Depois de registrar recuo da área plantada que chegou a 42% na primeira safra 17/18, em comparação com a safra anterior, os produtores dos Campos Gerais voltaram a investir no plantio de milho. A área destinada à primeira safra 18/19 chega a quase 68 mil hectares na região, aumento de 19% em relação à primeira safra 17/18, quando foram plantados 57.230 hectares do cereal. “A área plantada na safra 18/19 recupera parte da área de lavoura que foi perdida na primeira safra 17/18, mas ainda está longe da área ocupada há três anos”, explica o economista do Departamento de Economia Rural (Deral), do núcleo da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), em Ponta Grossa, Luís Alberto Vantroba.
Ele explica que a diminuição da área destinada ao milho se deve, em parte, à rotação de cultura feita nas propriedades, e ao baixo preço registrado. “A saca de milho chegou a render apenas R$ 20 aos produtores, o que desestimulou bastante o plantio nas safras anteriores”, expõe.
Por outro lado, afirma ele, a retomada do preço fez com que a área da primeira safra de milho 18/19 ficasse maior que a da primeira do ano safra 17/18. “O preço da saca chegou a subir para R$ 50, hoje está na faixa de R$ 27 a R$ 35 a saca”.
Assim, explica Vantroba, muitos produtores deixaram de plantar feijão – que teve área reduzida nesta safra – e apostaram no cultivo de milho, que estava mais atraente.
Produção
Em todo o estado, são esperados 352 mil hectares plantados na primeira safra 18/19, tendo um pequeno aumento comparativamente à safra anterior, que teve a menor área da história. Com aumento da área, a estimativa é que a produção também aumente 11% em relação à primeira safra 17/18. Para o Paraná, o Deral mantém a estimativa de 3,2 milhões de toneladas para a primeira safra de milho 2018/19, com colheita prevista para acontecer entre os meses de abril e julho. Até o final de outubro, 94% das lavouras de milho já haviam sido plantadas no Paraná. Conforme levantamento do Deral, 96% das lavouras se encontravam, no final de outubro, em boas condições, 4% em condições médias e apenas 1% em condições ruins. “O tempo está contribuindo para as lavouras de milho. As baixas temperaturas e o excesso de chuva no mês de outubro afetaram um pouco a produção, mas nada significativamente”, diz Vantroba.
Na região, a estimativa de produção também está maior nesta safra, em parte devido ao aumento da área destinada ao cultivo do cereal. Segundo o Deral, a estimativa que é que as lavouras da região produzam 666.600 toneladas de milho, acréscimo de 21% em relação às 528.290 toneladas colhidas na primeira safra 17/18. Além disso, a produtividade também deve ficar pouco acima do registrado, chegando a 9.804 quilos por hectare, contra os 9.231 registrados na primeira safra 17/18.
Segunda safra
Enquanto isso, a segunda safra de milho 17/18 teve a colheita finalizada em setembro e até o início de novembro, aponta Vantroba, praticamente toda a produção estava comercializada. A segunda safra foi bastante afetada pela estiagem – nos Campos Gerais foram cerca de 40 dias sem chuva entre abril e maio. Na região, 21.750 hectares de lavouras foram destinadas à produção de milho – segunda safra.
A estiagem afetou principalmente o rendimento da cultura: foram produzidos 4.849 quilos de milho por hectare, queda de 19% em relação à segunda safra 16/17. A produção ficou em 105.465 toneladas, abaixo do que a estimativa inicial da Seab, que previa colheita de quase 124 mil toneladas nos Campos Gerais.
Preços
Os preços registrados no mercado interno, no início de novembro, eram de R$ 28 por saca de 60 kg – uma alta de 40% se comparado ao mesmo período do ano passado. Esta alta é sustentada principalmente pela variação cambial e a situação de menor oferta no mercado doméstico.
No mercado externo, os preços subiram apenas 6%. “A comercialização encontra-se num ritmo mais lento do que o esperado”, afirma o técnico do Deral, Edmar Gervasio.
Paraná espera colher 17 milhões de toneladas
Em um cenário normal, a Seab estima que a safra paranaense de 2018/2019 de milho deve ficar próxima a 17 e 18 milhões de toneladas, entretanto é improvável chegar a bater o recorde obtido na safra 2017, quando o Paraná colheu 18,6 milhões de toneladas. A produção de milho no Brasil para a safra 2018/19, pode novamente superar a marca de 90 milhões de toneladas. Porém, as condições econômicas e de clima ainda são uma grande incerteza, pois há ainda vários fatores que podem interferir na decisão de plantio do milho por parte dos produtores, principalmente na segunda safra.