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Coronavírus tem mais de mil variantes e uma estaria no PR

Foto: Gilson Abreu/AEN 18.01.2021

Pesquisas da Organização Mundial da Saúde (OMS) identificaram a existência de mais 1 mil variantes do SARS-CoV-2 espalhadas pelo mundo. Quatro delas geram uma maior preocupação e foram identificadas no final do ano passado. A variante B.1.1.7 foi encontrada no Reino Unido e a 501Y.V2 na África do Sul. Outras duas, a P.1 e a P.2, surgiram no Brasil, nas regiões do Amazonas e do Rio de Janeiro. A preocupação aumenta com a informação que a cepa do Amazonas teria chegado a Curitiba.

A suspeita se deu depois de uma notificação à Prefeitura de Curitiba informando que nove moradores de Manaus (AM), que estão na capital, testaram positivo para a covid-19. Eles teriam ido por conta própria até a capital, sem transferências de hospitais. Todos, no entanto, procuraram pelos serviços de saúde do município.

Coletas respiratórias dos casos positivos dos pacientes de Manaus foram enviados para o laboratório da Fiocruz, no Rio de Janeiro, no final de janeiro. O material ainda está em fase de análise, para sequenciamento genético, exame considerado de alta complexidade.

“O Paraná está atento a esses casos, alertando e orientando os profissionais que atuam na área da saúde, principalmente em relação a informações sobre a procedência do paciente que busca os serviços de saúde. São dados fundamentais e que devem constar na ficha de investigação epidemiológica dos Sistemas de Informação Notifica Covid-19”, informou o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto nesta semana.

Análises

A doutora em Ciências Farmacêuticas, Elisangela Gueiber Montes, professora do curso de Farmácia na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), explicou que a avaliação sobre a presença da variante do vírus em Curitiba requer apoio de laboratórios especializados em genética viral, como é caso da Fiocruz, para visualizar as mutações, os locais onde acontecem e nominar a variante.

“Essas análises demoram alguns dias para serem realizadas e, no momento, são a única forma de se reconhecer tais mutações. Existem também análises sobre a transmissibilidade de cada local e que podem nos ajudar a pressupor se tais variantes circulam em grande quantidade em determinado área”, disse a especialista.

Mutações do SARS-CoV-2 podem ser mais severas e contagiosas

A farmacêutica e bioquímica Elisangela Gueiber disse que as mutações permitem que o coronavírus seja mais contagioso. “As variantes da África do Sul, Rio de Janeiro e Manaus parecem ter uma certa capacidade de ‘enganar’ o nosso sistema imunológico, levando a uma dificuldade de reconhecimento das cepas pelos nossos anticorpos, mesmo em pessoas que já tiveram a doença, levando a desencadear quadros mais severos”, alerta.

De acordo com a professora, estudos mostram que a nova versão do vírus pode levar mais pessoas aos hospitais e elevar o número de mortes. “Informações de médicos da linha de frente em Manaus apontam o que seria uma forma mais agressiva da doença entre seus pacientes, com lesões mais graves nos pulmões. No entanto, ainda não se pode afirmar precisamente que a mutação resulte em uma versão mais grave da doença ou que leve a sintomas diferentes das demais variantes já presentes no Brasil”.

Também há relatos de profissionais de Manaus que a nova cepa pode ter provocado um aumento da incidência da doença de forma mais grave entre os jovens. “Um estudo recentemente publicado na revista Cad Saude Publica aponta que mais de 60% dos casos de óbito por covid-19 em Manaus aconteceram em indivíduos com menos de 60 anos, incluindo crianças e bebês”, observou.

Ponderou que os estudos são epidemiológicos e que ainda precisam ser investigados para que se obtenha comprovação de que realmente existe um índice maior de mortalidade nesta faixa etária ou com maior gravidade da doença.

Variante do coronavírus pode chegar em Ponta Grossa

Caso seja confirmada a circulação da variante do coronavírus em Curitiba, a probabilidade de chegar em Ponta Grossa e em outras cidades do Paraná torna-se ainda mais alta, conforme destaca a farmacêutica e bioquímica Elisangela Gueiber Montes.

“Quando temos uma nova cepa circulando em um local com grande número de pessoas que estejam em diferentes municípios, seja a trabalho ou fazendo turismo, é possível que este indivíduo ao retornar à sua cidade de origem traga com ele esta nova variante”, explica. De acordo com a especialista, os riscos diminuem quando medidas de segurança são tomadas, como o uso correto de máscaras e álcool em gel, e evitando aglomerações e mantendo distanciamento social.

Elisangela destaca que as vacinas são o maior ponto de segurança.“Primeiramente porque as vacinas estão sendo testadas contra estas novas variantes e até o momento têm se mostrado eficazes. Precisamos vacinar o maior número de pessoas possível, e de forma rápida, para diminuirmos a circulação do vírus no ambiente e, desta forma, impedirmos que novas variantes, ainda mais letais e transmissíveis continuem circulando”.

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