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Compac inclui passarela de PG em inventário de tombamento

Proposta é reconhecer valor histórico da estrutura / Foto: Fábio Matavelli

Muita gente passa de carro ou de ônibus, pelo final da Avenida Bispo Dom Geraldo Pellanda, no Centro de Ponta Grossa, sem se dar conta de que ali está uma testemunha de boa parte da história da cidade: a passarela em metal foi construída ainda nos tempos em que a linha férrea ocupava o trecho, muito antes de ali estar o Paraguaizinho, o Parque Ambiental e as ruas de asfalto.

Recentemente, o Conselho Municipal de Patrimônio Cultural se reuniu e deliberou a respeito da inclusão da passarela no inventário de bens imóveis passíveis de tombamento.

Local ainda é usado pela população (Foto: Fábio Matavelli)

Pesquisa

Essa importância ficou clara em Trabalho de Conclusão de Curso da jornalista Camila Zanardini. Em 2019, ela reuniu fotos e produziu reportagens destacando a importância histórica do Hospital 26 Outubro, cujo imóvel é sede da Secretaria Municipal de Assistência Social.

Em seu trabalho, ela demonstrou que, na época em que o trem era principal meio de transporte para longas distâncias, a passarela ligava a Rua da Estação (Fernandes Pinheiro) à via que conduzia ao hospital.

Acesso a mercado

Reportagem publicada pelo Diário dos Campos, também naquele ano, trouxe depoimento do entusiasta das ferrovias, José Francisco Pavelec, lembrando que a estrutura também facilitava o acesso a um mercado ali existente, e estava intimamente ligada às chegadas e partidas da população a partir da estação.

Antes, quem fazia uso da passarela podia ver a maria-fumaça passar sob seus pés. Hoje são os ônibus do transporte público que passam pelo local.

Recordações

A importância da passarela é manifesta por aqueles que recordam seu significado. No grupo de Facebook Ponta Grossa Memória Viva – mantido pelo Diário dos Campos – uma foto da referida estrutura metálica, possivelmente tirada na década de 1970, foi publicada por Carlos Sviatowski e motivou comentários.

“Eu atravessava para ir ao Hospital 26 de Outubro, ou dentista dos ferroviários”, lembrou Liliane Krechinski. “Passei muitas vezes pela passarela só pra atravessar… Andei pelos trilhos, vi a Geraldo Pelanda ser inaugurada… Hoje moro em Minas e tenho muito orgulho da minha PG”, comentou João Ferreira. “Quantas vezes de passar por cima dos trilhos, pular entre vagões do trem, para ir para o Centro. Na época não tinha passarela”, disse Sady Silvestre de Lara.

Imagem da passarela quando o trecho era de ferrovia, publicada no Facebook por Carlos Sviatowski
Passarela fica sobre avenida, em local ocupado pelos trilhos de trem até a década de 1990 (Foto: Fábio Matavelli)

Opinião do Repórter

No final de 2019, escolhi a passarela como ponto estratégico, de onde assisti à queima de fogos que celebrava o Réveillon no Parque Ambiental. Ali, me dei conta… Embora haja um esforço do poder público e parcerias por preservar a história das ferrovias no município, a exemplo do restauro da Estação Saudade e do projeto Rua da Estação, nunca houve interesse em preservar a passarela, cujo desgaste é evidente.

Reuni algumas informações nos meses seguintes e, como cidadão, encaminhei o pedido de tombamento ao Compac, que aparentemente não viu motivos para se opor. Expus alguns dos argumentos em documento enviado à Fundação Municipal de Cultura (FMC), em 14 de janeiro deste ano. A estrutura está inteiramente em área pública, e o momento de preservar é esse.

A esperança é que, a partir daí, a decisão final seja pela preservação. Quem sabe, em um ano ou dois, veremos a passarela recebendo manutenção, tendo a ferrugem retirada, a pintura refeita, e uma placa com QRCode que revele o nome da passarela, seu ano de construção e explique por que a estrutura merece ter sua história contada, após ver a história de tanta gente passando sobre e sob ela mesma.

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