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Prolar planeja expandir serviços para outras cidades da região

 

Peterson Strack
“Independente de quem estiver à frente da Prolar nos próximos quatro anos, esse planejamento pode ser bem concluído”

 

Dino Schrutt foi um dos nomes que permaneceu firme durante os quatro anos da primeira gestão do prefeito Marcelo Rangel. Nesse período, conduziu diversas mudanças na Companhia de Habitação de Ponta Grossa (Prolar), que, segundo informa, atingiu a média de 2 mil unidades habitacionais a cada ano. Com a reeleição de Rangel, existe a perspectiva de que Schrutt permaneça no cargo. Mas ele garante que o planejamento desenvolvido até agora permite que o órgão trabalhe bem, independente de que seja o presidente a partir do próximo ano. Confira a entrevista exclusiva concedida ao DC:

 

O que foi feito para reduzir a fila da Prolar nos últimos anos?

Quando nós entramos, em 2013, tinha muita confusão de pessoas com cadastro feito há muito tempo, que não tinham sido chamados, e que criticavam quem era chamado muito rapidamente. A nossa primeira medida foi fazer o recadastramento, sendo que a última atualização tinha sido em 2004. Ou seja, praticamente 10 anos sem atualizar as demandas. As inscrições abriam e se encerravam sem regras. Depois do recadastramento, ficou claro que tinha um gargalo de famílias com renda entre R$ 1.500 e R$ 2 mil, porque a Prolar, basicamente, trabalhava em parceria com o Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), e a renda bruta mensal limite era de R$ 1.600. As pessoas evoluíam no salário e ultrapassavam esse limite, e a Prolar não tinha produto para atender a esse público. Identificamos que precisaria ter algo para essas pessoas, e começamos a verificar que pessoas que somavam salário e benefícios do INSS, às vezes, ficavam de fora da faixa de renda, e não podiam financiar nada. Precisamos trabalhar oportunidades para essas famílias, e não havia projeto de loteamento urbanizado e regularização fundiária.

 

Era muita coisa para ser feita. Além do recadastramento, como deram seguimento a essas mudanças?

Planejamos, de 2013 para 2014, estruturar a demanda e ver quais eram os perfis de público. Havia 12 mil famílias com renda bruta mensal de até R$ 1.600 e outras oito a nove mil famílias com renda acima de R$ 1.601. Com essas informações, implantamos um novo portal da Prolar, um site no qual iniciamos o processo de transparência dessas demandas. O primeiro passo foi publicar a lista para que cada um pudesse ver em que fase estava sua inscrição. Depois, tínhamos que desenvolver um mecanismo que informasse o tempo médio de atendimento dessas famílias. No entanto, para isso era preciso ter uma perspectiva de contratação, que coincidiu com o período de retração do Governo Federal, com corte de contratações. Então, focamos em reestruturar o portal para que os servidores pudessem trabalhar administrativamente com o que tínhamos de produto.

Foram números expressivos em quatro anos. Como se deram as contratações?

Acabamos contratando uma média de duas mil unidades a cada ano, entre contratações e convênios de regularização de lotes de moradias. Ultrapassamos as 7.500 famílias atendidas em quatro anos. Estamos falando de todas as oportunidades de moradias geradas. No MCMV, tivemos a Faixa 1 (até R$ 1.600 mensais) e Faixa 2 (de R$ 1.601 a R$ 3.275). Também retomamos os lotes sociais, que foram, em média, 250 a cada ano, e repassamos a outras famílias.

 

Qual é a média de moradias irregularmente comercializadas após a contratação, depredadas ou abandonadas?

Nós vemos no País cidades com duas mil unidades paradas. Com 100 unidades paradas nós tivemos uma depreciação imensa, imagine empreendimentos com duas mil unidades paradas. A média nacional do MCMV é de 20% das casas com problema de venda, locação, cessão ou abandono. Em Ponta Grossa temos algo em torno de 7% a 10%. Então, ainda estamos abaixo da média nacional. A solução para esses problema é implantar uma Ouvidoria da Habitação, algo que faremos na Prolar já no primeiro bimestre de 2017. Temos o histórico de todas as famílias, e já criamos um mapa com banco de dados de áreas de risco, que servirá para reduzir os pontos de favelização, que já diminuíram bastante. Em 2009, Ponta Grossa estava entre as 10 cidades do Sul do País com maior número de pontos de favela. Hoje não estamos nem entre as 100 do Estado.

 

Como ocorre a fiscalização?

É importante frisar que a Prolar tem projetos próprios como o Jardim Cerejeiras. Nesse caso, se uma casa é vendida irregularmente, a Prolar em 30 dias consegue fiscalizar, retomar o imóvel e entregar para outra família. No caso do Programa MCMV, a instituição com legitimidade para isso é a Caixa Econômica Federal. A Prolar apenas auxilia na  fiscalização e no processo de retomada. Aí é preciso aguardar a Caixa acionar judicialmente e retomar o imóvel para disponibilizar à Prolar. Aconteceu um caso no Boreal de retomada que levou oito meses, com imóvel depredado foi preciso acionar seguro e, só depois de reformada, pudemos entregar a moradia. às vezes ficamos reféns desse trâmite.

 

Além da Ouvidoria, qual será outra meta para os próximos anos?

Por mais que a gente consiga estabelecer um volume grande de contratações, Ponta Grossa é uma cidade polo, e o correto é não pensar nela municipalmente, e sim regionalmente. Toda vez que desafoga a estrutura do município, auxiliar os municípios menores em volta enriquece a região. Hoje a Prolar está fazendo trabalho junto a esses outros municípios. Fizemos uma capacitação no início de 2016 para que outros 23 municípios trabalhem a habitação como nós. Eles muitas vezes não têm uma secretaria para isso, mas identificamos em média 600 pessoas por mês, de outras cidades, se inscrevendo na Prolar. Esse é um volume alto, que inclui Carambeí, Castro, Arapoti, Wenceslau Braz, Reserva, Ivaí,Imbituva. Muitas cidades têm relação forte com Ponta Grossa e que precisa ser estimulada. Esse vai ser o foco nos próximos quatro anos, fortalecendo o trabalho da própria Cohapar, que também tem uma regional aqui.

 

Existe uma grande possibilidade que você continue no cargo de diretor presidente da Prolar. Acha que isso seria fundamental para o bom andamento das ações em habitação?

Nós já temos planejamento para as ações da Prolar em 2017, mesmo porque habitação não é uma coisa que se faz do dia pra noite. São projetos que são gradativamente elaborados e planejados, e ao longo do desenvolvimento, são planejados novamente. Tudo isso é uma política de longo prazo, então não tem como colocar um [novo] presidente na Companhia de Habitação e não executar pelo menos o que foi planejado nos últimos oito ou dez meses. Eu acredito que, quando você faz um trabalho planejado, quem executa tem que ter boa vontade. E nosso planejamento iniciou em 2013 para quatro anos, e foi se concluindo para uma renovação com a reeleição do prefeito. Independente de quem estiver à frente da Prolar nos próximos quatro anos, esse planejamento pode ser bem concluído. A ferramenta de execução é de um grupo.

 

Quais as perspectivas para 2017, dentro desse planejamento?

Temos o Jardim Boreal 2 e o Ouro Verde 2, que são loteamentos sobre o quais já estamos trabalhando as demandas. processo. O primeiro com mais de 200 famílias que serão atendidas, já no primeiro semestre de 2017, fruto de um processo iniciado no segundo semestre deste ano. Também estamos finalizando os contratos para 300 unidades do Campos Belo, 180 do Montevidéu e 150 do Rio de Janeiro. No total, são praticamente mil unidades na Faixa 1,5 já autorizadas e conveniadas para primeiro semestre de 2017, basta concluirmos as demandas. Além dessas mil unidades na Faixa 1,5, para 2017 também temos perspectiva de aproximadamente mil unidades na Faixa 2.

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