ou documentário”.

O advogado não dá detalhes, por exemplo, se tem algum filme, documentário ou algo do gênero em produção, “por se tratar de segredo comercial”.

Escreveu o ponta-grossense:

Enquanto Reeve morre, Aldebaran vive e tem o direito de requerer o título de Superman para o Brasil. Nenhum outro brasileiro chegou tão longe em relação a Superman. No mínimo consegue embargar qualquer outro cidadão latino-americano que tente a vaga nos filmes, pois as fotos provam que eventuais direitos pertencem a ele.

Em resumo, o advogado quer assegurar imagináveis futuros direitos autorais.

E o Flamengo?

“A relação com o clube carioca entra no momento em que a marca do clube é vinculada à imagem do ‘Superman brasileiro’. Diante das circunstâncias de sincronicidade, Von Holleben afirma que “conquistou um título mundial para o Flamengo” no cinema.

“O Flamengo tem que entender que eu fui mais rápido que o Superman (C.Reeve). A habilidade usada foi a velocidade. As fotos provam que eu conquistei um título para o Flamengo. Só eu derrotei aqueles caras lá e mais ninguém no mundo conseguiu. Veja também a associação comercial que eu criei: pode passar a ter as chuteiras do Superman para os jogadores do Flamengo, pode haver o compartilhamento de
consumidores Flamengo/Superman, vai ter americanos, canadenses, australianos
flamenguistas”, argumenta.

Outra foto tirada em Ponta Grossa que o advogado menciona. Foto: Arquivo Pessoal

Qual a finalidade?

Conforme o advogado ponta-grossense, a notificação judicial para o clube e para a Warner Bros tem a finalidade meramente informativa. Ele deseja que as duas instituições analisem as fotos e vejam a capacidade comercial delas. Von Holleben almeja que elas sejam compradas, pois não quer ser acusado de traição por Flamengo e Warner Bros caso comercialize as imagens com a concorrência.

“Para o Superman essas fotos são a pior coisa que podia ter acontecido. Elas provam que existe um mistério muito maior que envolve o acidente de Cristopher Reeve. Qualquer nerd é capaz de concluir que essas fotos são importantes para o arquivo da Warner Bros”, justifica.

No pedido, o advogado requer que a Warner Bros “confirme que no Brasil o Superman sou eu, que cabe a mim o título de Superman pelas fotos em questão, concedendo-me ainda a titularidade do escritório de representação da Warner Bros no Brasil para que tenha sede em Ponta Grossa/PR”.

Já em relação ao Flamengo, Von Holleben pleiteia se o clube de maior torcida no país “tem interesse nas aquisição das fotos e na produção do gigante que é a sequência das fotos, um gigante com poderes de Superman, e reconheça, declare e divulgue que eu conquistei o equivalente a um campeonato mundial para o Flamengo em virtude da sincronicidade nas fotos em questão”, finaliza a petição.

Concorrência

Ah! Tá, mas quem sabe a popularidade adquirida pelo ex-secretário municipal de Obras e Serviços Públicos de Ponta Grossa, o jornalista Márcio Ferreira, torne-se um empecilho para Von Holleben conseguir o seu intento.

Há muitos e muitos anos, Márcio Ferreira traja-se como o super-herói dos quadrinhos e telas e, além disso, tem a mesma profissão de Clark Kent. Talvez haja uma sincronicidade nisso também e, então, que decidam os tribunais.

(Como se a morosidade de tais e o amontoado de processos a ser analisado já não bastassem).

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