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Recursos do Governo Federal para socorro a micro e pequenas empresas esgotam em menos de um mês

Muita demanda para pouco dinheiro disponível. Esse é o cenário do mercado de crédito no Brasil, que ficou ainda mais evidente desde o início da pandemia da Covid-19 em março.

Especialmente micro e pequenos empreendedores, com menos reservas e queda no faturamento, precisaram recorrer aos bancos para manter suas empresas ativas.

No setor industrial não é diferente. O último levantamento do Ministério da Economia confirma que a crise acelerou as demissões no Paraná. De janeiro a maio, a indústria de transformação acumula saldo de -8.333 vagas. Setores como vestuário, moveleiro e automotivo são o que registram as maiores reduções de postos de trabalho.

Para ajudar a conter as perdas da pandemia e socorrer as empresas, o Governo Federal anunciou novas linhas de crédito. Entre elas, o Programa de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) em 16 de junho. Mas os recursos já estão praticamente esgotados.

De acordo com o especialista em crédito da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), João Baptista Guimarães, neste momento há uma necessidade maior de crédito para capital de giro.

"As empresas precisam de fôlego financeiro para sobreviver até que a situação no Brasil se normalize. Muitos pedidos são para pagamento de salários e de despesas básicas", informa.

Além de Caixa e Banco do Brasil, que já haviam anunciado que os empréstimos do Pronampe haviam acabado na semana passada, o Itaú também informou ontem que já utilizou todo o limite destinado ao socorro de pequenos negócios.

Do total de R$ 15,9 bilhões liberados pelo Governo Federal, cerca de R$ 13 bilhões, ou 82%, foram geridos por Caixa, Banco do Brasil e Itaú. O restante foi destinado a outras instituições financeiras que já estão anunciando o fim dos recursos.

Segundo dados do Banco do Brasil, gestor do fundo, até ontem (15/7), cerca de 168 mil e 500 empresas do país haviam concretizado os empréstimos do Pronampe, contratando o equivalente a R$ 14,3 bilhões. No Paraná, foram 14 mil e 500 beneficiadas, num total de R$ 1,23 bilhão emprestado.

O Paraná foi o terceiro estado do pais que mais tomou dinheiro pelo programa, superado apenas por São Paulo (43 mil e R$ 3,95 bilhões) e Minas Gerais (21 mil e R$1,77 bilhão), respectivamente.

Além da necessidade urgente em função da crise, a grande procura se justifica em virtude de taxas mais atrativas e melhores condições de pagamento em relação ao praticado no mercado.

A linha de crédito do Pronampe tem a taxa de juros anual equivalente à Selic mais 1,25% ao ano, aproximadamente 0,30% ao mês. O prazo de pagamento é de até três anos (36 meses) e há um período de carência de oito meses para início do pagamento do financiamento.

"O que ficou claro em função da velocidade com que os recursos se esgotaram nos bancos é que há uma grande demanda por crédito em boas condições como essa. Agora a expectativa é de que, diante dessa situação, o Governo libere novos recursos para este contingente que não foi atendido", avalia. "Também é importante lembrar que as micro e pequenas empresas que solicitarem essa linha de crédito precisam manter o atual quadro de funcionários por até 60 dias após receberem a parcela do financiamento", reforça.

Para os micro e pequenos empreendedores que ainda não conseguiram acesso ao crédito do programa neste primeiro momento, o especialista recomenda. "É importante estar atento, com toda a documentação contábil da empresa em ordem, e acompanhar as notícias. Há uma expectativa de que nos próximos dias o Governo Federal deve liberar mais recursos para o Pronampe", avisa.

Em tempo

No Brasil, de acordo com dados do Sebrae, existem 6,4 milhões de estabelecimentos, sendo que 99% são micro e pequenas empresas, respondendo por 52% dos empregos formais no país.

O Paraná tem aproximadamente 1,5 milhão de empresas, sendo 1,35 milhão de micro e pequenas empresas, conforme dados do Sebrae/PR. E o último levantamento da Fiep dá conta de que o estado possui 50 mil indústrias de 37 segmentos, que geram 763 mil empregos no estado, sendo 95% de micro e pequeno porte. Até o momento, apenas 1% do total de micro e pequenas empresas do estado teve acesso aos recursos do Pronampe.

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