A pandemia da covid-19 assusta e traz preocupação à população e ao setor de saúde. Contudo, não é exclusivamente o coronavírus que inquieta. O receio da contaminação acarreta em menos cuidados fundamentais. Um exemplo nacional preocupante está no número de mamografias realizadas via SUS desde março do ano passado. A realidade de Ponta Grossa não é diferente. No período de 365 dias, a quantidade de exames realizados pela Fundação Municipal de Saúde (FMS) caiu 58,8%.
Em 2019, o município fez 5.340 testes que podem detectar o câncer de mama, sendo 952 de diagnóstico e 4.338 de rastreamento. Em 2020, quando teve início a pandemia, o número total caiu para 2.200, sendo 321 de diagnóstico e 1.879 de rastreamento.
No primeiro mês deste ano, 96 pessoas passaram pelo exame – ainda mais abaixo da média mensal de 2020, que ficou em 183 mamografias mensais. De acordo com a FMS, a oferta recorrente para o município é superior a 500 vagas mensais. Até o início de fevereiro as fias estavam zeradas.
“A Fundação percebeu a diminuição na realização dos exames e acredita que: seja receio da população por conta da pandemia, acreditando que dá para deixar para depois os exames eletivos, ainda mais se não tiver sintoma; e que, culturalmente, é difícil de fazer rastreamento, mesmo quando a FMS faz todo o trabalho de divulgação. Acredita-se que isso aconteça por medo de descobrir algo ou por não ter sintomas”, emite a Fundação de Saúde quando questionada sobre os dados.
Em virtude da pandemia, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) estão com atendimento restrito, não realizando consultas de livre demanda, apenas com agendamento. Nesse cenário, a oferta de exames acabou diminuindo, o que não impede a realização.
“Reduziu por conta da pandemia devido aos cuidados em sala de espera, distanciamento, higienização da sala, porém continua sendo ofertado e não há fila de espera”, reforça a Fundação de Saúde.
Ponta Grossa tem dados abaixo da média nacional
A queda na quantidade de mamografias realizadas no país, segundo dados das empresas associadas à Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), foi de 46,4% quando comparado o período de março a agosto de 2020 com os mesmos meses de 2019.
No Sistema Único de Saúde (SUS) o cenário nacional ficou igualmente preocupante: entre janeiro e junho de 2019 foram realizados 180.093 exames na rede pública. No mesmo período de 2020, a quantidade de exames caiu para 131.617. Menos 26,92%.
Ainda no ano passado, o Ibope divulgou uma pesquisa mostrando que 62% das 1.400 mulheres entrevistadas não foram ao médico durante a pandemia com medo de contrair a covid-19. Entre o grupo de risco, composto por mulheres com mais de 60 anos de idade, 73% disseram estar aguardando a pandemia passar para retomar as consultas e exames.