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Produção de cevada cresce 18% na região após anúncio de maltaria

Em 5 anos a produção do cereal dobrou nos Campos Gerais e a tendência é que siga crescendo, já que o potencial de plantio regional vai crescer cinco vezes com a fábrica de malte

Na última safra de inverno o Paraná produziu cerca de 272 mil toneladas de cevada, de acordo com estimativa do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab). Neste ano o total já saltou para 354,6 mil toneladas, uma alta de 30% frente ao resultado anterior – e este número tende a aumentar. 

O motivo é a construção da Maltaria Campos Gerais em Ponta Grossa, que deve entrar em operação em 2023 e produzir 240 mil toneladas de malte anualmente, volume que hoje corresponde a 15% do mercado nacional.

Com isso, o potencial de plantio de cevada da região poderá atingir 100 mil hectares por ano, quase 5 vezes a mais que a área plantada nesta safra – outro indicador que vem crescendo nos últimos anos. 

A área produtiva vem sido ampliada progressivamente desde a safra 2015/2016. De lá para cá, o total mais do que dobrou, passando de 9.570 hectares para 21.200 hectares nesta safra 2020/2021; apenas no último ano o salto foi de 17,8%, batendo +18,6% na quantidade de toneladas produzidas (chegando a 84.800 toneladas).

Viabilidade econômica

Para Claudio Kaap Junior, economista rural da Fundação ABC –  instituição que realiza pesquisas com cultivares de cevada desde 1999 – a cevada é uma boa opção de rentabilidade. “É semelhante à cultura do trigo (alguns anos mais lucrativa, outros anos menos), mas que não precisa necessariamente competir com essa cultura no inverno, e sim servir como uma opção adicional de rotação frente ao contexto sustentável do sistema de produção”, afirma ele.

Tanto é, que do ano passado para esse, enquanto que a cevada teve a sua área de plantio expandida em 17,8%, ao mesmo tempo a de trigo subiu 17%.

Conforme lembra Helio Antonio Wood Joris, coordenador de pesquisa em Fitotecnia da Fundação, a cevada tem uma tolerância um pouco maior à ocorrência de geada que o trigo. “Isso permite que ela seja semeada mais cedo, garante maior flexibilidade e é uma vantagem para o produtor”, explica.

Porém, de modo geral, a cevada é mais exigente. “Principalmente, maior exigência de decisões, recomendações e operações corretas. É preciso lembrar que o malte é produzido a partir do grão germinado. Portanto, a lavoura de cevada precisa ser muito bem conduzida para gerar sementes de alta qualidade no final do ciclo. Além da produtividade, é fundamental que os grãos produzidos tenham qualidade para o malte”, ressalta o especialista.

Região propícia

A maior parte (65%) da cevada paranaense é cultivada na região de Guarapuava, que também já possui uma maltaria. Os Campos Gerais estão, por enquanto, em segundo lugar, com 24% da produção estadual. “A região dos Campos Gerais de modo geral é propícia para o cultivo da cevada. As regiões de maior altitude do estado propiciam clima adequado para a cultura. Regiões mais quentes, com menor altitude, precisam de cultivares mais adaptados e também cuidados maiores com as épocas de semeadura”, destaca o pesquisador.

A maltaria

O empreendimento é fruto de uma intercooperação entre a Frísia (Carambeí), Castrolanda (Castro), Capal (Arapoti), Bom Jesus (Lapa), Coopagrícola (Ponta Grossa) e Agraria (Guarapuava) – que já possui a maior maltaria da América Latina. 

O investimento é avaliado em R$ 3 bilhoẽs, dividido em duas fases de R$ 1,5 bi cada: uma delas deve iniciar em setembro deste ano e ser finalizada em 2023 e a segunda tem previsão de início em 2028 e finalização em 2032. 

Com as duas etapas em funcionamento a estimativa é de que mais de 6.150 mil empregos devem ser gerados, entre diretos e indiretos.

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