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Covid mata 983 pessoas em um ano em Ponta Grossa

Arquivo DC

Há exatamente um ano Ponta Grossa registrava o primeiro óbito atribuído à covid-19. No dia 9 de junho de 2020 a pandemia já era assunto frequente, causando temor e dúvidas. Havia um decreto com toque de recolher em vigor, da meia-noite às seis horas da manhã. A população já vinha tentando se ajustar às notícias da evolução do contágio desde março e se acostumava ao uso desconfortável da máscara.

Nesse contexto, o motorista Valdevino de Jesus Rocha, morador do Bairro Boa Vista, veio a falecer em hospital da cidade. Aos 68 anos, o câncer na bexiga e problemas pulmonares foram apontados pela Fundação Municipal de Saúde como comorbidades que tornaram Valdevino mais suscetível à forma grave da doença.

Naquele momento, ele era o 80º caso confirmado da doença. Faleceu no 12º dia de internamento, ficando dois dias em leito de UTI. A prefeitura começava naquele momento a fornecer características dos pacientes que iam a óbito. Sexo, idade, comorbidades, tempo de  internamento. Cruzando as informações com dados do Serviço Funerário, o Diário dos Campos procurava fazer um breve perfil das vítimas.

Gradativamente, o número de vítimas foi aumentando. Primeiro em quantidade, depois em velocidade. Em dezembro, três mortes no dia já não era raridade. O município deixou de revelar dados dos pacientes, quando houve o registro da 179ª morte. A partir daí, os óbitos passaram a ser informados apenas sob a forma de números, quase impossíveis de rastrear e humanizar.

Muitas cruzes

No dia 10 de junho de 2020, o DC publicou uma capa inteiramente branca, tendo apenas uma cruz que simbolizava a morte de Valdevino, e lançava o alerta sobre o que parecia estar por vir. Infelizmente, um ano após a primeira morte, o município já registrou quase mil vidas perdidas para o coronavírus, e outras vidas fragilizadas física e mentalmente pela doença ou suas consequências. A capa outrora branca, agora é preenchida por 983 cruzes, que juntas resumem uma dor que é coletiva.

Internamentos

Embora 983 mortes seja número impactante, o efeito maior gravita em torno desse número. O avanço dos contágios provocou a superlotação dos hospitais, que têm as UTIs e enfermarias lotadas. Nessa terça-feira (8) havia 1.167 pessoas com sintomas de covid aguardando a liberação de uma vaga em leito do estado; 639 deles precisando de um leito de UTI. Em Ponta Grossa, o Hospital Universitário está com 100% de lotação desde março deste ano. Instituições hospitalares privadas também limitam suas atividades, beirando sua capacidade máxima. Essa fila de espera impede que a ocupação de leitos diminua.

Infectados

Ponta Grossa já fez 148.057 testes para covid-19 desde o início da pandemia. O dado consta no boletim municipal da doença, que também demonstra a taxa de infectados: 27,9% daqueles  que fizeram o teste tiveram resultado positivo para a doença. Se considerássemos que a maioria fez o teste apenas uma vez, significaria que mais de 40% da população já foi testada. No entanto, muitas pessoas precisaram refazer o teste diante de novo quadro sintomático. De acordo com a FMS, há 682 pacientes aguardando o resultado do exame neste momento. Até o final da tarde de terça-feira (8), eram 41.321 casos confirmados e 25.153 recuperados, segundo a FMS.

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Luto no Paraná

O governador Carlos Massa Ratinho Junior decretou na segunda-feira (7) luto oficial de três dias em todo o Paraná em homenagem às vítimas de covid-19 que faleceram no Estado. Segundo o boletim epidemiológico atualizado da Secretaria da Saúde, o Paraná soma 27.195 óbitos e 1.121.205 casos confirmados desde o início da pandemia. A bandeira do Paraná ficará a meio mastro no Palácio Iguaçu. O Paraná vive uma nova onda de contágio neste mês e o sistema de saúde no Estado está em níveis de alerta, o que impôs, no final de maio, a decretação de medidas mais restritivas de circulação. A cepa amazônica do coronavírus predomina entre os pacientes contaminados e neste mês houve registro da variante indiana.

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Perfis

Com mortes ocorrendo em pessoas cada vez mais jovens, e os óbitos se tornando mais frequentes, algumas histórias de pais de família, empresários proeminentes ou de personalidades conhecidas acabaram ganhando destaque, principalmente por meio das redes sociais. O DC noticiou algumas dessas perdas:

Antonielle e Thiago

Antonielle Weckerlin faleceu em março deste ano, aos 38 anos. Sua morte ocorreu 11 dias depois da morte de seu esposo, Thiago Weckerlin, de 34 anos. Ele era empresário do ramo imobiliário. Eles deixaram quatro filhos com idades de 11, 9, 4 e 1 ano. A irmã de Antoniele, Marielle Polowi, assumiu o cuidado das crianças, ao lado do esposo. “O primeiro mês foi bem difícil, mas as crianças hoje estão bem. Acabam se adaptando melhor do que adulto a situações como essas. Mas acabamos cuidando das quatro, e mais a duas crianças que já tínhamos”, diz Marielle.

Joacy, Joana e Jean

Também em março, faleceram o policial Joacy Roque dos Santos (62 anos) e a cabeleireira Joana Miriam Mar Costa dos Santos (70 anos). A morte deles causou especial comoção porque faleceram no mesmo dia, no mesmo hospital, em intervalo de poucas horas. Ele era natural de Morretes, ela de Teixeira Soares. Em maio, faleceu Jean Marcelo Barbosa, 42 anos. Ele era filho de Joana, e já estava intubado quando a mãe faleceu.

Fernando

O ex-presidente da Fundação Municipal de Cultura, publicitário Fernando Rohlnet Durante, faleceu aos 63 anos em abril deste ano. Conhecido no meio televisivo e radiofônico, e figura bastante popular no município, Durante foi um dos criadores do Festival Universitário da Canção (FUC), que chega a sua 33ª edição neste ano. A morte foi lamentada, especialmente no  setor cultural.

Jeferson

O professor de lutas, Jeferson Elton Miranda – o “Jeferson Boby”, faleceu aos 30 anos de idade, em março. Deixou um filho de sete anos e comoveu amigos e familiares. O rapaz era morador do Bairro Oficinas e atuava na Academia Guerreiros de Aço.

Rulham

Aos 19 anos de idade, Rulham Henrique Ferreira dos Santos faleceu em abril de 2021 em hospital de Ponta Grossa, sendo uma das vítimas mais jovens da covid-19 no município. Com isso, a cidade passou a ter 12 pessoas com idade entre 10 e 29 anos falecendo em decorrência da doença.

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