Os países universalizam o acesso à internet como forma de se beneficiar do mundo digital, mas precisam também capacitar os cidadãos a fim de compreender os riscos que o mundo online apresenta, como manipulação de informações e perda de privacidade. Quem avalia é o especialista em inteligência artificial brasileiro, Edson Prestes, integrante do Painel de Alto Nível da ONU sobre Cooperação Digital.
No primeiro relatório, o Painel propõe o acesso universal e acessível à internet como sendo meta, devendo ser cumprida pelos Estados-membros da ONU no prazo que vai até ao ano de 2030, além de pedir que as tecnologias sejam averiguadas de forma inclusiva, com objetivo de beneficiar minorias que, tradicionalmente, são marginalizadas na sociedade.
67% da população brasileira tem acesso à internet
A quantidade de indivíduos conectados à internet tem diferença gritante quando se trata dos países ricos, em desenvolvimento e menos desenvolvidos, com o percentual de 80% da população dos países ricos conectada enquanto nos países mais pobres a conexão só é acessível para 19% da população.
No Brasil, estimou-se em 2017 que 120 milhões de cidadãos tem acesso à internet, representando 67% da população, em que 49% somente utilizava por meio do celular.
Para Edson Prestes, não basta apenas o acesso à internet. Por meio da tecnologia digital, pode-se difundir habilidades, gerando oportunidades de negócio, além de inclusão econômica, fenômeno que já está acontecendo em países como Índia e China.
Uma pesquisa realizada na Índia estima que a tecnologia e o mundo digital podem criar até 65 milhões de novos empregos no país até 2025.
Capacitação profissional é fundamental
Prestes ainda argumenta que, para o mercado de trabalho estar cada vez mais imerso nas tecnologias digitais, é necessário capacitar os profissionais para ter a habilidade de adaptação e reflexão crítica com diferentes contextos produtivos. Além de ter capacitação tecnológica, o profissional deve ter um viés humanista, desenvolver-se criativamente e adquirir capacidade de relacionamento interpessoal.
Essa preparação humanista permite aos cidadãos conectados a enxergar os riscos do mundo online com maior clareza. Além de saber como usar as tecnologias, ele pode saber seus dados estão sendo expostos, ou se está sendo manipulado de alguma forma.
O Painel sobre Cooperação Digital tem como uma das preocupações também os algoritmos atualmente utilizados, que induzem o indivíduo a escolher determinados produtos ou serviços, além de ficarem mais tempo conectados. Edson Prestes alerta que, se os algoritmos "manipulam" o usuário a escolher um produto, pode manipular também a escolher tal político ou votar em tal partido.
Principais perigos que a internet pode trazer
Além dos perigos alertados por Edson Prestes, a internet pode trazer alguns perigos consigo, se o usuário não estiver prevenido. Alguns são:
1. Cyberbullying
O terror dos pais que permitem que seus filhos usem a internet. O mundo digital pode ser o palco de pessoas más intencionadas que podem constranger ou assediar as crianças e adolescentes. Alertá-los desses perigos é o primeiro passo para os proteger, além de incentivá-los a ser transparentes caso algo assim aconteça.
2. Vírus e malwares
Os vírus são arquivos infectados que podem danificar a máquina ou causar uma brecha de segurança para que invasores entrem em seu dispositivo. Podem infectar o computador ou celular por meio de downloads, cliques em links suspeitos ou dispositivos infectados.
3. Roubo de dados
Um dos perigos que a internet oferece é o roubo de dados. Hackers e invasores utilizam do descuido de usuários para roubar dados pessoais e bancários. Senhas fracas ou sempre utilizar a mesma senha em todas as contas pode ser uma brecha de segurança para que hackers roubem seus dados. Vírus e malwares também podem contribuir para esse fim.
4. Espionagem
Invasores podem conseguir hackear a webcam ou o microfone de seu computador para visualizar e ouvir o que acontece em sua volta, para conseguir dados pessoais ou corporativos, em casos de computadores localizados nas empresas.
A VPN na busca para uma navegação segura
A maior parte dos perigos pode ocorrer ao se conectar em redes públicas de internet ou não proteger seu dispositivo. As redes privadas virtuais (VPNs) podem ser uma aliada para manter a segurança ao navegar na internet, não importa a rede em que esteja conectado.
As redes privadas virtuais ganharam adeptos, principalmente nas empresas, por permitir que os funcionários se conectem na rede da empresa mesmo sem estarem no escritório. Sejam trabalhando de casa ou em viagens, o uso da VPN permite o acesso seguro da rede e dos sistemas da empresa.
Além disso, vem ganhando adeptos fora das empresas por oferecer uma navegação segura, não importa a rede onde esteja conectado. As VPNs possuem uma forma de "camuflar" o endereço de IP dos dispositivos, oferecendo uma camada extra de segurança, além de oferecer comunicação criptografada, o que impossibilita, mesmo se um hacker consiga invadir, não conseguirá interpretar os dados criptografados.
Utilizar uma VPN te protege dos riscos de ter seus dados roubados, ou seu dispositivo hackeado, para que você possa aproveitar os benefícios da internet e do mundo digital.