em

Produtores colhem trigo e preço não agrada

A safra de trigo nos Campos Gerais (18 municípios) está com área 98% colhida e a perda em qualidade é visível. A produtividade média registrada é de 3.100 quilos por hectare, bem diferente dos 3.900 quilos por hectare colhidos na safra passada. Outro problema agora é a cotação no mercado agrícola.

Segundo o economista, Luís Alberto Vantroba, do Departamento de Economia Rural (Deral) do núcleo regional da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), a cultura enfrentou vários problemas neste ano, começando com a estiagem, de aproximadamente 40 dias entre agosto e setembro, o que afetou o desenvolvimento e o número de perfilhos, reduzindo a produtividade.

Depois o período de chuvarada impediu novas perdas, mas como chegou tarde não ajudou na recuperação das áreas perdidas. “Quem plantou mais cedo ou bem mais tarde teve um resultado melhor”, observa.

Por fim, quando a colheita se iniciou, em outubro, as chuvas que duraram de três a quatro dias acabaram afetando a qualidade do trigo. “O ph, instrumento de medição da qualidade do trigo, caiu. Cada ph que baixa é mais ou menos R$ 1 por saca que diminui”, comenta. O ph é o peso do hectolitro.

Outro problema enfrentado nesta safra é o preço. A cotação está cerca de R$ 3 menor que no passado, em torno de R$ 37 a saca de 60 quilos. “Se ano passado o trigo foi bom em produtividade, qualidade e preço, agora foi ruim em produtividade, qualidade e preço”, destaca.

O descontentamento pode levar a interferências futuras no mercado como a redução da área a ser plantada. O economista lembra que hoje parte do trigo consumido no Brasil vem da safra argentina. “A Argentina é o principal fornecedor. A Rússia está produzindo bem, fora os outros países. O trigo é um produto de cotação internacional, regido por este mercado”, alerta.

Estimativa

No início do plantio, a estimativa era uma safra de 455 mil toneladas, porém os números são revistos a cada momento. Este volume já era menor que o colhido na safra anterior (559,8 mil toneladas). Esta redução estava relacionada à área plantada que passou de 141.200 hectares em 2016 para 130 mil hectares.

 

Fazenda no Cerrado é recorde brasileiro na produtividade

Condições de clima favoráveis, boas práticas e novas cultivares desenvolvidas para a região explicam o bom resultado da cultura do trigo no Cerrado, que registrou nesta safra o recorde de produtividade do país: 139,8 sacos por hectare (sacos/ha), ou 8.388 quilos por hectare (kg/ha) de grãos, enquanto a média nacional é de 46,66 sacos/ha ou 2.800 kg/ha. Esse resultado foi alcançado pelo produtor Paulo Bonato, na fazenda Dom Bosco, em Cristalina (GO). O agricultor atingiu esse recorde de produtividade ao plantar, em 101 hectares de sua fazenda, a cultivar da Embrapa BRS 254.

Atualmente, 80% das variedades de trigo cultivadas no Cerrado foram desenvolvidas pela Embrapa. A mais utilizada é a BRS 264, plantada tanto na safrinha (sequeiro), quanto no sistema irrigado. Calcula-se que cerca de 65% das lavouras de trigo da região façam uso dessa cultivar. Já a BRS 254, que proporcionou os resultados na fazenda de Bonato, ocupa um espaço menor na região, mas possui alta qualidade industrial, elevada força de glúten, excelente estabilidade e é voltada para panificação. Outra cultivar da Embrapa utilizada por produtores da região é a BRS 394. (Das Assessorias)

Trigo foi afetado inicialmente pela estiagem e depois pela chuvarada (Fábio Matavelli/Arquivo)

 

Participe do grupo e receba as principais notícias da sua região na palma da sua mão.

Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.