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Setor cooperativista quer crescer acima de 10%

Com uma movimentação de R$ 42,2 bilhões em 2014, as 74 cooperativas agropecuárias filiadas a Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) pretendem repetir em 2015 o crescimento registrado nos últimos anos, mesmo com o atual cenário econômico. “Sabemos que o agronegócio tem conseguido um bom desempenho e não sofrerá todos os impactos que se abaterão sobre a economia, permitindo um bom crescimento em 2015”, observa o presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski.

Para ele, o principal desafio será a redução da carga tributária que penaliza não só os cooperados, mas o setor produtivo como um todo. Os gargalos de infraestrutura também são motivo de muita preocupação, já que vêm prejudicando a competitividade do setor. Confira a entrevista do presidente concedida ao Diário dos Campos.

DC – O que é a Ocepar e como ela funciona?

Koslovski – O trabalho realizado sempre se pautou pela visão e objetivos das cooperativas, especialmente dos cooperados. Fatores que foram determinantes na aglutinação das ações do setor via Ocepar. Nessas mais de quatro décadas de existência, a Ocepar tem se destacado pelo seu trabalho em defesa do setor onde atua, mas também, em causas de interesse da população paranaense. Participamos de forma efetiva com diversas entidades do setor produtivo, comércio, indústria, agricultura, transporte e de pequenas e médias empresas, apresentando propostas para que o poder público melhor invista em setores preponderantes como infraestrutura, logística, segurança, educação, saúde, etc. A busca pela integração e pela intercooperação entre os diferentes ramos e mesmo dentro dos mesmos segmentos na viabilização de negócios, tem possibilitado o ganha-ganha dentro do cooperativismo paranaense e realizado uma aproximação importante dos dirigentes e profissionais das diferentes cooperativas. Mas o grande diferencial é o forte investimento que fazem as cooperativas paranaenses no processo da gestão e profissionalização. Somente nos últimos 15 anos, com apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) Paraná foram treinados mais de 1,3 milhão de pessoas entre cooperados, dirigentes, colaboradores e familiares, proporcionando uma evolução muito significativa em todo processo de modernização e evolução dos resultados para os cooperados.

DC- Quantas cooperativas o Paraná tem ligado à Ocepar e como elas estão divididas (setor)?

Koslovski – Atualmente temos no Estado 223 cooperativas filiadas ao Sistema Ocepar e distribuídas por ramos de atuação: agropecuária 74, crédito 58, saúde 33, transporte 25, educacional 13, infraestrutura 9, trabalho 7, turismo e lazer 2, habitacional 1 e consumo 1.

DC- Quanto às cooperativas movimentaram financeiramente em 2014?

Koslovski – As cooperativas novamente foram o carro-chefe da economia paranaense em 2014. O setor movimentou mais de R$ 50 bilhões e os investimentos foram superiores a R$ 2,8 bilhões, gerando atualmente 2,2 milhões de postos de trabalho no Paraná.

DC- A movimentação de 2014 em relação aos últimos cinco anos como foi?

Koslovski – Em 2014, vivenciamos um cenário externo conturbado, somado à volta da inflação interna, baixo crescimento econômico e queda dos preços de algumas commodities. Não foi fácil enfrentar esta conjunção de fatores. Nossas cooperativas tiveram que trabalhar muito para se manter competitivas, sem deixar de cumprir o seu papel para com os cooperados, garantindo o recebimento da safra, assistência técnica e oportunidades de desenvolvimento profissional e pessoal para todos aqueles que integram o movimento cooperativista. Mesmo diante das dificuldades, os números foram positivos e provam que o setor soube driblar os percalços e manter um desempenho favorável de suas atividades.

DC- Tem previsão do quanto às cooperativas devem movimentar neste ano? Se espera um crescimento?

Koslovski – Dado o cenário atual de preços internacionais e a conjuntura da economia mundial e principalmente brasileira, os percentuais alcançados nos últimos cinco anos que foi, em média 16,5%, serão difíceis de serem mantidos, contudo, acreditamos que o setor cooperativista continuará crescendo acima dos 10% anuais. Sabemos que o agronegócio tem conseguido um bom desempenho e não sofrerá todos os impactos que se abaterão sobre a economia, permitindo um bom crescimento em 2015. Estamos preocupados com este momento e estamos conversando com os dirigentes do setor para que tenhamos tranquilidade. A voracidade fiscal nos três níveis, municipal, estadual e federal, é um alerta do desequilíbrio entre a receita e as despesas.

DC- As exportações das cooperativas estão se tornando cada vez mais globalizados. Como o senhor avalia o comportamento no setor?

Koslovski – As exportações das cooperativas paranaenses alcançaram US$ 2,4 bilhões em 2014 e este resultado é fruto de um longo trabalho de prospecção de negócios e participação em feiras internacionais aliado à garantia de origem, qualidade e rastreabilidade de toda a cadeia produtiva desde a produção das sementes, industrialização, embalagens, logística até a distribuição. Um setor que as cooperativas estão focando para agregar valor as exportações e ampliar mercados é no marketing cooperativo aí incluindo e valorizando fortemente suas marcas para alcançar os mercados globais. O próprio Sistema Ocepar desde 2007 tem realizado um esforço em mostrar aos consumidores sobre a qualidade dos produtos e serviços das cooperativas, empresas genuinamente paranaenses, através de campanhas de valorização da marca Cooperativas Orgulho do Paraná. Acreditamos que isto tem fortalecido em muito a presença dos produtos das cooperativas na mesa dos brasileiros.

DC- A atual situação econômica do país está trazendo impactos às cooperativas? Quais?

Koslovski – O país vive um momento econômico conturbado e há uma grande inquietação em relação ao atual contexto nacional. O aumento da inflação e do desemprego, os ajustes realizados pelo governo federal, a instabilidade política e a perspectiva de aumento dos custos e de retração do consumo são temas que nos preocupam muito também são as restrições as políticas públicas, que deverão resultar das medidas que devem ser anunciadas pelo governo em breve. Tudo isso nos leva a refletir com muito cuidado e mantermos o pé no chão sobre o crescimento das cooperativas e, como crise é sinônimo de oportunidade, temos que alavancar ainda mais o trabalho realizado pelo cooperativismo paranaense.

DC- O que as cooperativas do Paraná precisam hoje?

Koslovski – A Ocepar sempre foi muito ativa na defesa dos interesses dos associados das cooperativas. Vamos continuar atentos e trabalhando para atender às demandas das cooperativas. No ano passado, a entidade manteve a tradição de ser uma interlocutora eficiente junto ao setor público e Congresso Nacional em diferentes frentes de atuação. Diria que o principal desafio é reduzir a altíssima carga tributária que penaliza sobremaneira as cooperativas e todo o setor produtivo. Os gargalos de infraestrutura aliados ao seu elevado custo têm gerado muita preocupação e até mesmo prejudicado a nossa competitividade. No quesito cooperativismo, precisamos viabilizar a aguardada Lei Cooperativista em discussão no Congresso Nacional, aprovar políticas públicas de incentivo ao desenvolvimento do cooperativismo no país e, especialmente, fortalecer a atuação sistêmica, fomentando uma maior interação e atuação estratégica entre as cooperativas. Precisamos também manter os investimentos na profissionalização. O processo de formação e de preparo das pessoas ligadas ao cooperativismo do Paraná avançou em 2014, mas a meta é intensificá-lo ainda mais agora em 2015. As atividades de formação e capacitação são desenvolvidas pelas cooperativas com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop/PR), abrangem todos os públicos – cooperados, dirigentes, colaboradores, mulheres e jovens. Muitos dos cursos possuem alto grau de exigência, como os MBAs e as pós-graduações, voltados à gestão das sociedades cooperativas. Queremos aumentar essas participações, pois acreditamos que essa é a base para a manutenção dos bons resultados obtidos pelo cooperativismo paranaense.

DC- As cooperativas são uma forma de fortalecer o setor produtivo?

Koslovski – As cooperativas agropecuárias participam de forma intensa em todo o processo de produção, beneficiamento, armazenamento e industrialização, fazendo com que o associado seja um agente ativo no mercado interno e externo, como também nas ações sociais das comunidades. São importantes instrumentos de transferência de tecnologias e implementadoras de políticas desenvolvimentistas, como a difusão do crédito rural, armazenagem, manejo e conservação de solos, manejo integrado de pragas, agregação de valor da produção dos cooperados, entre outros. Hoje temos um verdadeiro exército de profissionais de assistência técnica atuando no campo, hoje são mais de dois mil ao todo, junto aos produtores através das cooperativas agropecuárias. A movimentação econômica em 2014, das 74 cooperativas agropecuárias filiadas ao Sistema Ocepar, foi de R$ 42,2 bilhões, diante de um total de R$ 50,9 bilhões de todo o sistema. Nossas cooperativas são responsáveis por 56% da produção agrícola do Estado, indicadores que por si só demonstram a sua importância para o setor produtivo paranaense.

 

Koslovski: precisamos também manter os investimentos na profissionalização

Foto: Arquivo

 

 

 

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