De acordo com dados do Programa Estadual de Controle da Dengue, 44% dos criadouros do mosquito formam-se em locais com acúmulo de resíduos sólidos (lixo) e 14% em pneus. A recomendação da Secretaria da Saúde é para que os municípios cadastrem todos os depósitos de material reciclável e agendem visitas quinzenais a esses locais.
Outra estratégia é a limpeza periódica de galerias de águas da chuva (calhas), para que não se tornem ambientes propícios à proliferação do mosquito transmissor, disse o coordenador de Vigilância sobre o Meio da secretaria, Celso Rúbio.
A médio e longo prazos os municípios terão de estruturar planos de resíduos sólidos, integrados com as políticas nacionais de Resíduos Sólidos e de Saneamento Básico. Só com a gestão correta destes resíduos diminuiremos a proliferação do mosquito transmissor da dengue e de outras doenças, destacou Rúbio.
RESPONSABILIZAÇÃO O momento é de responsabilização do cidadão, dos empresários e principalmente dos gestores. Para isso precisamos de ouvidorias preparadas, comitês de mobilização e conselhos municipais atuantes, enfatizou o secretário da Saúde, Michele Caputo Neto. Ele também destacou a parceria com o Ministério Público (MP) no enfrentamento da dengue.
O promotor da Proteção de Saúde Pública de Londrina, Paulo Tavares, afirmou que o cidadão que deixar o lixo a céu aberto comete crime contra a saúde pública. Para ele, precisa haver uma responsabilização destes cidadãos que descumprem a lei. O Ministério Público cobra do poder público para que faça a sua parte, porque se não fizermos agora o dever de casa, não conseguiremos controlar a dengue, disse.
Para a promotora de Defesa do Meio Ambiente de Londrina, Solange Vicentin, a questão ambiental é o principal assunto do século, pois afeta diretamente a vida das pessoas. Crescemos na cultura de que o lixo é problema da prefeitura, mas é de todos nós, disse. Ela defendeu que o plano de gerenciamento de resíduos de cada município esclareça quem deve ser responsabilizado pela destinação de cada tipo de resíduo.
AÇÕES Até abril deste ano a situação da dengue no Estado foi tratada em caráter emergencial pelo Governo do Estado. Investimos na capacitação dos agentes de endemias e dos profissionais da assistência à saúde para o diagnóstico e tratamento da dengue, disse o secretário. O Estado também repassou recursos para os municípios em situação de epidemia. A maioria dos municípios prioritários já está estruturada. Mas apesar de os números estarem melhores do que no ano passado, não podemos nos acomodar, ressaltou Caputo Neto.
O governo estadual também vem investindo na modernização das regionais de saúde, com a substituição da frota de veículos e aquisição de computadores. Os novos veículos serão utilizados, em sua grande maioria, para o combate à dengue.
VERÃO Com a chegada do verão, a tendência é que os casos da doença aumentem. Por isso a Secretaria da Saúde recomenda que os municípios intensifiquem a operação de limpeza, por meio da mobilização social. Neste sábado (19) será realizado o dia D de combate à dengue em todos os municípios do Paraná. A Secretaria da Saúde distribuiu 2 milhões de panfletos e 500 mil de cartazes da nova campanha, baseada no slogan Abra a porta para o combate à dengue.
SITUAÇÃO Em 2011 o número de notificações cresceu muito. Foram confirmados mais de 29 mil casos da doença e 14 pessoas morreram. Com a implantação da Sala de Situação da Dengue as nossas notificações passaram a ser em tempo real, explicou o superintendente de Vigilância em Saúde, Sezifredo Paz.
O Programa Estadual de Controle da Dengue, lançado este ano, prevê a responsabilização, a estruturação dos serviços municipais e estaduais e a atuação o ano inteiro. O cidadão precisa entender que a dengue não é uma doença benigna e que as podem ser evitadas, disse Sezifredo Paz.
Ele destacou que as ações de prevenção devem ser intersetoriais, com a formação de comitês municipais de mobilização. Precisamos abrir a porta para o combate à dengue, como diz a nova campanha de mobilização, disse. Ainda é grande o número de residências que não são vistoriadas pelos agentes. Segundo Paz, cabe à gestão municipal manter as equipes de agentes de endemias durante todo o ano e não dar férias coletivas no período de maior risco.
Também participaram do encontro o deputado estadual Luiz Eduardo Cheida e o major Luiz Alberto Bueno Cândido, da 3ª Coordenadoria Regional de Defesa Civil.